sábado, 12 de fevereiro de 2011

O ENSINO DA RELIGIÃO

“Todo o escriba instruído no Reino dos Céus é semelhante a um pai de
família, que do seu tesouro tira coisas novas e velhas.”
(Mateus, XII, 52.)

Depois da exposição das sete parábolas comparativas ao Reino dos
Céus e à sua aquisição. Jesus, para melhor gravar no Animo de seus
discípulos a necessidade do estudo de toda a Religião e de toda a Filosofia
em suas fases evolutivas do saber humano, comparou todos os fatos e
teorias que deles ressaltam e a História registra com um tesouro, que um
pai de família possui e onde existem moedas velhas e moedas novas, bens
antigos, mas de valor, e bens de aquisição recente, constituindo todo o mesmo tesouro.
Há muita coisa velha que não se pode desprezar, assim como há muita
coisa nova que não podemos pôr à margem, sem prejudicar nosso tesouro.
É assim a Religião.
Ela não consiste só nas aquisições do passado, mas na recepção dos
fatos e idéias presentes e futuras, que a enriquecem.
A Religião de Jesus é uma religião de progresso, de evolução, e, não,
de paralisação.
O próprio Cristo disse: “Muitas coisas tenho para vos dizer, mas não
as podeis suportar agora; porém, quando vier o Espírito da Verdade, ele
vos guiará em toda a verdade; vos fará lembrar tudo quanto vos tenho dito e vos anunciará as coisas que estão para vir.” (João, XVI, 12- 13) .
Aqueles que limitam a Religião a um artigo de fé ou a um dogma,
desvirtuam os seus princípios, paralisam a sua marcha, extinguem,
finalmente, a chama sagrada que deve sempre arder ao impulso de
renovados combustíveis.
Nas Ciências, nas Artes, nas indústrias o homem progride não só
mantendo os velhos conhecimentos que não são senão os elementos
primordiais para novas formas que a eles se adaptam, como também pelas novas aquisições com que engrandecem o seu saber.
O mesmo se dá na Religião. A religião primitiva, revelada a Abraão,
não prescrevia ordenação, mas se limitava a ensinar ao homem a
existência do Deus único, ilimitado em atributos, Criador de tudo quanto
existe.
A esta seguiu a doutrina do Sinai, que, confirmando a Primeira Revelação, ampliou seus ditames com as prescrições morais observadas no Decálogo. Entretanto, a religião não estancou aí o seu manancial, que se avolumava constantemente, pois a fonte viva da Revelação jorra sem cessar. E assim como à Revelação Abraâmica seguiu-se a Revelação Mosaica, à esta sucedeu a Revelação Cristã. Quase dois mil anos depois de Moisés, veio o Revelador Vivo da Doutrina do Amor, que, longe de revogar esta lei, afirmou que lhe vinha dar cumprimento.
Tudo o que procede do Amor prevalece desde o começo e prevalecerá
eternamente: é “palavra que não passa”. Tudo o que não é do Amor, não
pode fazer parte da lei e passará, assim como passa a erva e como passa
tudo o que não é permanente.
O “escriba instruído no Reino dos Céus” sabe muito bem que no
grande tesouro da Religião há moedas velhas e moedas novas de Amor,
que constituem a sua riqueza; por isso, para beneficiar seus filhos, tira
desse tesouro as moedas de que necessita e com as quais enriquece os que lhe estão sujeitos.
Não há religião cristalizada: a verdadeira Religião é progressiva. Aos
velhos conhecimentos ajunta outros novos, à medida que, pelo nosso
esforço, nos preparamos para recebê-los. Essa medida, a seu turno, dilatase com a nossa boa vontade, pelo estudo, pela pesquisa, pela investigação e por meio da prece, que nos põe em relação com os Espíritos Superiores encarregados de auxiliarem nossa evolução espiritual.
Não pode ser de outra forma, porque a Religião não se limita à Terra;
ela se estende a todos os mundos planetários e interplanetários, a todos os sóis, a todas as constelações e dilata-se pelo Universo inteiro, onde seres  inteligentes vivem, estudam, amam e progridem!
Cada um tem o seu grau de evolução, que é tanto maior quanto mais
intensa é a vontade, o desejo do estudo e do progresso, e ninguém pode
assimilar conhecimentos superiores à sua inteligência e ao seu grau de
cultura moral e espiritual.
Foi por isso que Jesus disse a seus discípulos, como se depara no
capítulo XVI, 12, 13, de João: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós
não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da Verdade,
ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que estão para vir.”
Este trecho é característico e plenamente demonstrativo do que afirmamos: a Religião não é um punctum stans, uma divindade imóvel,
mas sim um punctum fluens, fonte viva, que jorra incessantemente água
pura e cristalina! E assim como as revelações não cessam: à Abraâmica
sucedeu a Mosaica e a está a Cristã, a Revelação Espírita, que é a
Revelação das Revelações, como complemento da Revelação Messiânica,
vem trazer, aos homens, novos conhecimentos filosóficos, novos
conhecimentos científicos, novos conhecimentos religiosos, todos
oriundos dessa fonte, cujo manancial se tem mostrado inesgotável através
dos séculos!
E o “escriba instruído no Reino dos Céus” sabe muito bem disso; por
esse motivo, e também porque, cauteloso, não deixa de adquirir
conhecimentos com os quais enriquece o seu tesouro, dele tira coisas
novas e velhas, como faz o bom pai de família, para instruir aos que lhe
estão afectos.

Salve Deus

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