"6. O espírito que se comunica por um médium transmite diretamente seu pensamento, ou esse pensamento tem por intermediário o espírito encarnado do médium?
É o espírito do médium que o interpreta, porque está ligado ao corpo que serve para falar, e é preciso um laço entre vós e os espíritos estranhos que se comunicam, como é necessário um fio elétrico para transmitir uma notícia ao longe, e no fim do fio uma pessoa inteligente a recebe e a transmite". (L.M. - Cap. XIX, Segunda Parte, item 223)
Os Espíritos foram claros ao dizer que o espírito do médium é o intérprete de seus pensamentos.
Sendo intérprete dos pensamentos dos espíritos comunicantes, é natural que a mensagem transmitida contenha algo do médium, assim como o espelho que reflete uma imagem o faça de acordo com as suas possibilidades.
Um espelho embaçado ou partido evidentemente refletirá imagem com tais distorções, embora o objeto refletido se mantenha íntegro.
O espelho mental do médium, portanto, é de fundamental importância no processo das comunicações intelectuais.
Semelhante às águas de um lago, o médium necessita zelar pela sua serenidade mental, para que a mensagem dos espíritos se reflita com a fidelidade possível.
É importante que o medianeiro, principalmente nas horas que antecedem uma reunião mediúnica, se preserve de abalos emocionais, de conversas desgastantes, de leituras exaustivas, de programas televisivos ou radiofônicos.
O ideal seria que o médium, preparando-se para uma tarefa, pudesse ouvir alguma música suave, de preferência orquestrada.
É lógico que a preparação maior do médium deve acontecer no dia-a-dia; mas, como sobre a Terra ninguém consegue fugir às lutas, poucas horas em que ele consiga se isolar dos problemas serão de grande valia para que os espíritos não encontrem tantos obstáculos mentais...
Compararíamos, ainda, a mente do médium a uma janela do tipo veneziana. Não raro, os nossos pensamentos conseguem alcançá-lo somente através de algumas poucas frestas... E devemos nos contentar com essa reduzida possibilidade, como igualmente o médium.
Muitos medianeiros manifestam a sua contrariedade por não lograrem resultados mais positivos com as suas faculdades; ora, se eles não nos oferecem melhores condições de trabalho, com que direito esperariam mais de nossa parte?!...
Diremos mesmo, sem qualquer preocupação com a modéstia, que nós, os desencarnados, até temos feito muito, em face das condições de trabalho que nos são oferecidos.
Às vezes, para conseguirmos escrever algumas linhas por dia através de um médium psicógrafo, precisamos postar-nos junto a ele quase que dia inteiro, à espera que encontre tempo para nós e nos ofereça sintonia.
Os confrades espíritas reclamam da pequena produção de romances mediúnicos, mas onde estarão os médiuns que, além de predisposição natural para Literatura, tenham paciência suficiente para recebê-los?!...
Para muitos espíritos, tem sido desanimadora a tarefa de tutelar um médium.
Além destes obstáculos apontados por nós, existem aqueles outros que se encarregam de criar os espíritos interessados em conturbar o intercâmbio positivo entre os dois mundos.
A facilidade com que os médiuns refletem os pensamentos dos espíritos infelizes é impressionante! Acontece, inclusive, que pelas "frestas da veneziana" a que nos referimos o médium, oscilando na sintonia, capte ao mesmo tempo, ideias que lhe são sugeridas pelos espíritos amigos e ideias que lhe vêm dos espíritos perturbadores. Por isto, numa mensagem podemos encontrar um pensamento de grande conteúdo filosófico e outro constituído de banalidades.
Para entendermos melhor o fenômeno a que acabamos de nos referir, recorramos à imagem do rádio em que uma emissora vê-se "invadida" por outra em sua própria frequência...
A frequência mental em que o médium procura manter-se em sintonia, estável em suas emoções, tem significado fundamental na mediunidade.
Como percebemos, o assunto é complexo, mas não devemos nos entregar ao desalento.
A mente vige na base de tudo, e, se queremos êxito em nossos empreendimentos, busquemos o equilíbrio.
Só de os médiuns tomarem consciência do que expomos será de grande proveito, porque, assim, poderão manter-se vigilantes e aprender a "selecionar" as ideias que captam.
Creiam que nós, espíritos comunicantes, também estamos sujeitos a essas oscilações mentais e não é igualmente sem grande esforço que conseguimos sustentar a sintonia na transmissão que desejamos.
Livro: Somos Todos Médiuns, Capítulo 18, por Carlos A. Bacelli/Odilon Fernandes.
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