segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Quando minha primeira filha nasceu meu coração mudou. Aquele pequeno ser tão delicado, tão linda! Nunca consegui ver cara de joelho nela, sempre a considerei o bebê mais lindo do mundo!

Sentia um peso enorme, uma responsabilidade incalculável. Amava desesperadamente, creio que é a melhor descrição! Porque também ficava desesperado ao pensar se seria capaz de dar a ela tudo que não havia tido, se conseguiria fazê-la feliz, poupá-la do quê já havia passado na vida... Se ia conseguir fazer ela me amar!!!

Não queria outro filho de jeito nenhum, pois sequer me considerava capaz de poder dividir o imenso amor que sentia por ela!

Acordava durante a noite para ficar acariciando-a dormindo... Olhava embasbacado aquela criança que me reconhecia e me amava sinceramente!

Passados cinco anos, minha esposa teve um problema no ovário e passou por uma cirurgia. O Médico disse que caso desejássemos ter outro filho, teria que ser já, pois com o tempo poderia ficar arriscado. Minha esposa então teve toda a argumentação necessária para vencer minha resistência.

Então, seis anos depois do nascimento da primeira, veio a segunda!

Como me enganei! Não, eu não dividia aquele amor imenso! Ele se multiplicava de uma forma que julgava não ser possível!

Minha Estrelinha da Sorte! A segunda filha, com personalidade totalmente diferente desde muito cedo.

Ah! Como foi boa este descoberta que o amor se multiplica! Que o amor de pai é protetor, é forte, é seguro! Que muitos se distanciam sob o peso da responsabilidade gritante despertada no espírito, mas que a ternura do olhar destes pequenos frutos da ligação com a mulher, é maior que seu amor próprio!

Os filhos crescem e vamos descobrindo que não podemos esperar recompensas por qualquer coisa que possamos ter feito para agradar ou facilitar a vida. É claro que a felicidade transborda no coração se este reconhecimento chegar, mas não podemos esperar.

Cuidando destes espíritos que nos são confiados em forma de filhos, aprendemos errando, refletimos os erros de nossos pais e descobrimos que muitas vezes também não estavam tão errados assim.

Vamos aprendendo com o passar do tempo, que os filhos são os atores principais, mesmo quando ainda dependem de nós na direção do filme de suas vidas. Somos o homem por trás das câmeras, que não precisa aparecer, e que se aparecer, pode até envergonhar.

A tolerância é exercitada, a compreensão dos erros uma constante. É ser o super-homem em nome de tudo que eles ainda precisarão passar. Que esta experiência só servirá se a vivermos intensamente!

Também é preciso como Jaguar, entender a dor necessária que têm ou terão que passar em função de seus carmas próprios aos quais infelizmente não podemos carregar!

Ser pai é abrir mão de sua própria carência! É preciso ser forte e deixar o carinho que tanto nos realiza para a doçura mãe... Afinal nós somos o porto seguro e nem sempre o aconchego dos braços.

Compreender mais do que ser compreendido... Parece que a frase de Francisco de Assis foi escrita para nós: Pais!

Para nossas crianças temos que ser o herói, para nossos jovens o exemplo e para os pais de nossos netos seremos o amigo.

A maior vitória será quando conseguirmos justamente o que mais nos assombra: Quando pudermos perceber que nossos filhos já não precisam mais de nós para viver.

Kazagrande

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