Jesus, o Pomicultor excelso.
A Doutrina Espírita, árvore frondosa e verdejante.
E nós, os serviçais menores da Seara.
O Consolador, qual árvore benfazeja, vem guardando-nos sob sua sombra generosa, servindo de referência aos viandantes da estrada da vida, e alimentando com seus frutos as nossas necessidades da alma.
E quais jardineiros zelosos, cada qual de nós vem fazendo os serviços de poda e limpeza nessa fronde exuberante.
A uns foi confiada a tarefa de vigilante, a outros coube o dever da tesoura e da apara, a muitos foi delegada a bênção de preservar a beleza e o viço.
São cinquenta anos de luz e vitórias que, em verdade, refletem a atenção de Jesus, o pomicultor do espírito, para com sua fronde libertadora.¹
E nesse tempo de homenagens justas, nessa hora de festa e comemoração do cinquentenário jubiloso do Pacto Áureo, deveríamos convidar o Mestre à mesa de nossas alegrias e ceder-Lhe a palavra luminosa.
O que diria o Senhor nessa hora?
Que verbo seria o do Tutor Maior em nossos congressos de avaliação e reverência?
Ficamos a imaginar, na escassez de nossos minutos de meditação, semelhante quadro, e é como se sentíssemos um apelo vindo dos céus na acústica da alma a dizer: e a seiva? Quem dela cuidará?
Cremos que, na hora em que nos reuníssemos para prestar nossa gratidão pelo meio século passado, certamente Ele não nos entregaria a faixa das gloríolas efêmeras, e nem tampouco nos lisonjearia com palavras de incentivo a nosso narcisismo pertinaz.
E a seiva? Façamos essa pergunta a todos nós, serviçais infiéis, que tão pouco oferecemos ao pacto da união e aos labores da unificação.
Que melhor lembrança para nós haveria que ao invés de colhermos glórias imerecidas, visualizássemos sim a tarefa que nos espera?
A fronde foi bem cuidada: o Espiritismo luz alvissareiro.
Todavia, uma árvore frondosa perde a sua beleza se falta a seiva da vida.
Nessa figura, a seiva é a mensagem universal da moral contida nos textos da Boa Nova.
A seiva é o Evangelho.
E quem dela cuidará?
Em todos os tempos o Pomicultor Divino não deixou de enviar operários sábios e amoráveis para manter a seiva nutriente em constante revigoramento.
A hora é de todos que nos encontramos na vinha. Não é serviço para programas exteriores e coletivos, e sim missão individual para os que se candidatarem a preparar o terreno com a adubação e irrigação.
A árvore do Espiritismo, por se enraizar em solo inóspito e árido, muito pedirá a quem quiser propiciar-lhe a água; valas longas e distantes serão cavadas no sacrifício e na solidão da manipulação da ferramenta escavante. Quem, por sua vez, lhe for adubar se entregará à atividade da seleção de componentes orgânicos adequados ao desiderato, e nisso haverá o odor desagradável e asfixiante...
Água e adubo, eis as substâncias que estão reservadas aos tratadores da Seiva Divina do Evangelho nos galhos e folhas reluzentes do Espiritismo Cristão.
E a seiva? Quem dela cuidará?
Vamos refletir, nesse ciclo de sucessos, ao resguardo do granito-luz, o quanto nos reserva o porvir.
Tempos novos.
No cinquentenário abençoado de esforço heróico vamos nos unir e trabalhar.
Se unificação é agregação de valores morais e doutrinários, muito ainda falta a fazer.
Em 1949 foi o instante do chamado², essa é a hora da escolha, e a pergunta está feita: e a seiva?
O servidor menor,
Bezerra de Menezes
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