segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Medicina e Espiritualidade: Caminho para evolução.




Medicina e Espiritualidade: Caminho para evolução.
Bárbara Ferreira


Toda pessoa é espiritual, enquanto dotada de espírito. A espiritualidade
não implica necessariamente na fé em uma divindade específica. A palavra espírito
não se refere especificamente à divindade, mas à capacidade de autoconsciência,
de fazer uma reflexão sobre si mesmo. O ser humano é um ser intrinsecamente
espiritual, pois demonstra esta capacidade de refletir e autotranscender-se
(Goldim, 2017).¹



A Medicina ao longo dos séculos, passou de um vínculo completo com preceitos religiosos para uma ciência independente, com o desenvolvimento tecnológico acelerado, a visão microscópica da doença e a análise bioquímica dos fenômenos, promovendo no campo da saúde uma reinterpretação dos mecanismos fisiopatológicos.

Apesar do desenvolvimento científico, manteve-se um vínculo entre a cura do corpo e a condição de crença do paciente em um campo sobrenatural, onde mediante a sua fé ou a intercessão de orações e cultos poderia trazer o paciente a encontrar a saúde, principalmente quando esgotados todos os recursos conhecidos. Em 1910, Sr. William Osler, ao publicar o artigo "The faith that heals" no British Medical Journal, já advertia a necessidade de o clínico estar atento a esta "força poderosa" presente nos pacientes.²

Atualmente, tenta-se retomar o entendimento holístico do paciente, como já sinalizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ao definir saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afeições e enfermidades".

Hoje Congressos médicos discutem muito mais a importância da espiritualidade, crença em algo maior, e já concluem que há forte vínculo em um melhor prognóstico. A maioria das escolas médicas norte-americanas possuem em sua matriz curricular a disciplina "Religiosidade e espiritualidade para médicos" ("Os estudantes devem ser advertidos que espiritualidade e crenças culturais e suas práticas, são elementos importantes para a saúde e o bem-estar de muitos pacientes. Eles deverão ser advertidos que é necessário incorporar esta espiritualidade, e crenças culturais e suas práticas, dentro dos cuidados dos pacientes numa variedade de contextos clínicos. Eles reconhecerão que sua própria espiritualidade, crenças e práticas, possivelmente afetarão os caminhos de relacionamento e cuidados com os pacientes").

Em 2007, na Universidade Federal de São Paulo, foi criada a disciplina eletiva "Espiritualidade e Medicina", com o objetivo de levar a uma reflexão que favoreça, ao término do curso, o estudante perceber a importância da Espiritualidade como fator de influência no acompanhamento do paciente no processo saúde-doença e sua participação como instrumento de humanização no atendimento. O número de trabalhos científicos relacionados à saúde e religião triplicou nos últimos 10 anos em relação aos trabalhos existentes até o ano 2000, já existindo grupos médicos que promovem reuniões mensais para a compreensão e respeito mais direcionados às solicitaçõwes do paciente frente ao processo patológico; e até a consolidação da Associação Médico Espírita (AME), pois cada vez mais médicos despertam para o chamado do "olhar clínico" além físico.

Em contrapartida, o número de patologias associadas ao desequilíbrio psicológico ampliam sua prevalência em nossa sociedade; somos postos à prova diariamente em um mundo que requer pressa, em que a competição é acirrada e a rotina exaustiva; manter-se em equilíbrio é uma batalha diária, como cita o Evangelho Segundo o Espiritismo: "Amai, pois, a vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma; desconhecer as necessidades que são indicadas pela própria natureza, é desconhecer a lei de Deus".³

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