sábado, 12 de outubro de 2013

Tolerância de Preto Velho



Após umas três horas no atendimento de pacientes dos Tronos, sentei-me ao lado de Pai Zé Pedro das Águas para tomar sua bênção, na intenção de terminar o trabalho:

- Meu querido filho, você ainda pode atender mais um paciente?

- Claro meu Pai!

- Então levanta, que é hora de verificar se você vai poder levar os seus bônus deste trabalho que realizamos.

Levantei-me e um paciente, com cara de poucos amigos já estava a caminho de outro Trono, parou e resolveu ficar ali mesmo.

- Salve Deus! Meu irmão, este é Pai Zé Pedro das Águas, diga seu nome e sua idade por favor.

- Eu já sei o caminho Mestre!  - falou com certa arrogância, já estendendo as mãos.

Mudando por completo sua maneira empertigada falou com toda suavidade ao Preto Velho:

- Salve Deus, meu pai! Minha vida está um caos, por favor me ajude a sair desta situação que me encontro e que o senhor já sabe bem qual é. Só quero poder ter condições materiais de poder trabalhar espiritual sem me preocupar com o sustento.

- Salve Deus, meu filho querido. Todas nossas dificuldades, dores, provações, doenças, melancolias, podem ser curadas pelos remédios que tem em suas mãos. Você é um Filho de Pai Seta Branca e jamais vai passar qualquer problema só “por acaso”. Sempre existe uma razão, uma lição a ser aprendida.
- Mas eu já sofri o bastante, aprendi o quê precisava e não vou mais errar. Só quero é ter dinheiro para não me preocupar e poder dedicar-me integralmente a esta missão.

- E não é o quê todos dizem querer meu filho? E todos são iguais perante o Pai. O trabalho dignifica o homem e lhes dá as condições de encontrar seus verdadeiros pontos de desequilíbrio para serem reajustados com a lição aprendida...

- O senhor não está entendendo!!! – interrompeu já irritado – Eu quero sua ajuda para solucionar os problemas e poder trabalhar espiritual! Só isso!!! Estes outros aí querem se dar bem, eu só quero poder trabalhar espiritual!!!

- Entendi sim meu filho. Recorde que o julgamento é o pior desajuste e este nego véio está tendo a permissão de lhe dizer que é justamente esta a lição que lhe falta aprender.

- Doutrinador! Você não vê que aqui não tem Preto Velho! Eu sou um Rama 2000, e pedi ajuda a uma Entidade e quem está aqui não me diz nada!

No mesmo momento visualizei minha mão voando no ouvido do cidadão! Claro que isso não aconteceu, mas que eu senti vontade eu senti. Deixei que ele se levantasse e saísse meio tonto pela vibração recebida, parando em outro Trono que ele viu sem paciente e sentou sem ser convidado.

Trêmulo, sentei-me de novo ao lado de Pai Zé Pedro.

- E então zifio? Num deu para passar no teste, não foi?

Com lágrimas nos olhos admiti:

- Não meu pai, por mim mesmo eu teria plantado a mão no ouvido dele.

O Preto Velho sorriu:

- É meu filho, ainda falta! Mas você estava preparado para evitar o pior. Agora ele saiu daqui já sem a energia pesada que carregava e vai poder conversar com outro Preto Velho e ouvir a mesma verdade. Se ele fosse para outro Trono o resultado poderia ser bem pior. Esta passagem não vai ficar guardada na mente deste aparelho, e não conte a ele viu? Saia feliz e mantenha o equilíbrio.

Terminamos o trabalho e fui com o Ajanã tomar um café! Quando terminávamos o pão de queijo, entra o impensado mestre, sem dizer nada me abraça e pede perdão, depois vira para o Ajanã e diz:

- Me perdoe meu irmão, sua Entidade estava certa, por favor não guarde rancor.

O Ajanã, claramente confundido disse que estava tudo bem.

Depois perguntou:

- Que deu nesse aí?

E eu respondi:

- Sei lá! Acho que veio trazer nossos bônus!

Kazagrande

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