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Assunção de
Nossa Senhora.
Beato Angelico (1395 – 1455), Google Cultural Institute
A festa da
Assunção de Nossa Senhora foi constituída em dogma pelo papa Pio XII em
1 de novembro de 1950. A festa é comemorada no dia 15 de agosto também
sob os títulos de Nossa Senhora da Glória ou de Nossa Senhora da Guia.
Esse dogma
era ardentemente desejado pelas almas católicas do mundo inteiro,
porque coloca Nossa Senhora completamente fora de paralelo com qualquer
outra mera criatura.
Justifica-se assim o culto de hiperdulia que a Igreja lhe tributa.
[“hiperdulia”: culto especial reservado à Virgem Maria, superior à
“dulia”que se dedica aos santos e aos anjos].
Nossa Senhora passou por uma morte suavíssima que é qualificada com uma
propriedade de linguagem muito bonita, como a “dormição de Nossa
Senhora”.
“Dormiçao” indica que Ela teve uma morte tão suave, tão próxima da
ressurreição que, apesar de ser uma verdadeira morte, entretanto mais
parecia a um simples sono.
Nossa Senhora depois foi chamada à vida por Deus, ressuscitou como
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Subiu depois aos céus, na presença de todos os apóstolos ali reunidos,
e de uma quantidade muito grande de fiéis.
Essa Assunção representa uma verdadeira glorificação aos olhos de toda
a humanidade até o fim do mundo. É o proêmio da glorificação que Ela
deveria receber no Céu.
É interessante fazermos uma recomposição de lugar para imaginarmos como
a Assunção se passou. A respeito do fato não existem descrições e
podemos imaginá-lo como nossa piedade gostaria.
Em baixo, os Apóstolos todos ajoelhados, rezando num ambiente com algo
de inefavelmente nobre, sublime, recolhido, interior.
Podemos imaginar todos os Apóstolos com expressões de personagens de
Fra Angélico.
Dormição
de Nossa Senhora, Fra Angélico (1395 – 1455)
O céu enchendo-se
gradualmente de anjos, à imagem dos anjos de Fra Angélico também,
tomando os coloridos os mais diversos, com matizações e irradiações
magnificas, um espetáculo absolutamente incomparável.
Se Nossa
Senhora pôde dar ao céu um colorido tão diverso e produzir fenômenos
tão excepcionais em Fátima, por que o mesmo não se teria dado por
ocasião de Sua Assunção ao Céu?
Ela se coloca em pé enquanto o respeito e recolhimento de todos aqueles
que estão lá vão crescendo.
A semelhança física dEla com Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Filho, vai
se acentuando cada vez mais.
A glória de Nosso Senhor transfigurado se vai comunicando a Ela.
Ela cada vez mais rainha, cada vez mais majestosa, cada vez mais
mãe.
Todo seu íntimo se manifestando de modo supremo nessa hora de despedida.
Alguns anjos, talvez, os mais esplêndidos do Céu, se aproximam e fazem
Nossa Senhora subir.
Com o auxílio deles, Ela vai subindo e, aos poucos, o céu vai se
transformando.
Assunção
de Nossa Senhora.
Johannes, Wielki, Master of the Olkusz Poliptych, (1466-1497)
Na terra, aquela
maravilha vai mudando, e volta ao aspecto primitivo.
Os homens
voltam para casa com a sensação que tiveram na Ascensão de Nosso
Senhor.
Ao mesmo tempo estão maravilhados, com uma saudade sem nome, desolados
por algum lado, mas levando na retina algo que nunca tinham visto, nem
podiam ter imaginado a respeito de Nossa Senhora.
Imediatamente, o triunfo de Nossa Senhora começa no Céu.
A Igreja gloriosa inteira vai recebê-La. Nosso Senhor Jesus Cristo A
acolhe, todos os coros de anjos estão ai, São José está perto. Depois é
coroada pela Santíssima Trindade.
É impossível pensar nesse triunfo terreno, sem pensar no triunfo
celeste que veio logo depois.
É a glorificação de Nossa Senhora aos olhos de toda a Igreja triunfante
e aos olhos de toda a Igreja militante.
Com certeza, nesse dia também a Igreja padecente no Purgatório recebeu
uma efusão de graças extraordinárias.
Não é temerário pensar que quase todas as almas que estavam purgando
suas penas foram libertadas por Nossa Senhora nesse dia. De maneira que
também ali houve uma alegria enorme.
Assim é que podemos imaginar como foi a gloriosa Assunção de nossa
Rainha.
Algo disso se repetirá quando vier o Reino de Maria prometido em
Fátima, quando virmos o mundo todo transformado e a glória de Nossa
Senhora brilhar sobre a terra, porque Seu reinado começou de modo
efetivo, e dias maravilhosos de graças, como nunca houve antes, começam
a se anunciar também.
Antes de contemplarmos a glória de Nossa Senhora no Céu, nós havemos de
contempla-la na terra certamente, com algo que poderá nos dar alguma
semelhança desse triunfo sem nome que deve ter sido a Assunção de
Maria.
Quando pensamos nos triunfos que os homens preparam para seus grandes
batalhadores, por exemplo, as tropas francesas desfilando sob o Arco do
Triunfo, depois da Guerra de 14-18, ou mais pocamente nos triunfos que
os romanos preparavam para seus generais vencedores, devemos
compreender que Nosso Senhor Jesus Cristo que é infinitamente mais
generoso, deve ter premiado Nossa Senhora, no triunfo dEla aos olhos
dos homens de um modo também incomensuravelmente maior.
Portanto, tudo
quanto existe de mais glorioso e triunfal na Criação, terá certamente
brilhado na hora da Assunção de Nossa Senhora.
Meditando
nisso, aproximamo-nos nessa festa pensando na virtude que devemos pedir
a Nossa Senhora.
Cada um deve pedir a virtude que mais carece.
Mas, não haveria demasia em pedirmos a Ela uma virtude: que é o senso
da glória dEla. Quer dizer, compreender bem tudo quanto representa Sua
gloria na ordem da Criação.
Como essa glória é a mais alta expressão criada da glória de Deus.
Nós devemos ser sedentos de defender pela virtude de combatividade
levada ao seu último extremo a glória de Nossa Senhora na terra.
Fazer de nós verdadeiros cavaleiros cruzados de Nossa Senhora, lutando
por Sua glória na terra.
Essa me parece a virtude mais adequada nessa festa de glória, que é a
Assunção de Nossa Senhora.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra
pronunciada em 14.8.65, sem revisão do autor).
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