sábado, 16 de abril de 2016

O BOM SAMARITANO



A lição do bom samaritano



Jesus contou a parábola do bom Samaritano (Lucas, 10: 25 a 37), depois que um doutor da lei levantou-se, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

Jesus lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? 

E respondendo, ele disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo.

E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás.

Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?

E, respondendo, Jesus disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio-morto. 

E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.

E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo.

Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão.

E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele;

E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar.

– Qual, pois, destes três te parece que foi próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele.

Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira.

Direto ao assunto – No tempo de Jesus, os discursos eram feitos de maneira diferente do que são feitos hoje. O assunto principal era colocado logo no início da fala. Tinha-se como costume falar em parábolas, historinhas com assuntos extraídos dos costumes e da vida da época, que muito facilitava a compreensão do homem daquele tempo.

Ao contrário de hoje, o orador podia ser interrompido a qualquer momento da sua conversação. Por isso, vemos no Evangelho que Jesus foi interrompido inúmeras vezes quando falava e muitas dessas vezes pelos chamados doutores da lei, que faziam perguntas capciosas, com a finalidade de colocar o Mestre em contradição, coisa que jamais conseguiram e isso os deixava furiosos.

Pouca espiritualidade – Os doutores da lei tinham profundo conhecimento das leis de Moisés e demais livros do Velho Testamento. Jesus deixou bem claro que não tinha vindo para derrogar as leis, mas para dar-lhes cumprimento e, naturalmente, nova interpretação: de leis baseadas no olho por olho, dente por dente, para leis baseadas na caridade, na humildade e no amor ao próximo. Essas leis a que eles se apegavam estão contidas nos primeiros cinco livros do Antigo Testamento, atribuídos a Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Número e Deuteronômio - o chamado Pentateuco, ou a Torá.

Como Jesus os classificou, os doutores da lei eram hipócritas e usavam a religião para proveito próprio.

Samaritanos, a “escória” – A Samaria situava-se ao Norte de Israel, entre a Judeia e a Galileia, região de montanhas e montes. Eram malvistos por só admitirem o Pentateuco, que continha as leis de Moisés, e rejeitarem todos os outros livros que foram posteriormente anexados. Seus livros sagrados eram escritos em caracteres hebraicos da mais alta antiguidade. Para os judeus ortodoxos, os samaritanos eram heréticos e, portanto, desprezados, anatematizados e perseguidos.

A fim de não terem que ir a Jerusalém para as celebrações das festas religiosas, os samaritanos construíram imenso templo próprio e adotaram certas reformas. A Samaria tornou-se a capital do reino dissidente do reino de Israel. Os hebreus evitavam cruzar a região.

Caridade e religião – Jesus, o pedagogo por excelência, usou a figura do samaritano para mostrar ao orgulhoso e prepotente doutor da lei o verdadeiro sentido da caridade, que independe da religião.

A parábola do bom samaritano nos mostra que as coisas do Espírito são reveladas aos simples; que não basta memorizar as Escrituras, mas cumprir os seus ensinamentos; que devemos amar indistintamente e perdoar indefinidamente.

Educador por excelência, Jesus nos mostrou, nesta admirável parábola, que o viajante ferido é a Humanidade; o sacerdote e o levita são os ministros religiosos, que pregam, falam bonito, mas agem de acordo com as suas conveniências.

O samaritano é Jesus; o azeite é o símbolo da fé; o vinho, o suco da vida; os dois dinheiros, a caridade e a sabedoria; o mais que o enfermeiro gastar, a abnegação, a vigília, a paciência, a dedicação; o hospedeiro simboliza os que recebem os ensinamentos de Jesus. 

Ensinamentos de Jesus, na Samaria – O sentimento de ódio pelos samaritanos era tão arraigado que mesmo os discípulos de Jesus demonstravam insatisfação quando tinham que atravessar a região da Samaria. O Mestre, modificando os costumes da época, cruzava a região, sem problemas.

Uma das vezes em que Jesus passou pelas montanhas da Samaria, esteve junto ao Poço de Jacó, onde manteve diálogo com a mulher samaritana. (João, 4: 9 a 14)

– Dá-me de beber.

– Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?

– Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.

– Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu maior que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?

– Qualquer que beber dessa água tornará a ter sede, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna.

Na sequência do diálogo, uma importante afirmação de Jesus (João, 4: 19 a 24):

Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e tu dizes que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar?

– Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorarás o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e verdade.  

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