Texto
de Tony Duda – Mestre Lua
Quando nos tornamos missionários da Casa
do Pai, nem sempre percebemos as reais necessidades dos pacientes, que chegam
ao Templo em busca de uma palavra, um consolo, uma solução, uma cura, um
atendimento...
Colocamos nosso uniforme, nos
mediunizamos e nos entregamos à Espiritualidade.
Participamos de alguns trabalhos,
olhamos para o relógio, encerramos e vamos embora. Afinal, fizemos nossa
parte e cumprimos nossa missão por aquele dia, não é mesmo?
Aparentemente, sim! Mas redescobri que
nem sempre é ocorre como pensamos. Nossa missão naquele dia talvez ainda não
tenha encerrado de fato.
Reaprendi isso quando eu estava
adoentado, na semana de minha Consagração, e resolvi ir ao Pronto Socorro
Universal na condição de paciente, já que dois médicos não sabiam do que se
tratava. Sai do hospital e fui direto ao Templo, onde lá cheguei pouco depois
das 21 horas. Ao aproximar-me do Setor de Tronos, o Comandante informou que o
atendimento havia encerrado me virtude da hora, porém adiantou que se o
Presidente do dia permitisse, tudo bem. Fui até ele e perguntei se eu ainda
poderia me consultar. Ele olhou para mim, olhou para o relógio e concedeu.
Voltei ao trono, vi onde estava o fim da
fila e, em silêncio, mentalizando a Espiritualidade, aguardei a minha vez.
Neste momento recordei da orientação dos
Instrutores, de que muitos Mestres trazem problemas quando estão na condição
de pacientes, porque querem prioridades. Entendi que deveria fazer por
merecer aquele atendimento, sem recorrer aregalias.
A minha vez
Lembrei que, quando ainda estava no
consultório, antes de ir ao Templo naquela noite, uma senhora chegou irritada
porque não havia conseguido prioridade no atendimento, mesmo estando com um
bebê. A atendente então se dirigiu a mim e perguntou se eu poderia ceder
minha vez àquela senhora. Prontamente disse que sim. Lembrei ainda que quando
estamos na condição de prisioneiros, por exemplo, a gente não deveria ceder
mais? Ficar mais tolerantes? E se aquela senhora estivesse precisando mais do
que eu? Assim como no hospital, eu deveria fazer por merecer e aguardar minha
vez ali no Templo.
A hora avançava e, aos poucos, os Tronos
iam encerrando um a um. O Comandante tentava emplacar mais um paciente, mas
nem sempre tinha êxito.
Perto das 23 horas a maioria dos Tronos
havia encerrado. Além de mim, havia outros dois pacientes na minha frente
para serem atendidos e um trabalho especial.
Nessa hora, fiquei pensando: "Não
era para eu estar aqui pedindo e sim me doando". Mas realmente não tinha
condições físicas de colocar o uniforme e prestar a caridade. Doía minha
cabeça, coluna e os “ossos das pernas”... Meu corpo estava fraco. Era
incômodo ficar sentado e de pé não agüentava.
Precisava ter paciência e se fazer
merecedor de chegar a um Preto Velho.
No banco de espera
As horas corriam e os Comandantes
gentilmente tentavam segurar os aparelhos. Até que os dois últimos tronos
sinalizaram que não iriam mais atender. Aí apelei a Pai João de Enoque. Disse
que estaria nas mãos dele e se fosse de meu merecimento e de algum espírito
sofredor que porventura me acompanhasse, que segurasse ainda algum preto
velho ali nos Tronos. Baixei a cabeça e fiquei mentalizando. Nesta hora um
preto velho mandou chamar o Comandante para falar de tanta demora nos
atendimentos. Comecei a chorar.
O Comandante pediu que eu tivesse calma,
pois nem que ele tivesse que “garimpar” algum Apará no entorno do Templo,
para seguir o trabalho, ele deixaria alguém sair sem atendimento.
Todos os demais trabalhos haviam
encerrado e eu era o último paciente daquela noite. Só estava eu ali no banco
de espera, os Comandantes dos Tronos, o último Trono Aberto e o Presidente do
Dia.
Como o ambiente estava em silêncio, ouvi
o Mentor dizer ao Comandante que tudo tem a hora de acontecer. Como se os
louros, as pérolas de todo o dia de trabalho estivessem concentradas naquele
exato momento.
A lição
Esse instante foi muito singelo para
mim, pois me deixou uma grande lição: de que precisamos estar prontos para
servir. De que somente recordando quando fomos pacientes ou mesmo voltando a
sentir na pele a fila de espera, para compreender e reaprender nossa real
necessidade de prestar a caridade e não apenas ficar preocupado em encerrar o
expediente e seguir para casa.
Quantos pacientes não chegam ao Templo
em busca de um atendimento ou para passar por um trabalho, que muitas vezes
não acontece por falta de Mestres para completar? Quantos não depositam em
nós a esperança e a cura? Se não fosse assim, para que um paciente ficaria
até altas horas da noite, sentado em um banco duro de cimento aguardando,
como eu fiquei?
Tenho a impressão de que naquela noite
outras lições ficaram marcadas. Para o Presidente, que permitiu meu
atendimento, pois ele poderia ter dito que os trabalhos haviam encerrado e
pronto! Para os comandantes, que viram que eu estava precisando e não era
capricho. Para o Doutrinador, que se compadeceu com a situação e se manteve
firme para não encerrar o atendimento. E ao aparelho, que permitiu mais uma
vez que a Entidade pudesse fazer seu trabalho de luz e caridade. Para mim,
tudo serviu de aprendizado e o Preto Velho confirmou isso no Trono. Agradeço
muito por esse momento. Sai de lá renovado no físico e no espiritual.
Tony – Mestre Lua
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SALVE DEUS! FAÇAM O FAVOR DE SEREM FELIZES. COMAM E BEBAM; A MESA ESTÁ POSTA! SALVE DEUS
sábado, 10 de setembro de 2011
O Paciente
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