quinta-feira, 15 de junho de 2017

FRANCISCO E JACINTA



14-06-2017





SANTOS FRANCISCO E JACINTA DE FÁTIMA

Os pastorinhos, pequenos na idade e gigantes na santidade, são os mais jovens santos não mártires canonizados pela Igreja
Paulo Roberto Campos


Coincidindo com a celebração do 100º aniversário da primeira aparição da Santíssima Virgem aos três pastorinhos de Fátima, dois deles — Jacinta (falecida em odor de santidade aos 10 anos incompletos) e Francisco (aos 11 anos, também incompletos) — foram canonizados pelo Papa Francisco no dia 13 de maio último. Eles são considerados as crianças não mártires da mais tenra idade elevadas à honra dos altares. Fato inédito em toda a História da Igreja!
A grande cerimônia de canonização transcorreu na Cova da Iria, no mesmo lugar onde Nossa Senhora apareceu em 1917. Neste centenário, aproximadamente 500 mil peregrinos acorreram àquele local sagrado para rezar, agradecer as graças recebidas, suplicar por novas graças, e também para assistir à canonização de Jacinta e Francisco, que, juntamente com Lúcia, foram os confidentes da Santa Mãe de Deus nas aparições ocorridas de maio a outubro daquele ano.1
Assim, nesse último dia 13 de maio realizou-se uma das grandes expectativas da Irmã Lúcia, ao escrever sobre “a mais íntima amiga da sua infância”, daquela que “deve, em parte, ter conservado a inocência”. Ela afirmou: “Tenho esperança de que o Senhor, para glória da Santíssima Virgem, lhe concederá [à Jacinta, mas vale também para o Francisco] a auréola da santidade. Ela era criança só nos anos. No demais sabia já praticar a virtude e mostrar a Deus e à Santíssima Virgem o seu amor, pela prática do sacrifício... É admirável como ela compreendeu o espírito de oração e sacrifício, que a Santíssima Virgem nos recomendou... Por estes e outros [fatos] sem conta, conservo dela grande estima de santidade”.2

Ainda pequeninos, elevaram-se aos cumes da santidade
Creio que se pode sem receio afirmar que Jacinta e Francisco são as crianças mais famosas do mundo. O que nos faz lembrar a frase lapidar de Victor Hugo, de que “só há uma fama verdadeiramente imortal: é a dos santos da Santa Igreja Católica”.
Como poderiam esses pequeninos praticar grandes virtudes a ponto de serem elevados à honra dos altares? Como se sabe, para que uma pessoa seja declarada santa, há um processo — no passado, ainda muito mais rigoroso do que o é hoje em dia —, no qual se estuda minuciosamente toda a sua vida, a fim de certificar-se, sem qualquer sombra de dúvida, de que ela praticou em grau heroico as virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade) e as virtudes cardeais (Prudência, Justiça, Temperança e Fortaleza).
No dia 13 de maio de 1999, após esse processo, ambos os videntes foram reconhecidos pela Santa Sé como tendo praticado heroicamente tais virtudes, permitindo a sua veneração privada como santos. Para que essa veneração se tornasse pública, faziam-se necessárias a beatificação e a comprovação científica de um milagre.
O Postulador das Causas de Beatificação de Jacinta e Francisco, Padre Luis Kondor, SVD, garantiu: “Durante seis meses de estudo dos relatórios [do processo de beatificação de Francisco e Jacinta], dezoito peritos da matéria debruçaram-se sobre a vida dos dois pequeninos e, com grande admiração pelas suas virtudes, deram o seu voto positivo, por escrito, à Congregação para a Causa dos Santos [...]. Termino repetindo a profecia de São Pio X: ‘Haverá santos entre as crianças!’. Acrescentando: ‘Haverá sim, haverá em breve!’”.3

Francisco: contemplativo e eremita-orante        
         Menos expansivo que sua irmã Jacinta, Francisco foi mais chamado à contemplação e a ser algo como um pequeno eremita-orante para desagravar e consolar Nosso Senhor Jesus Cristo. Para isso, com frequência, isolava-se pelos campos da Cova da Iria. Certa vez, imaginando como seria Deus, disse: “Mas que pena estar Ele tão triste! Se eu O pudesse consolar!”
         Conservando a grafia original, passemos à transcrição de alguns episódios extraídos do esplêndido livro sobre Fátima (abaixo citado) do Pe. Luiz Gonzaga Ayres da Fonseca, Professor no Pontifício Instituto Bíblico de Roma. São pequenos episódios, mas que revelam a grandeza da virtude que, ainda meninos, os confidentes da Senhora de Fátima praticavam.
Numa ocasião, enquanto Lúcia e Jacinta brincavam, correndo atrás de borboletas, Francisco se isolou para rezar. Depois as duas meninas foram chamá-lo:
         “— Francisco, não queres vir merendar?
         — Não! Comam vocês.
         — E a rezar o terço?
         — A rezar, depois, vou. Tornem-me a chamar.
         — Mas que estás a fazer tanto tempo?
         — Estou a pensar em Deus, que está tão triste por causa de tantos pecados... Se eu fosse capaz de lhe dar alegria! (E passou o dia em jejum e oração). [...]
         — Francisco, tu de que gostas mais? [Perguntou Lúcia].
         — Gostava mais de consolar a Nosso Senhor. Não reparaste como Nossa Senhora ainda no último mês se pôs tão triste, quando disse que não ofendessem a Deus Nosso Senhor, que está muito ofendido? Eu queria consolar a Nosso Senhor, e depois converter os pecadores, para que não o ofendam mais”.4
Numa ida à escola em Fátima, Francisco disse a Lúcia: “Olha, tu vais à escola, que eu fico aqui na Igreja, junto com Jesus escondido. Não me vale a pena aprender; daqui a pouco vou para o Céu. Quando voltares, vem por aqui a chamar-me”.5

A Divina Providência pede o sacrifício supremo
         No dia 28 de dezembro de 1918, Francisco e Jacinta adoeceram gravemente, atacados pela terrível epidemia bronco-pneumônica, que tantas vítimas fazia então por toda a Europa.
         Jacinta disse a seu irmão: “Não te esqueças de oferecer pelos pecadores”. Ao que Francisco respondeu:
         “Sim; mas primeiro ofereço para consolar a Nosso Senhor e a Nossa Senhora e depois então é que ofereço pelos pecadores e pelo Santo Padre”.
Já nas vésperas de morrer, disse a Lúcia:
“Olha, estou muito mal. Já me falta pouco para ir para o Céu.
— Então vê lá; não te esqueças de pedir lá muito pelos pecadores e pelo Santo Padre, por mim e pela Jacinta.
— Sim peço. Mas olha: essas coisas pede-as antes à Jacinta, que eu tenho medo de me esquecer, quando vir a Nosso Senhor; e depois antes o quero consolar”.6
         O processo canônico registra, segundo declaração do Pe. Manuel Marques Ferreira, que pouco antes do falecimento, Francisco recebeu a Sagrada Comunhão “com grande lucidez e piedade”.
         No dia 4 de abril de 1919, às 6 horas da manhã, ele disse à mãe: “Olhe, minha mãe, que luz tão bonita”. Instantes depois, o rosto de Francisco iluminou-se com um sorriso angélico, e ele, sem agonia, sem uma contração, sem um gemido, suavemente expirou em seu quarto.

Jacinta: inocência, firmeza de caráter e reparadora dos pecados
Pouco antes de ir para o hospital, Jacinta revelou a Lúcia:
“— A mim já me falta pouco para ir para o Céu. Tu ficas cá para dizeres que Deus quer estabelecer no mundo a devoção do Imaculado Coração de Maria. Quando fores para dizer isso, não te escondas! Dize a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria; que lhas peçam a Ela; que o Coração de Jesus quer que ao seu lado se venere o Coração Imaculado de Maria; que peçam a paz ao Coração Imaculado de Maria, que Deus lha entregou a Ela. [...] Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro do peito a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria! ... 7
         Por alguns ditos da pequena Jacinta podemos perceber a grandeza de sua alma, a magnificência de sua inocência, seu profundo amor a Deus. Ela confiou à sua prima Lúcia:
         “Penso em Nosso Senhor e em Nossa Senhora, ... nos pecadores e na guerra que há de vir... Há de morrer tanta gente e vai quase toda para o inferno! ... Hão de ser arrasadas muitas casas, e mortos muitos Padres... Que pena! Se deixassem de ofender a Nosso Senhor, a guerra não vinha, nem iam para o inferno! ... Olha: eu vou para o Céu, e tu quando vires de noite essa luz que a Senhora disse, foge para lá também”.
Como ocorre com pessoas que guardam a inocência, Jacinta gostava de meditar. E ela o confirmou: “Gosto muito de pensar”. Numa de suas meditações, a Virgem Santíssima apareceu-lhe, a fim de prepará-la para seu último Calvário. “Disse-me (Nossa Senhora) que vou para Lisboa, para outro hospital; que não te torno a ver nem a meus pais; que depois de sofrer muito, morro sozinha; mas que não tenha medo, porque me vai lá Ela buscar para o Céu”.8

Altíssimos pensamentos de uma criança inocente
Em seus últimos dias, Jacinta contou com o carinhoso acompanhamento da Madre Maria da Purificação Godinho — a quem chamava de “Madrinha”. Essa religiosa tomou notas de alguns ditos da pequena santa, cujos pensamentos eram superiores à sua idade de apenas 11 anos. Eis alguns deles:
         “Os pecados que levam mais almas para o inferno, são os pecados da carne”.
         “Hão de vir umas modas, que hão de ofender muito a Nosso Senhor. As pessoas que servem a Deus, não devem andar com a moda. A Igreja não tem modas. Nosso Senhor é sempre o mesmo”.
         “Os pecados do mundo são muito grandes. Nossa Senhora disse que no mundo há muitas guerras e discórdias. As guerras não são senão castigos pelos pecados do mundo”.
         “Se os homens soubessem o que é a eternidade, como haviam de fazer tudo para se emendarem!”.
         “Os médicos não têm luz para curar bem os doentes, porque não têm amor de Deus”.
         “Ai dos que perseguem a religião de Nosso Senhor! Se o Governo deixasse em paz a Igreja e desse liberdade à santa Religião, era abençoado por Deus. Minha Madrinha, peça muito pelos pecadores! Peça muito pelos Padres! Peça muito pelos Religiosos! Peça muito pelos Governos”.
         Sobre a frase que segue, a Madre Godinho afirmou que Jacinta refere-se a um “grande castigo de que em segredo me falou”:
         “É preciso fazer penitência. Se a gente se emendar, ainda Nosso Senhor valerá ao mundo; mas, se não se emendar, virá o castigo”.

“Mas quem foi que te ensinou tanta coisa?”
Certo dia, Jacinta disse à Madre Godinho “Eu ia com muito gosto para o convento; mas gosto mais ainda de ir para o Céu. Para ser religiosa é preciso ser muito pura na alma e no corpo”. Ao que a religiosa indagou-lhe: “E tu sabes o que é ser pura?”.
         “— Sei, sim. Ser pura no corpo é guardar castidade; e ser pura na alma é não fazer pecados: não olhar para o que não se deve ver, não roubar, não mentir nunca, dizer sempre a verdade ainda que nos custe”.
         A Madre, surpresa com o fato de uma simples criança dizer coisas tão sérias e profundas, perguntou:
         “— Mas quem foi que te ensinou tanta coisa?
         — Foi Nossa Senhora; mas algumas penso-as eu. Gosto muito de pensar”.9

Previsões próprias de quem alcançou elevada santidade
         Mas, além de pensamentos superiores à sua idade, Jacinta previu muitos acontecimentos. Eis algumas de suas previsões:
         Em certa ocasião, a mãe de Jacinta, Sra. Olímpia de Jesus, foi visitá-la no hospital e a Madre Godinho perguntou se não gostaria que as duas irmãs de Jacinta (Florinda e Teresa) se fizessem religiosas. Da. Olímpia respondeu: “Não! Deus a livrasse”.
Jacinta não ouvira a conversa; contudo, mais tarde, disse à Madrinha: “Nossa Senhora gostaria muito que minhas irmãs se fizessem freiras. Minha mãe não quer, mas por isso Nossa Senhora não tardará a levá-las para o Céu”. — De fato, as duas jovens morreram algum tempo depois.
Dois médicos que trataram de Jacinta com dedicação, receberam muitos sinais de agradecimento da pequenina. Um deles pediu-lhe que no Céu rogasse a Nossa Senhora por ele. Jacinta respondeu que sim, mas que o doutor pedisse também por ela. Depois, fitando-o, acrescentou: “Olhe que Vossemecê também vai, não tarda”.
A cena repetiu-se com outro médico, que se recomendava a si e a filha às orações da pequena enferma, que, fitando-o demoradamente, disse: “Vossemecê também vem; primeiro a sua filha, e depois o senhor doutor”.
De fato, ambas as profecias se realizaram.10
Noutra ocasião, Jacinta disse: “Olhe, Madrinha, eu já não me queixo [das terríveis dores]. Nossa Senhora apareceu-me, dizendo que em breve me viria buscar, e que me tirava já as dores”.
No dia 20 de fevereiro de 1920, pelas 6 horas da tarde, declarou que se sentia mal e pediu os últimos Sacramentos. Fez sua última confissão ao Pe. Pereira dos Reis. Às 10:30 da noite, a Mãe Santíssima cumpria a promessa feita 1917 e vinha buscá-la para o Céu: Jacinta expirava com suma paz. Tinha quase 10 anos.

Entusiasmo, graça e admiração ocasionados nos funerais
Escreve o Pe. Luiz Gonzaga Ayres da Fonseca: “O corpo, que tanto tinha penado ‘pela conversão dos pecadores’, foi amortalhado num vestido branco de primeira Comunhão, com cinto azul, como a Jacinta tinha desejado, e depositado nas dependências da sacristia da igreja dos Anjos, enquanto se tratava do transporte para a Fátima.
“Naqueles dias foi incrível o concurso de gente que o queria ver e beijar e tocar nele com seus objetos de devoção, apesar das diligências feitas pelo Revmº. Prior para o impedir. Muitos queriam levar relíquias, chegando umas estudantes a cortar-lhe parte do cabelo”.
Finalmente, foi incumbido de o guardar o Sr. Antonio Rebelo de Almeida, que escreve o seguinte em data de 11 de junho de 1934:
“Parece-me estar a ver o anjinho. Deitadinha no caixão, parecia viva, com os lábios e face cor-de-rosa, belíssima. Tenho visto muitos mortos, pequenos e grandes, mas uma coisa assim nunca me aconteceu. O cheiro agradável, que o corpo exalava, não se pode explicar naturalmente, diga-se o que se quiser. O maior incrédulo não poderia duvidar. Pense-se no cheiro que sai muitas vezes dos cadáveres, que só com grande repugnância se pode estar perto deles. Ora a pequena estava morta há três dias e meio e o seu cheiro era como de um ramalhete composto das mais variadas flores. O número dos visitantes, que desejavam ver a criança, era grandíssimo... Eu não deixava cortar relíquias; neste ponto fui irremovível. Quando a gente chegava diante do caixão, era um entusiasmo, uma admiração, uma loucura”.
O perfume foi perfeitamente sentido até o fechamento do caixão de chumbo. Coisa tanto mais notável visto o caráter da doença e o muito tempo que permaneceu insepulto. Registrou o Dr. Eurico Lisboa:
“No dia 24 de fevereiro, às 11 da manhã, o caixão foi fechado, e à tarde, com grande acompanhamento, levado à estação do Rossio, a fim de ser trasladado para a Fátima. Para evitar possíveis profanações da parte dos anticlericais, ele foi provisoriamente depositado no sepulcro de família do Barão de Alvaiázere, em Vila Nova de Ourém. Desde aquele momento desapareceu daquela família a tuberculose, que já tinha vitimado quatro irmãos do Barão e ameaçava fazer mais vítimas. Mais ainda: a fortuna da casa, que estava perdida, pôde ser rapidamente recuperada em boa parte, de certo, como o Barão confessa, por especial proteção do seu ‘Anjo tutelar’.
“No dia 12 de setembro de 1935 fez-se a trasladação do corpo para o cemitério da Fátima [...]. Nesta ocasião, por um pequeno corte feito no caixão de zinco do lado correspondente à cabeça, pôde verificar-se que esta se conserva incorrupta, e provavelmente no mesmo estado se encontra o corpo. Ter-lhe-á a Providência reservado o privilégio concedido aos restos mortais da santa vidente de Lourdes?
“No jazigo mandou o Sr. Bispo de Leiria gravar este epitáfio, tão expressivo na sua clássica singeleza:

AQUI REPOUSAM OS RESTOS MORTAIS
DE FRANCISCO E JACINTA
A QUEM NOSSA SENHORA APARECEU. 11

Portugal, palco do primeiro milagre inequívoco
         Para que alguém seja canonizado, há também necessidade da comprovação inequívoca de dois milagres operados por sua intercessão. O primeiro milagre possibilitou a beatificação de Jacinta e Francisco no ano de 2000. Assim, o processo de canonização seguiu seu curso. A Congregação para a Causa dos Santos reconheceu a cura miraculosa de uma senhora portuguesa, nascida em Leiria no ano de 1930, Da. Maria Emília dos Santos. Em 1989, pela intercessão de Jacinta e Francisco, ela se recuperou de uma grave deficiência física e voltou a andar, após permanecer paralítica durante 22 anos, sem conseguir sequer levantar-se da cama.
Da. Emília, após uma novena aos dois pastorinhos, de sua cama, indagou a Jacinta se seria curada e ouviu uma voz: “Senta-te, porque podes”. Começou então a sentir que o sangue começava a circular pelas veias das pernas. Sentiu-se curada e sentou-se na cama. No momento — altas horas da noite — houve um grande alvoroço em sua casa devido àquela cura repentina. Os médicos peritos do processo consideraram que o fato não apresentou explicação natural.

Brasil, palco do segundo extraordinário milagre
Por um especial desígnio da Providência Divina, o segundo milagre teve como palco o Brasil. Antes de narrá-lo, recordo de passagem outro desígnio providencial que também vincula o Brasil a Fátima: a imagem de Nossa Senhora que se venera na Cova da Iria, no mesmíssimo local em que Ela apareceu em 1917, foi esculpida em cedro brasileiro, assim como as outras quatro imagens peregrinas. Também de passagem, nunca é demais relembrar que Nossa Senhora falou em nossa língua...
         E vamos ao segundo milagre. Por intercessão dos dois pastorinhos de Fátima, o menino Lucas de Oliveira, da cidade paranaense de Juranda, foi salvo milagrosamente. Contando com apenas cinco anos — conforme documentam seus pais, João Batista Pereira de Oliveira e Lucila Yuri —, Lucas caiu de uma janela, de uma altura de quase sete metros, enquanto brincava com sua irmã no dia 3 de março de 2013. O menino “bateu com a cabeça no chão, o que provocou um traumatismo craniano grave, com perda de tecido cerebral no lóbulo frontal esquerdo”. Levado ao hospital de Campo Mourão, chegou “em estado de coma muito grave. Ele teve duas paradas cardíacas”.
Lucas foi submetido a uma cirurgia de emergência. Os médicos disseram que suas possiblidades de sobrevivência eram baixas e, se não morresse, ficaria em estado vegetativo. Muito devotos de Nossa Senhora de Fátima, os pais pediram a Ela, bem como a Francisco e Jacinta, que intercedessem pelo filho.
         Como os dias corriam e o menino piorava, o pai pediu a uma freira carmelita orações dela e do Carmelo de Campo Mourão. Após um contratempo inicial, uma das carmelitas foi rezar junto às relíquias de Francisco e Jacinta que estavam diante do tabernáculo. Ela lhes suplicou: “Pastores, salvai este menino, que é um menino como vós”. Depois, todas as freiras daquele Carmelo também rezaram para que os pastores intercedessem por Lucas.
Afirmou o Sr. João Batista: “Assim fizeram, da mesma forma como todos nós, na família, que começamos a rezar aos Pastorinhos. E, dois dias depois, no dia 9 de março, o Lucas foi desentubado e acordou bem, lúcido, e começou a falar, perguntando pela sua irmãzinha. No dia 11 de março saiu da UTI e, no dia 15, ele teve alta [...]. Está completamente bem, e não tem nenhum sintoma ou sequela [...] O que Lucas era antes do acidente, o é também agora: tem a mesma inteligência, o mesmo caráter, é todo o mesmo”. Os médicos comprovaram que não havia nenhuma explicação científica para tal recuperação.12
Ambos os milagres — as curas de Da. Emília e do Lucas — foram operados por orações dirigidas conjuntamente aos dois santos aljustrelenses videntes de Fátima, e não de modo separado a cada um deles. Fato de especial beleza, pois eles viveram muito unidos, eram inteiramente consagrados à Santíssima Virgem e fiéis aos pedidos feitos por Ela nas aparições.

No Céu, dois novos embaixadores junto a Nossa Senhora
Com a recente canonização, a Santa Igreja apresenta ao mundo inteiro dois grandes intercessores para nós. É momento muito apropriado para que todos os pais coloquem seus filhos sob a proteção de Francisco e Jacinta. Que os pais narrem a seus pequenos as admiráveis vidas desses novos santos, rezem o terço em família, suplicando a eles que protejam seus lares contra a desagregação da instituição familiar, atacada por tantos fatores de corrupção moral disseminados através da internet, da televisão, das modas imorais, da disseminação das drogas, das leis que favorecem o divórcio, o aborto, o pseudo-casamento homossexual, a ideologia de gênero. Enfim, de tantos outros erros da doutrina comunista espalhados por todo o universo.
Jacinta e Francisco são santos porque foram inteiramente fiéis às advertências e promessas feitas por Nossa Senhora em Fátima. O mundo atual está sendo fiel a Ela? — Muito pelo contrário, os homens não se converteram e têm desprezado aquelas advertências e promessas. Logo, é de se temer que esteja próximo o severo castigo anunciado há um século.
Os dois pequenos grandes santos de Fátima são modelos para nós, pois compreenderam a gravidade e a malícia do pecado, tiveram horror a qualquer forma de ofensa a Deus, entendendo, apesar de sua pouca idade, como a vida pecaminosa leva ao inferno. As vidas de Jacinta e Francisco são para nós um contínuo convite à conversão, a nos preparar para a justa punição divina. Esta será ao mesmo tempo misericordiosa — porque redentora do presente estado de abominação e de perdição das almas — e nos tornará sedentos da vinda o quanto antes, para todos os povos, do Reinado do Imaculado Coração de Maria previsto em 1917.
Neste sentido, encerro com palavras de Plinio Corrêa de Oliveira, numa conferência em 13 de outubro de 1971:
“Francisco e Jacinta são os intercessores naturais para se obter de Nossa Senhora que venha logo o Reino de Maria. [...] Que os meninos de Fátima comecem a nos transformar, dando-nos os dons que eles receberam, que eles velem especialmente sobre aqueles que têm a missão de pregar a Mensagem de Fátima”.
(*) Paulo Roberto Campos é jornalista e colaborador da Abim







Fonte: Agência Boa Imprensa – (ABIM)

Nenhum comentário:

Postar um comentário