terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Parasitoses Físicas


Embora o júbilo que a todos nos dominava, após as excelentes experiências de que participamos na clínica psiquiátrica, mantivemos silencio e reflexão, durante o transcurso da jornada em direção do nosso campo de repouso, em face da quantidade de material para pensar.

A alienação mental, sob qualquer aspecto considerada, não deixa de ser áspera provação necessária ao restabelecimento da paz no Espírito rebelde. A perda do raciocínio e a incapacidade de exercer o autocontrole geram no individuo situações calamitosas, desagradáveis, infelizes.


Se as pessoas saudáveis se permitissem visitar, periodicamente que fossem, alguma clínica psiquiátrica ou mesmo outras encarregadas de atender portadores de enfermidades degenerativas como Parkinson, Alzheimer, câncer, hanseníase, é muito provável que se dessem conta da vulnerabilidade do corpo físico e dos seus processos de desorganização, optando por diferente conduta mental e moral.


Compreenderiam de visu (de fato) que os males atormentadores procedem do Espírito, podendo ser evitados com muita facilidade, em cujo labor seriam aplicados todos os recursos que se multiplicariam em benesses compensadoras.

Ilhadas, porém, nas sensações mais imediatas, nem todas se encontram despertas para entender os reais objetivos da existência humana, optando pelo gozo incessante em vez da busca superior da felicidade.

Esse processo inevitável de conscientização acontecerá, sem dúvida, e para que logo chegue, todos devemos contribuir com os nossos melhores recursos, diminuindo as consequências lamentáveis da imprevidência moral e dos seus desregramentos que desbordam nos conflitos individuais e sociais.

Quando chegamos ao núcleo de renovação de forças, a noite havia descido sem preâmbulos, abençoada pelos ventos brandos que vinham do mar, carregados de energia balsâmica e restauradora.

O nosso orientador afastou-se por breve tempo, entrando em contato com outros responsáveis por diferentes grupos que confabulavam sobre as atividades desenvolvidas. Podia-se sentir-lhes a alegria resultante dos deveres nobremente cumpridos e das expectativas felizes em relação ao futuro.

Preferi mergulhar em profundas reflexões, acercando-me do oceano rico de mensagens de vida complexa, quase infinita, nas suas manifestações. Não podia deixar de considerar a grandiosidade da revelação espírita, que enseja ao ser humano, na Terra, o conhecimento da realidade transcendente da vida, oferecendo-lhe seguras diretrizes para a conquista da harmonia e da plenitude.

Considerei, intimamente, a sabedoria divina que não tem pressa, deixando-se desvelar, à mediada que o ser adquire discernimento e responsabilidade para apreender o significado dessa dimensão incomum e seguir conscientemente, conquistando mais espaço mental e edificação moral.

Um misto de felicidade e nostalgia invadiu-me, estimulando-me a narrar aos companheiros da vilegiatura carnal as realizações do mundo além da estrutura física, de forma que adquiram mais lucidez em torno da imortalidade, preparando-se para os cometimentos que virão iniludivelmente.

Busquei, então, fixar mais os detalhes das conversações e das lições que nos eram ministradas, de forma que possam contribuir para o esclarecimento dos mais interessados na libertação dos vínculos retentores com a retaguarda do progresso espiritual.

Nesse ínterim, Germano acercou-se me, e dialogamos em torno das ocorrências vivenciadas na clínica psiquiátrica, bem como a respeito dos processos de degenerescência mental, dos transtornos obsessivos perversos, agradecendo a Deus a ímpar felicidade que desfrutávamos por haver conhecido e adotado os ensinamentos espíritas que nos libertaram da ignorância.

O amigo Germano, que fora médico, consoante já referido, era hábil trabalhador espiritual, dedicado ao socorro a portadores de obsessões fisiológicas, aqueles que sofrem a impertinência do ódio dos adversários introjetado no organismo somático.

Ele informou-me como a incidência da mente cruel sobre os delicados tecidos orgânicos termina por afetá-los, desorganizando a mitose celular, produzindo distúrbios funcionais, qual ocorre nos aparelhos digestivo, cardiovascular e abrindo campo no sistema imunológico para a instalação das doenças.

No início do processo (disse-me, bondoso) a enfermidade é mais psíquica do que física, isto é, as sensações são absorvidas diretamente do Espírito doente, perispírito a perispírito, impregnando o corpo hospedeiro da parasitose até este incorporar a energia deletéria que o desgasta no campo vibratório, atingindo, a breve prazo, a organização fisiológica.

O número de portadores de doenças orgânicas simulacro, conforme as denominamos, cuja procedência é obsessiva, não tem sido anotado, sendo muito maior do que pode parecer. Invariavelmente os cultores do intercâmbio espiritual e espiritistas, quase em geral, reportam-se às influências obsessivas de natureza mental e comportamental.

O organismo físico, no entanto, é caixa de ressonância do que ocorre nos corpos espiritual e perispiritual. Da forma como sucede com a obsessão de natureza psíquica, quando prolongada, que termina por degenerar os neurônios, dando lugar à loucura convencional, o fenômeno orgânico obedece aos mesmos critérios. O que é válido numa área, também o é noutra.

Indispensável que seja mantida muita atenção diante de afecções e infecções orgânicas, examinando-lhes a procedência no campo vibratório, no qual, não raro, encontramos mentes interessadas em desforços, muitas vezes, ignorando a operação destrutiva que vem realizando nos tecidos.

Como sabemos, nem todo Espírito vingador conhece as técnicas de perseguição, mantendo-se imantado ao seu antigo desafeto, em face da Lei de afinidade vibratória, isto é, graças à semelhança de sentimentos e de moralidade, o que faculta a plena interação de um com o outro e intercâmbio de emoções de um no outro.

Com as cargas mentais e emocionais transmitidas, mesmo que as desconhecendo, são constituídas de campos de ressentimentos e de vingança, essa contínua onda vibratória nociva é assimilada pelo ser energético, que passa a mesclá-la com as suas próprias, gerando desconforto e disfunções nos equipamentos que sustenta.

Iniciando-se a desconectação do fluxo de energia emitida pelo Espírito encarnado, em face da intromissão daquelas morbosas, as defesas imunológicas diminuem, abrindo campo para a instalação de invasores microbianos degenerativos. As doenças aparecerão logo depois.

Toda terapia antibactericida, portanto, que objetive apenas os efeitos dessa ocorrência, irá combater somente os invasores microbianos, não reequilibrando o campo organizador biológico, cuja sede é o perispírito, que se encontra afetado pelo agente espiritual desencarnado.

Nunca será demasiado repetir que, em qualquer processo de enfermidade e disfunção fisiológica ou psicológica do ser humano, o doente é o Espírito convidado à reparação dos erros cometidos, responsáveis que são pelas tormentas orgânicas de que o mesmo se torna vítima.

Ele calou-se por um pouco e eu considerei: Embora não me fosse desconhecida a ocorrência, esse tipo de obsessão fisiológica, não poderia imaginar que apresentasse uma estatística tão expressiva conforme o amigo me relata.

O irmão Miranda sabe que os elementos constitutivos do perispírito são de energia muito específica, ainda não havendo sido classificada pelos estudiosos da física quântica.

Pensam muitos especialistas de nosso plano que ele seria constituído por átomos muito sutis ionizados ou por partículas semelhantes aos neutrinos ainda mais tênues e velozes do que aqueles que foram detectados nos formidandos laboratórios terrestres, nada obstante, prefiro, a definição do preclaro codificador, quando se refere a um envoltório semimaterial, portanto, em termos muito simples, resultado de uma energia semimaterial, de um campo específico.

A sua irradiação contínua impregna a organização física dos seus conteúdos, que são resultantes dos atos que procedem do ser pensante, o Espírito imortal. Essa maravilhosa estrutura energética pode ser penetrada por outras, dependendo dos valores morais do ser espiritual que a acolhe, de acordo com a afinidade de constituição.

Quando é superior, torna-se mais vibrante e resistente, gerando valores positivos no organismo; sendo de procedência inferior, termina por tornar-se cediça e frágil, apresentando lesões que se refletem como distúrbio equivalente no mundo das formas. Forma energética do corpo somático, tudo aquilo que lhe ocorre na organização, será refletido na forma.

Eis por que, toda e qualquer terapêutica direcionada a doenças deve sempre considerar o ser humano total, não apenas como o corpo ou como o corpo e a mente (Espírito) mas como Espírito, perispírito e corpo. Quando isso ocorrer, e não estão longe os dias da sua aceitação, o binômio saúde-doença estará recebendo muito melhor contribuição do que aquela que lhe tem sido direcionada até estes dias.

Compreendo, a realidade do enfoque apresentado pelo caro amigo, porque muitos cancerologistas, cardiologistas e outros profissionais da saúde de ambos os planos da vida, são unânimes em afirmar que transtornos psicológicos, raiva e ressentimentos, ciúme e inveja, isto é, todos esses fatores de perturbação emocional, refletem-se na área da saúde, dando surgimento a patologias graves, como algumas das que dizem respeito às suas especialidades.

Por outro lado, verificamos amiúde, os casos de problemas orgânicos derivados dos conflitos, particularmente, dos aparelhos digestivo e cardíaco, por somatização. Se a mente pessoal gera esses fenômenos perturbadores, sob ação de outras mentes mais vigorosas, ainda sob a cruz dos conflitos originados na conduta extravagante do passado, é claro que os efeitos danosos são muito mais fortes, favorecendo o surgimento de doenças mais graves, produzidas pelos agentes microbianos de destruição dos tecidos.

Em assim sendo, qual a melhor terapia para se aplicada? Indiscutivelmente, a do Evangelho, isto é, a da transformação moral do paciente, que é a sua parte fundamental, e a nossa contribuição em relação a ele, a fuidoterápica, a fim de afastar o agente desencadeador do problema, a sua conveniente doutrinação, a compaixão e misericórdia para com ele, sem nenhuma diferença daquela que seria aplicada nos transtornos obsessivos mentais e comportamentais.

Pelo pensamento, cada um de nós elege a companhia espiritual que melhor nos apraz. Na larga experiência de lidar com obsessos físicos, tenho aprendido que é a mente o grande agente fomentador de vida, como de destruição dos seus elementos constitutivos. Afinal, o que criou e rege o universo é a mente divina, na qual tudo se encontra imerso.

A mente humana, nos seus limites, produz a constelação de ocorrências próximas à sua fonte emissora de energia, sempre em sintonia com a qualidade de vibrações exteriorizadas. Pensar bem, portanto, já não tem sentido apenas ético ou religioso, mas uma abrangência muito maior que é o psicoterapêutico preventivo e curador.

Sorrimos, jovialmente, e levantamo-nos, seguindo em direção à sala onde receberíamos as instruções para o próximo labor. Eu me sentia edificado e feliz

Compilado do livro: Entre os dois Mundos
Autor: Manoel P. de Miranda (espírito) e Divaldo P. Franco

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