sábado, 13 de junho de 2020

Proibidos de casar ou castos por opção?

Um dos argumentos protestantes mais usados contra o celibato é que ele seria algo imposto, que os sacerdotes, religiosas etc., seriam proibidos de se casar e – portanto, alegam – o celibato seria antibíblico. Num fórum de discussão, um protestante alegou: “Paulo não era casado, por opção dele …e não porque era proibido. no catolicismo è proibido”

Será isso verdade? Ou isso não passaria de mais um sofisma protestante? Por acaso o protestante supracitado sabe o que vem a ser o celibato evangélico, como proposto por S. Paulo e por Cristo? Parece que não. Inclusive, se soubesse, saberia que nos ritos orientais os sacerdotes podem ser ordenados se forem casados. Se acaso não se ordenam casados, serão celibatários dali em diante. Afinal, Nosso Senhor pede que a todos quantos o forem seguir que nada podemos amar mais que Ele, seja pai, mãe ou esposa/marido (Mateus 10, 37-38).

O primeiro a propor o celibato, veja que coisa, foi Jesus! Sim, é isso mesmo: foi Cristo quem propôs pela primeira vez o celibato. Veja as palavras de N. Senhor:
“Respondeu ele: Nem todos são capazes de compreender o sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi dado. Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda” (Mateus 19,11-12).

Então, Jesus fala aí que muitos se fazem eunucos por amor ao Reino dos Céus. Uma coisa importante: o texto fala em 3 tipos de eunucos. O primeiro seria os que “são desde o ventre” de suas mães, são pessoas que nascem com alguma disfunção que lhes tolhe a função sexual. O segundo tipo falado por Cristo são os que foram tornados eunucos “pela mão dos homens”, ou seja, eram pessoas castradas, que eram feitas assim para vigiar haréns, fazer tarefas domésticas ou servir como espiões e por fim há os que são descritos por Cristo, como pessoas que a “si mesmo se fizeram eunucos”, por amor ao Reino. O que isso significa?

Quando Cristo fala de “se fazerem eunucos pelo Reino”, Ele evoca o celibato, pois embora eles não sejam fisicamente eunucos, eles abrem mão do prazer sexual e – consequentemente – do casamento, já que o sexo fora do casamento não é permitido na moral cristã. Se fazer eunuco – portanto – é a mesma coisa que falar de celibato: renunciar ao casamento e ao sexo, por consequência.

Depois, São Paulo fala a mesma coisa com outras palavras, veja:
“Pois quereria que todos fossem como eu; mas cada um tem de Deus um dom particular: uns este, outros aquele. Aos solteiros e às viúvas, digo que lhes é bom se permanecerem assim, como eu. Mas, se não podem guardar a continência, casem-se. É melhor casar do que abrasar-se” (1Coríntios 7,7-9).

Ele começa o capítulo 7 falando de como os casados devem proceder (versículos 2 a 6) e aí emenda algo que ele tinha só feito menção no início do capítulo:
“Agora, a respeito das coisas que me escrevestes. Penso que seria bom ao homem não tocar mulher alguma” (1Coríntios 7,1).

Ele fez menção breve, como você vê, no começo do capítulo e foi para como os casados devem proceder. Aí ele fala que gostaria que todos fossem como ele (Paulo era celibatário), mas ele reconhece ser um dom de Deus tanto um – o celibato – como o outro (casamento). Ao falar dos solteiros e das viúvas, ele os encoraja fortemente a viverem a castidade e a manterem-se celibatários: ” Aos solteiros… é bom se permanecerem assim”. E ainda fala que ele também o faz (“como eu”). Mas, logo ele adverte, que se não conseguir guardar a continência sexual, que se case, pois é “melhor casar que abrasar-se”, segundo o próprio S. Paulo.

São Paulo ainda explica o motivo de ele recomendar expressa e vivamente o celibato:
““Quisera ver-vos livres de toda preocupação. O solteiro cuida das coisas que são do Senhor, de como agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar à sua esposa. A mesma diferença existe com a mulher solteira ou a virgem. Aquela que não é casada cuida das coisas do Senhor, para ser santa no corpo e no espírito; mas a casada cuida das coisas do mundo, procurando agradar ao marido”” (1Coríntíos 7,32-34).

Então, aí está o motivo pelo qual S. Paulo recomendava vivamente o celibato: o solteiro, o celibatário e a virgem estão livres para dedicar-se de modo integral ao Reino de Deus enquanto os casados tem outras preocupações: o marido ou a mulher, filhos, etc. E é por esse mesmo motivo que a Igreja pede que os sacerdotes, religiosos e religiosas sejam celibatários: para serem livres para servirem a Deus. Afinal, eles não terão outra preocupação além do Reino. E quando se abraça a vida sacerdotal ou religiosa, supõe-se que a pessoa em questão o faz para servir a Deus, dedicar-se ao Seu serviço. Nada mais coerente, então, que essa pessoa abdique de coisas santas e lícitas (o casamento, p.ex.) para que ela possa ter dedicação total ao seu chamado.

Veja, então, que isso é – ao contrário do que muitos pensam – um dom de Deus. Não é para todos, claro, o próprio S. Paulo o reconhece. E não é – como o protestante citado afirma – uma imposição, antes a vocação sacerdotal ou religiosa é uma opção e uma opção consciente. Aliás, a bem da verdade, não só a vida sacerdotal e religiosa são celibatárias, mas muitos leigos o são celibatários por opção também. Desfazendo, assim, a suposta oposição entre o que diz S. Paulo e o que a Igreja faz. Na verdade, como vimos, a Igreja nada mais faz do que obedecer a São Paulo. Mas a bem da verdade as pessoas que são contrárias ao celibato deveriam ter esses fatores acima citados em mente. Ou correm o sério risco de faltar com a verdade dos fatos.

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