domingo, 10 de janeiro de 2016

Abandonando



Eu gostaria que vocês conhecessem a historia de um missionário, que num certo dia resolveu entregar a sua missão, e num caminho feliz de suas intuições, acabou por descobrir uma estrada nova; um novo caminho; um novo horizonte.

Ele era um doutrinador, que havia começado a sua vida mediúnica três anos antes desta inesperada decisão. Antes de ingressar na vida missionaria, e colocar as suas energias a serviço do bem, tinha muitos conflitos pessoais, crises e variações de humor que nenhum médico ou terapeuta havia conseguido resolver. Vivia a tomar medicamentos para dormir e antidepressivos, mesmo sem ter nenhuma “visível” dificuldade.

Pouco depois de iniciar a sua trajetória como doutrinador, já se via liberto de muitos destes medicamentos, e antes, era inimaginável a conquista desta libertação. Mas por alguma razão, que ele mesmo desconhecia, o seu trabalho, após três anos de caminhada, parecia não mais lhe servir, e novamente aquele vazio veio tomando lugar em seu peito. Quanto mais ele se dedicava ao trabalho, menos aparecia a solução as suas crises. Muitos eram os conflitos emocionais e materiais. Até que um dia, cansado de esperar, ele entregou os pontos. Era um dia chuvoso no templo e já passavam das 23 horas, muitos médiuns já encerravam os seus trabalhos para retornarem as suas casas. Ele procurou cumprir o roteiro que havia aprendido três anos antes. As palavras de Pai Seta Branca soavam frescas em sua mente:

“O dia em que as forças lhe faltarem, entregue as suas armas e nada lhe acontecerá!”.

Então assim ele fez. Dirigiu-se a imagem de Pai Seta Branca, ao centro do templo, e proferiu uma prece de despedida ao Cacique Tupinambá:

- Querido Pai! Venho nessa hora triste de minha vida, entregar-te as minhas armas. Não quero ser mal interpretado, nem quero que pense que estou sendo ingrato, pois muito o senhor fez por mim estes anos, mas não me sinto mais parte desta missão. O trabalho já não me ajuda mais como antes, e me sinto cada vez mais vazio. Por respeito e gratidão a tudo que fizeste por mim, meu Pai Seta Branca, eu veio aqui deixar as consagrações que tu me destes. Após sair daquela pira, depois de encerrar o meu trabalho, sei que não serei mais um missionário seu, mas o senhor estará sempre em meu coração como o meu pai. Obrigado por tudo! Que Jesus ilumine cada vez mais sua obra!

Com os olhos cheios de lagrimas, e o coração cheio de dor, ele se virou para se dirigir a pira, quando se deparou com uma médium apará, que portava apenas uma plaquinha em seu peito com o seguinte nome: Vovó Catarina do Oriente. A médium se dirigiu a ele, convidando-o para ir aos tronos. Ele relutante, se negou, com argumento que teria de ir embora, mas ela insistente o pediu novamente:

- Por favor, mestre! Eu comecei a desenvolver há pouco tempo, e não me sinto bem. Já não tem quase nenhum médium dentro do templo, e nem paciente também, só para que eu possa manipular um pouco! Por favor!

Quando ele leu em sua plaquinha de identificação, a preta velha a qual ela havia sido emplacada, foi uma feliz surpresa pra ele. Anos antes, no inicio de suas aulas de desenvolvimento avançado, ele havia passado com aquela preta velha, e recebido uma linda mensagem, a qual ele nunca tinha esquecido. Em belas palavras ela disse a ele o quanto ele seria feliz naquela jornada, mas que tudo dependia exclusivamente dele. Ao se recordar, resolveu então aceitar o convite, daquela recém-chegada e ir aos tronos, mas convicto que aquela seria a sua ultima oportunidade dentro da casa do pai.

Logo que se sentou e se concentrou para dar inicio àquele trabalho, lhe chamou a atenção uma criança sentada no banco dos pacientes. De longe ele fixou o olhar naquela criança, que logo em seguida o iluminou a alma inteira com um belo sorriso. Foi como um banho de puras energias, em que todas as suas aflições e medos, naquele instante, simplesmente sumiram, apenas uma paz era sentida em seu coração a partir de então. Logo após a identificação da entidade que havia incorporado, confirmando a presença daquela tão querida vovó Catarina do Oriente, ele recebeu a seguinte mensagem:

- Meu filho, salve Deus! Com a sua permissão, irei manipular em favor deste aparelho.

Imediatamente concordando com aquele pedido, e com muita paz no coração, ele aguardou pacientemente trinta minutos de manipulação, entre saudações de forças e passagens de irmãos sofredores. Em pensamentos ele havia feito uma constatação: aquela era a forma que Pai Seta Branca havia arrumado de lhe mostrar que aquela decisão seria a melhor, confirmando a sua ideia de que ele realmente não fazia mais parte daquela missão. Então aquela vovó, com a simplicidade luminosa de uma preta velha, o indagou:

- Meu filho! Há alguma coisa que eu posso fazer pelo meu filho?

Com um sorriso no rosto ele respondeu:

- Não vovó! Eu já confirmei uma questão que eu tinha!

Então ela insistiu:

- E que questão é essa meu filho? Meu filho pode dizer?

Meio sem jeito, mas ainda tranquilo, ele tentou resumir:

- Claro! Hoje eu me despedi da minha missão vovó! E a paz que eu consegui alcançar, só de sentar ao seu lado, me demonstrou que realmente tomei a decisão certa.

- Graças a Deus, meu filho! Mas será que essa nega velha, pode lhe dizer algumas palavras, antes que meu filho se vá?

- Claro, vovó! Fique a vontade, é um prazer escuta-la!

- Graças a Deus, meu filho! São muitas as forças do meu filho; é imenso este coração que carregas no peito filho. É uma pena que isto, muitas vezes, não seja o suficiente nesta jornada terrena. São muitas as expiações e provas desta caminhada, é preciso muita vigília para não cair nas armadilhas do caminho. Meu filho sentiu-se em paz, graças à presença de Janaina, a sua princesa, que veio pessoalmente traze-lhe esta rosa, a qual eu coloco em suas mãos. Mas não é uma rosa de despedida meu filho. Sua princesa me incumbiu de lhe esclarecer de algumas coisas, mas eu preciso lhe perguntar meu filho, é da sua vontade escutar essa humilde nega velha?!

- Claro, vovó!

- Graças a Deus, meu filho! Fico muito feliz por esta feliz oportunidade, em que nos concede o grande Simiromba de Deus! Meu filho tem se queixado de suas forças; de que não alcança mais a realização que antes alcançava; e que por isso crê que não faz mais parte desta missão não é meu filho?! Graças a Deus! Meu filho se lembra de como a paz era presente no coração de meu filho; e de como as coisas se clarearam na vida de meu filho, desde que começou a trabalhar?!

Surpreso com tantas afirmações assertivas, o doutrinador confirmava e cada vez mais se mostrava interessado no que dizia a preta velha, que prosseguiu:

- Graças a Deus, meu filho! Eram as suas conquistas meu filho. Nada é de graça ou dado nesta missão, porem, tudo é permitido pelo pai Seta branca e conquistado pelos os seus missionários. Meu filho quando começou nesta jornada, veio com muitas feridas, muitas cicatrizes das tristes e solitárias caminhadas, daqueles que não conhecem o amor de nosso senhor Jesus Cristo. Logo que aqui chegou, meu filho já se sentiu em casa, pelo seu transcendente, pois você é um Jaguar meu filho! Demonstrando total interesse e simplicidade, meu filho seguiu atento a tudo que lhe ensinavam. A cada dia o meu filho crescia mais nesta missão, se preparando e atendendo, cada vez com mais amor em vosso coração. Meu filho não tinha olhos para outra coisa, que não fosse aprender a trabalhar nesta casa. Isto foi a sua grande conquista meu filho! O que te fez neutralizar a dores do teu carma, e tão eficientemente, esclarecer o teu espirito. Mas com o passar do tempo, o meu filho caiu na grande armadilha do orgulho e da vaidade. O meu filho, na ideia de que já era um “grande” mestre, achou que não tinha mais nada a ouvir ou a aprender. Sempre que adentrava um trabalho em suas oportunidades, ao invés daquela vibração de amor e cumplicidade pelos seus irmãos, o meu filho agora carregava a arrogância de um fiscal, que vivia a avaliar e julgar os erros alheios. A carne é fraca meu filho! Se dedicares a tua vida a procurar nos teus irmãos os erros, nunca terminará a tua busca, pois ela será tão infinita quanto o universo. Quem vê nas pessoas, o que de ruim elas possuem, não consegue enxerga o que de bom é vivo dentro delas. A grande arma de um missionário é a sua humildade; sua maior força é o amor; o seu segredo é a tolerância. O conhecimento, tão somente, não é suficiente para a conquista da evolução meu filho. É preciso amor! Existem milhares de espíritos, altamente conhecedores da magia e da ciência, que não aceitam a lei universal do amor, por acreditarem que se submeter ao sistema de Cristo é uma demonstração de fraqueza. Mal sabem eles meu filho, que aceitar a lei de Cristo é aceitar o amor, e assim, buscar em si mesmo o melhor; oferecendo ao universo as suas boas vibrações. Muitos filhos de Pai Seta Branca pendem consagrações, e elas veem, mas não conseguem carrega-las e acabam por cair. Ser um grande missionário vai muito além de estar dentro do templo uniformizado, ou cheio de obrigações; ser um missionário é verdadeiramente ser um escravo do amor. Ficar em silencio em meio a uma discussão; ou perdoar os erros dos seus irmãos, não é uma fraqueza, e sim, sua maior força meu filho. Não se perca de Cristo nesta jornada, pois Cristo não quer ser o seu Deus, mas o seu guia, até que possas se guiar sozinho em meio à escuridão do medo e da solidão. Meu filho! Quanto maior for a patente de um homem na terra, menor tem que ser o seu ego, pois é pelo ego que os grandes manipuladores, do mundo da escuridão, pegam os que se destacam. Seja simples! Pois simplicidade é um escudo para a vida na terra.
- Meu filho recebeu esta orientação, desta nega velha, a pedido de sua princesa, que neste momento coloca em suas mãos o teu destino. Se meu filho ainda desejar seguir a tua decisão, o fará com as bênçãos do Pai. Se caso o meu filho achar por bem repensar esta decisão, sua princesa manda lhe dizer que muitas serão as realizações que trará a terra o seu amor. Você só precisa decidir o que quer meu filho; ou estamos servindo ao amor, se alimentando do perfume da flor, ou estamos nos arrastando, colhendo os espinhos da dor.

Salve Deus!
Autor desconhecido

* Os textos em “itálico” são as falas de Vovó Catarina do Oriente
* Procurei bastante encontrar o autor deste texto que recebi em formato de áudio, mas não encontrei.

Kazagrande

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