A Terra para alguns assemelha-se a um “navio negreiro” transportando em seu seio os escravos do egoísmo em noite tempestuosa.
Suspensa no espaço, essa nau segue seu curso através dos oceanos da galáxia.
Na intimidade da nau, carga viva se deblatera ante as marés transformadoras, que balançam o navio para que o despertamento das almas se dê através das lutas redentoras.
Choro e ranger de dentes ecoam por todo orbe como despertadores benditos para que os surdos do espírito possam acordar das paixões que os acrisolam.
Grande parte da mole humana prefere se manter no porão da nau terrena, não obstante, Jesus, o Timoneiro de Deus, venha acenando com seu astrolábio amoroso ofertando a rota renovadora do Evangelho.
Os escravos desses tempos não são coagidos pela força exterior através do braço do mais forte.
A senzala está localizada na intimidade do coração humano.
O tronco em que o homem se compraz é o do orgulho.
O espírito escravizado não tem correntes a prender-lhe pés e mãos, impedindo-o de ganhar a liberdade, pois é dentro de si que a luta abolicionista acontece.
As chagas que ferem a alma são abertas pela ignorância humana acerca do sentido verdadeiro da vida.
As chibatadas que vergastam e dilaceram o corpo físico, em forma de enfermidades, não são castigos impingidos pelo “Senhor do Engenho”, mas o resultado da semeadura realizada em tempos transatos.
Os tempos escravagistas da modernidade revelam a cultura hedonista, que escraviza mais e mais as mentes incautas.
O pelourinho de hoje é o sexo desenfreado e a cultura exagerada ao corpo, pois que a criatura humana se expõe voluntariamente de todas as formas possíveis.
Jesus, o abolicionista das nossas almas, nos pede esforço próprio para a libertação anelada e necessária.
O legado do Cristo: A cada um será dado conforme as suas obras – revela que o homem se liberta ou se escraviza às paixões que cultiva, por escolha própria.
Bendito seja o Consolador Prometido, que nos afasta da sanha da culpa perante a vida, para nos outorgar o archote da responsabilidade pela Doutrina dos Espíritos.
A Terra é a nau bendita que transporta os filhos de Deus em processo evolutivo.
Para alguns a vida na Terra é cativeiro, para outros é portal libertador.
Não somos cativos da vida, somos escravos das escolhas realizadas.
Já estivemos em outras naus planetárias, já navegamos em outros oceanos escolares.
A bússola libertadora é o evangelho, e é preciso seguir a direção apontada para o amor.
A escravidão é voluntária, a caridade é a chave que escancara as portas da senzala emocional onde grande multidão se acrisola.
Já raiou a liberdade no horizonte das nossas vidas, mas para contemplá-la e vivenciá-la é preciso amar.
Allan Kardec é o abolicionista da razão, pois O Livro dos Espíritos é a grande carta de alforria.
A morte morreu, o medo não escraviza mais, a imortalidade é a verdadeira expressão da liberdade para o espírito imortal.
Já raiou a nova aurora para os nossos corações, mas urge que trabalhemos na construção da liberdade interior.
Renovemos, pois, as nossas esperanças sem descanso, a obra precisa ser realizada.
O Senhor das nossas vidas é Jesus.
Segue conosco, Compassivo Timoneiro, e acalma o mar bravio das nossas imperfeições.
Diante das dores que nos fazem soçobrar, pede ao mar da nossa ignorância que se acalme, a fim de caminharmos sob as águas turbulentas, como o fez Pedro.
Acalma a ventania das paixões que nos envilecem egoisticamente.
Misericórdia, Timoneiro de Deus, pois desejamos abandonar o porão das trevas humanas para estar contigo sob as estrelas da esperança, no convés da nau do Seu Evangelho Redentor.
SALVE DEUS
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