Autor/Fonte: http://www.corazones.org
Tradução: Carlos Martins Nabeto
Este é um tema que deve ser bem compreendido para não se cair no erro de imaginar que Deus tenha deixado de existir ou tenha sido reduzido pela morte.
Não devemos nos esquecer jamais que em Jesus há duas naturezas: Ele é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem:
Deus:
– É adorado (cf. Mateus 2,2; 2,11; 14,33; 28,9; Atos 7,59; 1Coríntios 1,1-2);
– Chamado “Deus” (cf. João 20,28; Hebreus 1,8);
– Chamado “Filho de Deus” (cf. Marcos 1,1);
– No cometeu pecado algum (cf. 1Pedro 2,22; Hebreus 4,15);
– Sabia todas as coisas (cf. João 21,17);
– Dá a vida eterna (cf. João 20,28);
– Nele habita a plenitude de Deus (cf. Colossences 2,9).
Homem:
– Adorou o Pai (cf. João 17);
– Orou ao Pai (cf. João 17,1);
– Chamado “homem” (cf. Marcos 15,39; João 19,5);
– Chamado “Filho do Homem” (cf. João 9,35-37);
– Foi tentado (cf. Mateus 4,1);
– Crescem en sabedoria (cf. Lucas 2,52);
– Morreu (cf. Romanos 5,8);
– Possui corpo de carne e ossos (cf. Lucas 24,39).
Se reconhecemos que Jesus morreu na Cruz e que Ele é Deus, podemos dizer que Deus morreu na Cruz? Sim, é correto dizer que Deus morreu na Cruz, mas deve-se entender bem para não cair no erro de imaginar que Deus deixou de existir ou foi reduzido [pela morte].
A Igreja ensina que “a natureza humana de Cristo pertence ‘in proprio’ à pessoa divina do Filho de Deus que a assumiu. Tudo o que Cristo é e o que faz nela depende do ‘um da Trindade'”, como aponta o Catecismo:
“Uma vez que na união misteriosa da Encarnação ‘a natureza humana foi assumida, não aniquilada’, a Igreja tem sido levada, ao longo dos séculos, a confessar a plena realidade da alma humana, com suas operações de inteligência e vontade, e a do corpo humano de Cristo. Mas, paralelamente, teve de lembrar toda vez que a natureza humana de Cristo pertence ‘in proprio’ à pessoa divina do Filho de Deus que a assumiu. Tudo o que Cristo é e o que faz nela depende do ‘Um da Trindade’. Por conseguinte, o Filho de Deus comunica à sua humanidade seu próprio modo de existir pessoal na Trindade. Assim, em sua alma como em seu corpo, Cristo exprime humanamente os modos divinos de agir da Trindade: ‘[O Filho de Deus] trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com vontade humana, amou com coração humano. Nascido da Virgem Maria, tomou-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado'” (Catecismo da Igreja Católica §470).
A 2ª Pessoa da Trindade assumiu a natureza humana de modo que tudo o que ocorre a Jesus (nasceer, sofrer, morrer etc.) se atribui à sua Pessoa que é divina. Há uma verdadeira união. Assim ensina o Catecismo: “Tudo deve ser atribuído à sua pessoa divina como ao seu sujeito próprio; não somente os milagres, mas também os sofrimentos, e até a morte”:
“Depois do Concílio de Calcedônia, alguns fizeram da natureza humana de Cristo uma espécie de sujeito pessoal. Contra eles, o V Concílio Ecumênico, em Constantinopla, em 553, confessou a propósito de Cristo: ‘Não há senão uma única hipóstase [ou pessoa], que é Nosso Senhor Jesus Cristo, Um da Trindade’. Na humanidade de Cristo, portanto, tudo deve ser atribuído à sua pessoa divina como ao seu sujeito próprio; não somente os milagres, mas também os sofrimentos, e até a morte: ‘Aquele que foi crucificado na carne, nosso Senhor Jesus Cristo, é verdadeiro Deus, Senhor da glória e Um da Santíssima Trindade'” (Catecismo da Igreja Católica §468).
Talvez seja mais simples compreender através de um exemplo: Jesus nasceu de Maria, logo Deus nasceu de Maria e, por isso, ela é ‘Mãe de Deus’. Sabemos que Deus existe eternamente e não começou a existir há cerca de 2000 anos atrás, porém foi homem a cerca de 2000 anos.
Do mesmo modo, a Igreja ensina que Jesus morreu na Cruz; e como a pessoa de Jesus é divina, Deus morreu na Cruz, sem que isto implique que Deus tenha deixado de existir, uma vez que sabemos que Deus não tem princípio nem fim. A natureza divina de Jesus não morreu na Cruz, mas sua natureza humana sim.
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