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O que, no mundo de hoje, não provoca a ira
de Deus? Se olharmos para o campo religioso, não poderia haver maior
confusão e apostasia. No político, nem se fala. Praticamente é só
corrupção. No moral, então, o que falta para o nudismo completo, com as
“modas” cada vez mais despudoradas? O que resta da família, desfeita
pelo abandono do verdadeiro matrimônio cristão e substituída por
“uniões informais”, pela aprovação do casamento homossexual, do aborto,
da “ideologia de gênero”? E paremos por aqui.
Não é, pois, de espantar que sobrevenham sucessivas catástrofes, mas
apenas perguntar de que natureza, quando e onde será provavelmente a
próxima.
Rememoremos algumas mais recentes.
· 17/08/2017: “Inundações em
Bangladesh já afetam 4,5 milhões de pessoas e deixam 56 mortos. As
inundações já atingem 26 dos 64 distritos do país, e 470 mil pessoas
tiveram que ser levadas para um dos 915 abrigos””[i]
· 30/08/2017:
“'Desastre ignorado': inundações na Índia,
Bangladesh e Nepal deixam 1 milhão e 200 mil mortos e milhões de
desabrigados. ”[ii].
· 06/09/2017:
Três furacões simultâneos atualmente devastam o Atlântico e o Golfo do
México. Ao menos 9 pessoas morreram e 7 outras estão desaparecidas nas
ilhas de Saint-Martin e Saint-Barthélemy, no Caribe francês. O número
dos mortos é de 112[iii].
· 08/09/2017:
Terremoto da magnitude de 8,1, no Estado de Oaxaca, o mais forte que o
México conheceu em um século, fez pelo menos 58 mortos. Teme-se um
tsunami[iv].
Estas são algumas amostras do que está acontecendo em todo o mundo,
relacionadas apenas a desastres naturais. Se fôssemos falar dos
desastres morais, não haveria espaço suficiente nesta folha.
“Castigai-nos, Senhor, mas com equidade”
Com que estado de espírito o público em geral, e os atingidos em
particular, deveriam ver esses sinais? Com o coração contrito e
humilhado pelos nossos pecados, que provocam a ira de Deus. Ou seja,
como o profeta Jeremias se expressou milênios atrás: “Castigai-nos,
Senhor, mas com equidade, e não com furor, para que não sejamos
reduzidos ao nada (Jer. 10, 24).
Mas a generalidade das pessoas tem o coração contrito e humilhado, como
a situação o requer? Infelizmente, não.
Um exemplo, para falar apenas das duas ilhas
francesas no Caribe, Saint-Martin e Saint-Barthélemy, arrasadas pelo
tufão Irma. Uma das principais preocupações de muitos moradores — se
não de todos — diz respeito à estação de turismo, que deve começar em
dezembro e é muito concorrida.
O site franceinfo entrevistou alguns
dos atingidos pela catástrofe nessas ilhas. Um
deles, um economista, manifestou assim sua preocupação: “É
preciso reconstruir o mais rapidamente possível, de modo a não perder a
estação turística”. Quer dizer, a preocupação é ganhar
dinheiro.
Pior: as pilhagens em meio
ao caos
Mas há pior. Muitos dos
sobreviventes, além de não manifestarem o estado de espírito descrito
por Jeremias, querem aproveitar-se da situação fazendo pilhagens.
Uma habitante da ilha de
Saint-Martin, entrevistada pelo mesmo site,
disse à reportagem: “O que me chocou e desolou
verdadeiramente foram as pilhagens, as lutas por uma televisão, por um
ventilador”, em meio ao caos das lojas atingidas.
Deve-se por isso temer que ocorra com eles o que diz o Levítico:
“Se apesar desses castigos não vos
quiserdes corrigir, mas vos obstinardes em resistir-me, eu vos
resistirei por minha vez e vos ferirei sete vezes mais, por causa dos
vossos pecados” (Levítico 26, 23-24).
Uma voz discordante
Na iminência de o furacão Irma
atingir Miami, houve felizmente nos Estados Unidos uma voz que encarou
a realidade com espírito sobrenatural.
Lembrando-se de que na
liturgia antiga da Igreja há procissões e preces para essas ocasiões, o
Pe. John Zuhlsdorf recomendou em seu blog aos bispos e ao clero da
região que as fizessem com seus fiéis, para implorar a misericórdia de
Deus. E para que tivessem maior eficácia, que fossem feitas segundo o
antigo cerimonial da Igreja.
Assim, ele recomenda que o
bispo, “de pé nos degraus de sua respectiva
catedral, vestido com capa magna e mitra, cercado pelo clero, com a
cruz na mão, pronuncie — como está no Ritual Romano tradicional —, a
Ladainha de todos os Santos, com as preces deprecatórias contra as
tempestades, tocando os sinos da catedral”, pois estes são
um sacramental, e seu soar ajuda a afastar as tempestades.
Se o episcopado e o clero dessas regiões atingidas tivessem agido
assim, teríamos o que está dito no II livro dos Macabeus: “Suplico aos que lerem este livro [ou este
artigo], que não se deixem abater por esses tristes acontecimentos, mas
que considerem que esses castigos tiveram em mira não a ruína, mas a
correção de nossa raça” (II Mac 6, 12).
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