A
reflexão é do Espírito Georges, ditada em Paris em 1863 em que se revela a
perfeição da Doutrina dos Espíritos quanto
às necessidades do homem moderno de todos os tempos, contemplando as questões
tanto da vida na dimensão material quanto da vida espiritual
(Sede Perfeitos – item 11 – Cuidar do Corpo e do Espírito - Capítulo 17 do livro
"O Evangelho Segundo o Espiritismo" de Allan Kardec)
Argumenta
o lúcido mensageiro que o espírito do homem encarnado é como um
“PRISIONEIRO DA CARNE” porque está nesta vida enclausurado em um corpo biológico
com especiais necessidades de cuidado a
fim de que funcione satisfatoriamente para que possamos cuidar também de nossos
interesses de crescimento espiritual.
Nem
mortificar o corpo em
sacrifícios que nada tem a ver com à perfeição, negligenciando suas necessidades
e nem viver totalmente devotado a ele, alienando-se do impositivo de nossa
educação moral para a vida imortal.
George em sua mensagem assevera que a
necessidade de EQUILIBRIO entre essas duas esferas de interesse embora seja
evidente e fácil de perceber, nem por isso é fácil.
Nossa
natureza ainda primitiva e apaixonada pelos prazeres e gozos que a vida pode
oferecer nas
esferas da “sensorialidade” (sexo, paladar, olfato, etc.) muitas vezes nos
conduz a imaginar que essas satisfações são as únicas e excelentes na vida
humana. Mas isso é um equívoco.
Todos nós já experimentamos prazeres e satisfações que são realizações puras do
espírito: a alegria de uma criança, a satisfação de sentir amor legítimo por
alguém, o apreço de um amigo, a chegada de um filho, a vitória sobre um vício ou
uma imperfeição moral.
São
prazeres
da ALMA que sobrepujam muitas vezes a satisfação corporal de um
orgasmo, por
exemplo, muitas vezes alcançado em ligações fortuitas que semeiam o desrespeito
por onde passamos. O sexo em si mesmo nada tem de imundo e os sistemas
religiosos que apregoam a mortificação do corpo pela abstinência sexual
negam
a força biológica do corpo e a importância do prazer sexual como fonte de
reabastecimento de forças necessárias à vida.
O
prazer do paladar e a escolha do alimento pelo gosto de cada um nada tem de
condenável, erram também ai os sistemas religiosos que apregoam o jejum e
condenam esta ou aquela dieta sem avaliar a alimentação como fonte de manutenção
da vida. O mesmo se dá com o prazer no uso de bebida. O
lúcido espírito André Luiz nos ensina que não há nada de errado com “um Brinde”,
mas é claro que um brinde não é uma carraspana!
Nesse
ponto convergem as religiões que condenam o uso do álcool, não por ser
pecaminoso, mas por ser o responsável na Terra por muita infelicidade, morte,
mutilações, desagregação de famílias e toda sorte de desgraças. O que
nos prejudica então, e é fácil de perceber, é exatamente o “EXAGERO e
ABUSO” em
todas as áreas da satisfação às naturais necessidades do
corpo.
A
dedicação exagerada do homem moderno ao sexo tem
raiz em nosso primarismo e reclama disciplina, austeridade e auto
educação. A
necessidade desesperada de sexo foi chamada por Joanna de Angelis (espírito) de
“a sede da água do mar” pois quanto mais se tenta saciar essa necessidade mais a
sede se multiplica, obrigando o sedento a beber novamente a água que jamais
sacia.
Muitos
de nós já achamos que nossa carência real é
SEXUAL e buscamos satisfazê-la em ligações fortuitas ou não, negligenciando a
verdadeira carência em nós: A FALTA DE AFETO.
Outros tantos buscamos compensar na mesa (ou em pé no fast food) as nossas
frustrações e recalques, sem perceber que também comparece ai a
FALTA DE AFETO como desencadeador do vício mórbido da gula,
causador de muitas doenças e sofrimento.
AFETO
é uma força que não atinge o corpo, por isso não o alcançamos com o sexo, o
alimento. AFETO
é comida e gozo para a alma. Sim, o ato sexual quando há afeto sacia realmente a
necessidade da alma porque atende nosso anseio por alegrias legítimas e
duradouras. Sim,
comer um delicioso sanduíche em que o afeto é o recheio principal, pode ser a
nutrição perfeita para o corpo e para o espírito. Percebamos que é muito
interessante, nunca
estamos SÓ COM O CORPO, nem SÓ COM A ALMA. Vivemos num sistema provisório de
interdependência em que um e outro se envolvem.
Nunca
conseguiremos a
plena satisfação de nossos sentidos físicos se a ALMA não for contemplada com
sua parcela de AFETO.
Nunca a alma estará plena se não for respeitada suas necessidades afins com o
corpo biológico. CORPO e ALMA não estão separados, por isso GEORGES o Espírito
autor da página em estudo afirmar que as relações entre o corpo e a alma existem
e, “é
reciprocamente necessário, e indispensável cuidar de ambos”.
O
Espiritismo como uma proposta de construção intima do HOMEM NOVO, consciente e
integrado com as Leis Divinas, oferece diretrizes seguras para nosso equilíbrio:
“Amai,
pois, a vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma; desconhecer
as necessidades que lhe são peculiares por força da própria natureza, é
desconhecer as leis de Deus”.
Lembra
Georges: Todo
ABUSO das forças de satisfação são funestas. O
abuso do sexo é responsável por muito abandono e feridas emocionais que vitimam
milhares
de almas equivocadas com o prazer divorciado do respeito. O
exagero que conduz ao vício alimentar e às conseqüências orgânicas patológicas
na máquina física tanto na compensação da gula da obesidade quanto na perversão
da esbelteza nos desatinos da pré-anorexia.
Diz o
adágio popular que “A
carne é fraca e por isso a ela sucumbimos”. Na verdade o CORPO é o ESPELHO DO
ESPÍRITO” e
cada célula de nossa máquina física obedece docilmente ao impositivo
DA MENTE que em síntese, é o NOSSO EU REAL.
Então não é a carne que é fraca, e sim, nós é que não a administramos com amor e
respeito ao sagrado destino para qual o CORPO foi
projetado.
Não
existe este ou aquele CORPO compulsivo sexual, mas
um espírito que submete seus equipamentos genitais à tirania do desrespeito e ao
egoísmo exclusivista na ânsia se gozar e gozar sem perceber que carece de
educação interior. Você
não é seu corpo nem seu corpo é você. Ele é divina concessão da SABEDORIA DE
DEUS que lhe empresta como abençoada oficina-escola para a educação de seu
Espírito.
Estamos
falando isso no campo do sexo e da nutrição, e nem
tocamos ainda no assunto dos que submetem seu corpo às tempestades da ira, da
mágoa, do ressentimento, do excesso de trabalho. O
dócil e obediente corpo que provoca uma DOR DE CABEÇA como sinal de alerta de
nossas emoções descontroladas recebe um CALA BOCA na forma de uma aspirina, por
ele não deve nos toldar o tempo com seus caprichos.
O
fígado ganha um regulador hepático quando
tenta mostrar a você que o “Ódio e a Falta de Perdão” estão destrambelhando seu
equilíbrio em ondas de energias a lhe corromper as funções nobres. Ele
deve obedecer e aceitar o que você escolher comer e pensar sem reclamar. Aquela
azia e desconforto gástrico são silenciados à custa de antiácidos toda
vez que seu estômago tenta alertar-lhe de que A VIDA é assunto que você não está
digerindo bem. Mas
ele também deve calar-se e digerir à força o que você quiser, naturalmente
prosseguindo os alertas até a úlcera exigente.
SEU
CORPO SÓ TEM UM INIMÍGO, e ele não é um vírus, nem um agrotóxico, nem uma
bactéria, nem um aditivo químico alimentar. O
INIMIGO DE SEU CORPO É SEU ESPÍRITO INDISCIPLINADO! Promover as pazes entre o
CORPO e a ALMA é o desafio de todos os tempos, e
plenamente e mais do que nunca, ao nosso alcance hoje. O Espiritismo ensina que
a REFORMA ÍNTIMA através do autoconhecimento e da adesão a diretrizes de
auto-educação são ferramentas fantásticas de equilíbrio.
No
hábito da oração – tão útil para a alma quanto a escovação dos dentes é para a
saúde bucal –
traz para cada um de nós a companhia preciosa dos instrutores espirituais sempre
interessados e comprometidos com o nosso crescimento perante a VIDA seja em sua
expressão material ou espiritual.
Prossigamos
vivendo e usufruindo no corpo os prazeres que a vida material nos prodigaliza e
que são nosso direito. Mas
que tal acrescentar AMOR na forma de AFETO e EDUCAÇÃO na forma de RESPEITO.
Acrescentemos AFETO POR NÓS MESMOS juntamente com o RESPEITO AOS OUTROS na
satisfação de nossas necessidades,
cientes de que perante a LEI IMORTAL ninguém lesa o outro sem comprometer-se
perante a vida a resgatar a dor e sofrimento provocados.
JESUS
nosso Mestre incomparável é
para nós modelo incomparável de sobriedade e equilíbrio.
Comia quando o corpo tinha fome, bebia quando o corpo tinha sede. Fez de suas
forças sexuais um instrumento de trabalho para a redenção da humanidade,
conduzindo todo seu erotismo para a Missão de nos deixar a sua mensagem imortal:
AMA,
disse ele a todos nós! É o amor a sua herança, seu legado e é o AMOR que nos há
de levar à felicidade que tanto desejamos.
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