LEITURA
ORANTE
Preparamo-nos para a Leitura,
rezando
com todos os internautas,
ao
Espírito:
Espírito de verdade,
a
ti consagro a mente e meus pensamentos:
ilumina-me.
Que
eu conheça Jesus Mestre
e
compreenda o seu Evangelho.
Na
época de Jesus, no mundo judaico, a sociedade vivia numa hierarquia em que
primeiro estavam os filhos de Israel, os herdeiros da promessa, da bênção e da
atenção de Deus. Deste modo quem não pertencia a este povo deveria esperar que
primeiro os filhos de Israel recebessem sua atenção, e muitas vezes nem eram
considerados dignos das graças de Deus.
A
mulher sírio-fenícia, ouve falar que Jesus estava naquela região. Ela acredita
que Jesus é quem tem o poder de libertar sua filha do demônio que a
atormentava. Cheia de coragem a mulher entra na casa onde Jesus estava e
em atitude de humildade, reverência e súplica, atira-se aos pés dele. Ela pedia
insistentemente que expelisse o demônio que atormentava sua filha. A
resposta de Jesus à mulher, a princípio nos intriga, quando lhe diz: “Deixa
primeiro que os filhos se saciem; pois não fica bem tirar o pão dos filhos e
jogá-lo aos cachorrinhos” (Mc 7,27).
Sob
inspiração de Deus, responde com firmeza a Jesus: “Senhor, também os
cachorrinhos, debaixo da mesa comem as migalhas que os filhos deixam cair” (Mc
7,28). Esta resposta faz com que a vontade de Deus seja entendida, por Jesus e
posteriormente pelas comunidades cristãs, que a ação de Deus já não é
mais destinada como primazia para os que se consideram como filhos, mas que
todos igualmente são convidados e dignos de partilhar o mesmo pão e das graças
de Deus, na mesma hora e juntos na mesma mesa.
A
fala e luta da sírio-fenícia é de quem sofre todas as discriminações da época:
por ser mulher e estrangeira. No seu argumento ela diz a Jesus que muitas vezes
os filhos não sabem dar valor ao pão que lhes é oferecido e que o desperdiçam,
e, mesmo sendo em migalhas, em pequeninas porções desperdiçadas, os excluídos,
os famintos do pão e da graça de Deus, fazem com elas um banquete. Para eles as
migalhas são muito bem aproveitadas e por isso está na hora de serem convidados
também a participar da mesa do banquete das graças de Deus.
É
o Espírito da Verdade que faz a mulher sírio-fenícia compreender que esta
situação de discriminação, não é a vontade de Deus, pois os filhos de Israel
também assim foram tratados, quando no Egito estavam sendo excluídos e
oprimidos. Ela em sua argumentação pela recuperação de sua filha, quer dizer
que todos os seres humanos foram criados a imagem e semelhança de Deus (Gn
1,27) e que segundo Paulo, em Cristo todos são um (Gl 3,28), portanto todos são
filhos e dignos de estarem juntos à mesma mesa.
"No
clima cultural relativista que nos circunda, onde é aceita só uma religião
natural, faz-se sempre mais importante e urgente estabelecer e fazer amadurecer
em todo o corpo eclesial a certeza de que Cristo, o Deus de rosto humano, é
nosso verdadeiro e único salvador." (DAp 22).
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