A crônica espirita de hoje descreve um cotidiano árduo para o trabalho da Espiritualidade Amiga: o resgate moral da humanidade.
A história de um patriarca, comum aos dias atuais, é material para refletirmos sobre nossas vidas.
Uma reflexão que nos leva à certeza que uma doença, uma dor, uma provação pode ser escola em nossas vidas.
Aprendamos então. Ótima leitura.
Prosseguindo com o relato da crônica anterior, descrevo algumas percepções obtidas no desdobramento do sono, percepções estas relacionadas ao obsidiado e sua família, que me chamaram atenção durante o trabalho mediúnico.
Adormeci curiosa, pois vislumbrei que a psicosfera do obsidiado continuava a mesma após o atendimento. Percebi que haviam muitos desencarnados em desequilíbrio no local, e que alguns deles teriam auxílio, mas que haviam outros muito confortáveis naquele lar.
Penso que esse tipo de situação ainda é muito frequente no nosso planeta, por isso essa crônica descreve um cotidiano árduo para o trabalho da Espiritualidade Amiga: o resgate moral da humanidade.
O ambiente naquele lar era de muita discórdia, com uma psicosfera densa, escurecida e enevoada.
A suposta vítima era um senhor no fim da meia idade, que apresentava episódios de desconforto torácico com dificuldade para respirar e aspecto geral de envelhecimento precoce.
Comportava-se como um tirano no lar, irritadiço e egoísta. Era alguém muito afeito ao mundo dos negócios e que procurava sempre tirar proveito de qualquer situação. Um materialista dissimulado e hábil na conversação, que se mostrava simpático com as pessoas de interesse fora de casa, o que o levava a ser tratado com consideração e respeito.
Ele guardava a explosão do temperamento bilioso para os empregados mais simples e a família. A esposa apresentava grande cansaço físico e mental, e procurava sempre algum motivo para estar fora do convívio com ele, que cheio de críticas negativas, a culpava por muitas coisas, desde os filhos que ela não soube criar direito à refeição que nunca o satisfazia plenamente.
Numa relação de comodidade doentia, ela dizia aos filhos que era melhor não brigar para não contrariá-lo, e se vitimava para a família. Mas no fundo tinha um certo orgulho da posição social que desfrutava, elogiando-o em público.
Às vezes orava pedindo para que o temperamento do esposo se modificasse, e outras vezes para que seu sofrimento acabasse com uma viuvez. Na calma infelicidade estava entrando num quadro depressivo importante, com várias doenças que a levavam a muitas consultas médicas, o que não lhe parecia desfavorável, pois saía de casa.
Esse Senhor repetiu, na oportunidade encarnatória, muitos dos erros do passado. Manteve o talento para os negócios, a ambição direcionada para um foco. É verdade que trabalhou muito, porém sempre com alguma vantagem ilícita embutida à custa de negociatas e maquinações. Não descansava a mente, e estava sempre a pensar em algum negócio ou em como aumentar sua renda. Até em ocasiões sociais o lazer era planejado para ser uma oportunidade de negócio.
Passava às outras pessoas uma imagem de um homem bem-sucedido e respeitável, trabalhador, honesto e até mesmo filantropo. No seu íntimo olhava a maioria das pessoas com um certo desprezo, tendo respeito apenas aos muito poderosos e ricos. Mas, o sofrimento tinha batido à sua porta com o intuito saneador.
A respiração difícil, um mal-estar e fadiga constantes o preocupavam, e observara estar com falhas na memória que atribuía ao pouco sono e de má qualidade. E era neste sono que encontrava os companheiros de outras vidas, ex-sócios e parceiros em negócios que se alimentavam dos pensamentos egoísticos, e de todos os excessos que cometia.
Estava tendo também pesadelos e acordava sufocado. Quanto ao incêndio que levou à morte de algumas pessoas, ele estava achando incomum o surgimento cada vez mais frequente dessa lembrança. Ficava irritado e dizia a si mesmo ser inocente, que foi um empurrão no destino, pois aquele lugar estava fadado a acabar, com algum outro tipo de desastre ou com um concorrente mais esperto a ver o lucro potencial. Não tinha mandado matar ninguém, foi má sorte de quem morreu, dano colateral.
Dos filhos, havia um em que apostava num futuro, segundo seus parâmetros, que o decepcionara; era um “bon-vivant”, irresponsável e egoísta. A maioria dos filhos estava a pensar na futura herança.
Mas havia uma filha que era agradecida ao que a família lhe proporcionara com boas escolas e conforto material, e lamentava que o pai, embora distante e frio com ela, estava a sofrer tanto naquela altura da vida, em que devia descansar, porém não tinha saúde.
Ela tinha sementes de fé e orava pela família, mas no seu íntimo dúvidas acerca da integridade do caráter paterno ocorriam devido ao seu comportamento dispare, em casa e no convívio social. Desconhecia que a doença física eram um pequeno reflexo da doença moral e que o sofrimento poderia ser o gatilho para uma reforma ética indispensável.
Bem, estas foram as impressões que tive e que partilho com vocês, pois sei que certamente conhecemos famílias em semelhante situação, nas mais variadas proporções.
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de intemperança. Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo, para que também o exterior se torne limpo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.”
Mateus 23.25-28
"De que valeria apresentar a fisionomia doce a Deus e um coração amargo aos companheiros do cotidiano, se todos eles são também filhos de Deus tanto quanto nós?"
Emmanuel
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