quinta-feira, 23 de março de 2017

Sexo e obsessão


Nas perguntas número 200, 201 e 202 do Livros dos Espíritos, Allan Kardec pergunta se os Espíritos tem sexo? Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos.

Em nova existência, pode o Espírito que animou o corpo de um homem animar o de uma mulher e vice-versa? Decerto; são os mesmos os Espíritos que animaram os homens e as mulheres.


Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher? Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.


Os Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não têm sexo. Visto que lhes cumpre progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de ganharem experiência. Aquele que só como homem encarnasse só saberia o que sabem os homens.

O sexo é departamento orgânico programado pela vida para a reprodução da espécie. Assexuado, o Espírito renasce numa como noutra polaridade, afim de adquirir experiências e compreensão de deveres, que são pertinentes a ambos os sexos. A intrepidez masculina e a docilidade feminina são capítulos que dão ao Espírito equilíbrio e harmonia.

Dessa forma, em uma reencarnação pode o Espírito tomar um corpo masculino e noutra um feminino, ou realizar um vasto programa de renascimento em um sexo para depois começar os processos experimentais em outro, sem qualquer prejuízo emocional para a sua estrutura íntima.

Fadado ao progresso, que é ilimitado, o Espírito deve vivenciar cada reencarnação enobrecendo as funções de que se constitui o seu corpo, de modo a desenvolver os valores que lhe dormem em latência.

Graças à conduta moral em cada polaridade, mais fácil se lhe torna, quando edificante, escolher o próximo cometimento. No entanto, quando se permite corromper ou desviar-se do rumo das suas funções, gera perturbações emocionais e psíquicas que lhe impõem duros processos de recuperação, de que não se pode furtar com facilidade.

A correta aplicação das forças genésicas propicia ao Espírito alegria de viver e entusiasmo no desempenho das tarefas que lhe dizem respeito, constituindo-se emulação para o progresso e a felicidade.

Nada obstante, o sexo é um dos capítulos mais complexos de algumas ciências psíquicas, tais a Psicologia, a Psicanálise, a Psiquiatria, em razão das disfunções e dos desconsertos que ocorrem em muitas vidas como resultado das experiências atormentadas próximas ou remotas, que lhes geraram desequilíbrios e desarmonias, hoje refletidos em seu comportamento.

Valiosos capítulos da Medicina são dedicados às psicopatologias sexuais, que se apresentam como aberrações morfológicas e psicológicas, levando o indivíduo a estados graves de conduta e de vida.

Eminentes estudiosos da sexologia vêm procurando desmistificar as funções sexuais, que a ignorância medieval vestiu de fantasias e de pecados, gerando perturbações emocionais muito graves nas criaturas humanas.

Como decorrência da nobre proposta, a liberação sexual, exagerando as suas licenças morais, vem trazendo transtornos graves e desarmonias profundas em muitos indivíduos que vivem conflitivamente em razão das dificuldades para se adaptarem às exigências comportamentais do momento.

É natural que, num momento de transição de valores, campeiem o absurdo e o fantasioso, tentando adquirir cidadania moral, ao tempo em que empurram os cidadãos na direção do fosso da promiscuidade e do desespero, da fuga pelo tabaco, pelo álcool, pelas drogas aditivas, pela alucinação, pelo suicídio.

Torna-se indispensável quão imediata uma nova ética moral, a fim de que os valores nobres granjeados pela sociedade no curso dos milênios, não se percam no chafurdar das paixões e no desprestígio das instituições, como o matrimônio, a família, a castidade, a saúde comportamental, o grupo social.

O matrimônio e a monogamia são conquistas valiosas logradas pelo ser humano após torpes experiências de convivência doentia através dos tempos. Tentar reduzi-los a lembranças do passado, é uma aventura macabra cujas conseqüências são imprevisíveis para a própria sociedade.

Vive-se, na Terra, a hora do sexo. O sexo vive na cabeça das pessoas, parecendo haver saído da organização genésica onde se sedia. Naturalmente, o pensamento é força atuante e desencadeadora da função sexual. Reduzir o indivíduo apenas às imposições reais ou estimuladas do sexo em desalinho, conforme vem acontecendo, é transformá-lo em escravo de uma função pervertida pela mente e atormentada pelas fantasias mórbidas.

O ser humano são os seus valores éticos, suas aspirações, seus sonhos, suas lutas, suas grandezas e também aprendizagens dolorosas. Graças a todos esses fenômenos do cotidiano, ele cresce e se aprimora, saindo dos limites em que se encarcera para os incomparáveis vôos da amplidão.

Sitiá-lo no gozo sexual e asfixiá-lo nos vapores da libido perturbada, constitui agressão injustificável às suas conquistas emocionais, psíquicas e intelectuais, que lhe dão sabedoria para discernir e para realizar.

Progredindo sempre, o Espírito jamais retrograda no seu processo reencarnatório. Nada obstante, em razão de conduta irregular pode estacionar, aguardando reparação dos erros graves cometidos, quando já não mais se deveria permiti-los.

Nesse desenvolvimento intelecto-moral, vincula-se àqueles a quem ama ou de quem se distanciou pelo crime e pela iniquidade, experimentando o apoio dos afetos e a perseguição dos inimigos, que não o perdoam pelas ofensas de que foram vítimas. É nesse campo de lutas que surgem as lamentáveis e dolorosas obsessões de graves consequências.

O sexo, mal conduzido, em razão do envolvimento emocional e das dilacerações espirituais que produz em outrem, como naquele que o utiliza mal, abre campo para terríveis conúbios obsessivos, ao mesmo tempo que, praticado de forma vil atrai Espíritos igualmente atormentados e doentes que se vinculam ao indivíduo, levando-o a processos de parasitose terrível e de difícil libertação.

Desvios sexuais, aberrações nas práticas do sexo, condutas extravagantes e desarticuladoras das funções estabelecidas pelas Leis da Vida, geram perturbações de longo curso, que não se recompõem com facilidade, senão ao largo de dolorosas reencarnações expungitivas e purificadoras.

Tormentos da libido e da função sexual têm suas matrizes nos comportamentos anteriores que o Espírito se permitiu, quando, em outras reencarnações, abusou da faculdade procriativa, aplicando-a para o prazer exorbitante, ou explorou pessoas que se lhe tornaram vítimas, estimulou abortamentos e se permitiu experiências perversas e anormais, ou derrapou nos excessos com exploração de outras vidas.

Todas essas condutas arbitrárias fixaram-se nos tecidos sutis do perispírito, impondo necessidades falsas, que agora os pacientes procuram atender, ampliando o complexo campo de problemas íntimos.

O respeito e a consideração pelas funções sexuais constituem a melhor terapia preventiva para a manutenção da saúde moral, assim como o esforço para a recomposição do caráter, quando alguém já se permitiu corromper, ao lado da terapêutica especializada, fazem-se imprescindíveis para a conquista da harmonia.

Ninguém se engane quanto aos compromissos do sexo perante a vida e cuide de não enganar a outrem. Cada um responde sempre pelo que inspira e pelo que faz. O sexo não foi elaborado para o prazer vulgar, senão para as emoções superiores na construção das vidas, ou para as sensações compensativas quando amparado pelas dúlcidas vibrações do amor, mantendo a afetividade e a alegria de viver.

Neste livro, tentamos fazer um estudo cuidadoso sobre sexo e obsessão, baseado em fatos reais, que vimos acompanhando desde há vários anos.

Procuramos suavizar o relato, evitando chocar alguns leitores menos avisados ou desconhecedores da Doutrina Espírita, porém evitamos disfarçar a realidade dos acontecimentos, tirando-lhes a legitimidade, de forma que a nossa mensagem possa alcançar as mentes e os corações desenovelando-os de diversos conflitos e despertando-os para algumas ocorrências de parasitose obsessiva em que talvez se encontrem envolvidos.

O padre Mauro ainda se encontra na Terra, havendo recebido os Espíritos que se reencarnaram para resgates imperiosos e inadiáveis conforme comprometera-se em nossa esfera de ação espiritual.

O seu lar de crianças deficientes hoje hospeda inúmeras antigas vítimas suas, que lhe recebem carinho e afeto, recuperando-se das alucinações que se permitiram, ele mesmo estando em processo de refazimento espiritual, avançando, porém, para os anos da velhice com paz no coração e com a consciência tranquilizada em razão do bem que vem executando.

A cidade perversa vem lentamente sendo esvaziada pelo amor de Deus, já que os seus habitantes, em número bastante expressivo, encontram-se reencarnados, desde há algumas dezenas de anos, dando curso às aberrações e hediondezes que se permitiam, quando lá estavam.

A denominada mudança de comportamento dos anos sessenta, com a liberação sexual, tem muito a ver com a inspiração e chegada desses Espíritos que estão retornando à Terra, afim de desfrutarem da oportunidade de renovação antes da grande depuração que experimentará o planeta, transferindo-se de mundo de provas e de expiações para mundo de regeneração.

A chance de que desfrutam é-lhes valiosa, porquanto não sendo aproveitada conforme deverá, cassar-lhes-á outros ensejos, que somente serão recuperados em outras penosas situações em Orbes inferiores.

Este é, pois, o grande momento para todos nós, que aspiramos por uma vida melhor e mais ditosa. Reflexionar e agir de maneira correta em relação às funções sexuais é dever de todo ser que pensa e que compreende a finalidade da existência humana.

Nesta hora de conturbação moral e de violência, de agressividade, de aberrações sexuais, de descontrole geral e de sofrimentos de todo porte, cumpre-nos, a todos, somar esforços em favor dos princípios da dignidade humana e da honradez, do equilíbrio no comportamento e da educação das gerações novas, único meio de oferecer ao futuro uma sociedade menos conturbada e deslindada dos terríveis cipoais da obsessão.

À educação moral cabe a tarefa de construir um novo homem e uma nova mulher, que formarão uma nova e saudável sociedade para o porvir.

Como doutrina de educação o Espiritismo oferece os melhores recursos e métodos para esse cometimento, colocando à disposição de todo e qualquer investigador o seu patrimônio de informações e o seu excelente laboratório mediúnico, para que ali encontrem o conforto e a coragem necessários para o enfrentamento que se apresenta em todos os instantes, no qual, por enquanto, têm predominado o vulgar e o perverso, embora os nobilíssimos exemplos de dignificação e nobreza de incontáveis cidadãos dedicados ao bem e ao dever.

Reconheço que alguns companheiros de lide espírita e outros vinculados a diferentes crenças religiosas e diversas filosofias de comportamento dirão que o nosso é um livro de fantasias e destituído de qualquer sentido literário ou cultural. Não entraremos no mérito da opinião, que todos têm o direito de sentir e mesmo de expressar.

Cada qual fala daquilo de que está cheio o seu coração e iluminado o seu sentimento. Havendo fruído a oportunidade das experiências que aqui relatamos em síntese, sentimo-nos felicitados pelo imenso prazer de haver concluído este trabalho, e poder ofertá-lo aos que são simples e puros de coração, que anelam e trabalham por um mundo melhor e por uma sociedade muito feliz, vivendo, desde hoje, os dias venturosos do futuro, porque entregues aos ideais de plenificação sob a égide de Jesus Cristo, o Modelo e Guia da Humanidade.

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