Compilado
do livro Os Guardiões
Ângelo
Inácio (espírito) e Robson Pinheiro
Pretender
lidar apenas com espíritos superiores e viver com o pensamento em regiões
sublimes pode redundar em enorme decepção para aqueles que vivem de maneira
mística. Os
espíritos mais elevados deixaram o céu há muito tempo. Em outras palavras, os
céus estão vazios,
pois aqueles que se colocaram a serviço da política do Reino, da filosofia de
vida do divino Cordeiro, desceram para as regiões sombrias, no
intuito de trabalhar duramente pela renovação, reurbanização e reacomodação da
humanidade desencarnada,
visando realizar ampla limpeza energética, fluídica e quase material no ambiente
próximo à Crosta.
É
hora do trabalho, e trabalho árduo. Trabalho prazeroso, que provoca imensa
satisfação naqueles que querem ver o mundo diferente e melhor. Vamos, meu filho,
pois teremos
de vencer uma tempestade de energias que poderá atrasar nossa excursão, comentou
Pai João, a respeito da sua preocupação quanto aos fluidos densos daquela
dimensão.
Após reunir os líderes dos guardiões e Pai João fazer as devidas recomendações
quanto às atitudes de segurança e como se comportar no ambiente aonde iriam,
todos saíram pelo pátio principal do colégio.
Uma
luminosidade pálida parecia ser a principal fonte de luz naquelas regiões
inóspitas, embora, na cidade propriamente dita, os guardiões houvessem
criado
uma espécie de sol artificial, que produzia luz e calor para toda a comunidade
astral. O
aparato tecnológico erguia-se acima da cidade dos guardiões, de maneira a chamar
a atenção de quem passasse por aquelas paragens.
Suspenso
por forças gravitacionais produzidas a partir de alta tecnologia, o
equipamento irradiava uma luz muito parecida com a do Sol, embora em intensidade
bem menor.
Era tal a suavidade da luz e o aconchego por ela proporcionado que era possível
ter a impressão de que se estava numa cidade em planos menos
densos.
Porém,
os guardiões não ignoravam que ali, onde
a cidade estava incrustada, a natureza era sobremaneira inquieta, insólita e
assustadora.
Era uma região muito próxima da dimensão dos homens, por
isso mesmo as formas-pensamento aderiam com facilidade às construções astrais, o
que obrigava a equipe a ficar de prontidão,
revezando-se em turnos, a fim de evitar que a toxicidade das formas mentais
produzidas tanto por “encarnados como por desencarnados” viesse
a corroer a estrutura delicadíssima da matéria astral na qual eram erguidas as
construções da cidade.
Viam-se
escadarias montanha acima. Em cima das montanhas, destacamentos de guardiões
montavam guarda, vigiando atentamente os arredores, afinal, ali estava longe de
ser um céu. Pairava
sobre eles a ameaça constante de ataque repentino de forças contrárias e de
opositores do Cordeiro.
Os guardiões jamais menosprezavam o quesito segurança, pois a própria razão de
ser dessa imensa equipe de servidores da luz estava eminentemente associada a
esse fator.
Se
dormiam, o faziam com um olho só, enquanto o outro permanecia aberto, como
brincavam as sentinelas entre si. Os sentidos estavam constantemente em alerta,
com a atenção voltada a cada detalhe,
a cada sombra e a cada vulto, fossem animais, homens ou formas mentais
invasivas.
Aliás, esta era das falas preferidas de Watab: estar alerta sempre, estar sempre
acordado, jamais descuidar da segurança, em hipótese alguma confiar que tudo
está tranquilo. A
Terra ainda não era um paraíso e, enquanto isso fosse verdade, estariam de
prontidão,
cônscios de seu papel como um destacamento dos poderosos guardiões a serviço da
suprema lei.
No
que concerne ao trabalho dos servidores da luz no plano físico, enquanto
encarnados, os guardiões também não dormem jamais.
O simples fato de estar imerso na carne oferece grande risco para os agentes da
justiça e da misericórdia divina, já que, muitas vezes, acabam por se distrair
do foco central de suas vidas e das metas traçadas antes do mergulho no mundo
físico.
São
humanos e, por isso mesmo, passíveis de muitos erros, próprios da caminhada.
Em
razão disso, os guardiões ficam atentos para preservar seus aliados de certos
tropeços no caminho, tais como ataques energéticos, emocionais ou espirituais
que possam causar impacto devastador sobre suas vidas.
Entretanto, não podem tudo, não evitam tudo, pois, entre eles, os guardiões,
sabe-se
que sem a parceria e a participação de seus protegidos não há como preservá-los
indefinidamente dos riscos se a eles se expõem repetidas vezes. O Trabalho é de
parceria. Sem
imposições, mas sem tirar das pessoas que merecem assistência a oportunidade de
vivenciar situações que lhes possam trazer algum aprendizado ou conhecimento,
mesmo que tais experiências sejam amargas, algumas
vezes.
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