quinta-feira, 18 de abril de 2013

VIVÊNCIAS MEDIÚNICAS


O atendimento ao espírito de um escravocrata que se viu perdido após a mudança na legislação sobre o tema nos traz reflexões profundas.

Quão diversas são as barreiras de moral a serem derrubadas?
O fato que, ao longo da história, existiram, e ainda existem, valores distorcidos e tradições arraigadas que se desviam dos ensinamentos básicos do Mestre Jesus.
Como trabalhamos isso? Como recebemos as mudanças?
Reflexões, reflexões....


Após o atendimento descrito nas ultimas semanas e um breve período do refazimento energético necessário, aproximou-se um outro espírito do campo da médium. Este senhor demonstrava raiva e certa perplexidade.
Exclamava: “que absurdo, me tiraram da minha casa, levaram os meus escravos! Quero tudo de volta, como era antes. Vocês vão ver.... ”.
As frases semelhantes que repetia quase initerruptamente eram entrecortadas por breves momentos de sonolência. Pedi-lhe que respirasse mais devagar, o que foi feito com dificuldade, pois ele dizia que o “ar daqui é diferente”.
Perturbado e indignado, foi envolto em vibrações pacificadoras. Sentia que uma grande mudança ocorrera e estava apegado a uma paisagem mental que relutava deixar. Após dirigir impropérios e as ameaças convencionais, tais como “vocês não sabem com quem estão tratando”, entrou numa crise. Com uma aparência de espanto, e desejando retornar ao local onde estava, visualizava uma paisagem nova, não via mais nenhuma construção lá.
Disse: “Tudo desapareceu, não pode, não pode. Deve ser uma espécie de mágica. Já sei, é um pesadelo”.
Entrou como que num breve transe onde tentava reconstruir mentalmente todas as suas “posses”, incluindo os escravos, rememorando.
Partilhei na minha tela mental de algumas das imagens relembradas. Cenas que contavam partes da sua vida de encarnado e conto minha percepção das mesmas. Visualizava um jovem, filho de família abastada e com muitos escravos numa fazenda de cana de açúcar. A família foi perdendo as posses, os pais morreram e os irmãos foram para a cidade. Mas ele não queria deixar a fazenda, que ao longo dos anos foi reduzida de tamanho com a venda de lotes.
O movimento abolicionista estava em curso e ele mantinha os escravos escondidos. Não queria pagar por trabalhadores e nem libertar os escravos. Já não tinha mais o dinheiro nem o poder que desfrutou por pouco tempo. Sentia-se arruinado pelo movimento, pois não podia mais negociar “seus escravos”. Foi “educado” assim e sentia-se um herdeiro dessa tradição. 
Achava que os negros não eram homens como ele, e não demonstrava nenhum remorso, apenas certo temor de ser descoberto pelos representantes da lei, a despeito de considerar as próprias novas leis tremendamente injustas. Por isso mantinha-os acorrentados.
Mesmo observando que não tinha nenhum respeito aos semelhantes pela cor da pele diferente, num egoísmo e psicopatia atrozes, este espírito estava sofrendo muito.
Talvez fosse o início de uma maior conscientização a vir após esse processo de “loucura”. Percebi que aquele não era o momento para maiores argumentações acerca da escravidão. Uma transformação de tal monta levaria muito tempo e dependeria da disposição dele mesmo.
Intuída pelos Mentores do trabalho, sugeri que fosse à uma Casa de Saúde. Ele disse então que sentia dores terríveis pelo corpo e que estava com muita dificuldade de andar. Nesse momento conseguiu visualizar um trabalhador da Equipe Espiritual da Casa, aquiescendo a prosseguir com ele.
Despedi-me e fiquei a refletir acerca da humanidade.
Quão diversas são as barreiras de moral “involutiva” a serem derrubadas. Valores distorcidos e tradições arraigadas que se desviam dos ensinamentos básicos do Mestre Jesus.
O processo educativo iniciado por Ele e lentamente em curso, é inexorável. Até este Espírito, alienado e cruel, é um irmão desgarrado e nem por isso esquecido pela Misericórdia Divina.
Que as palavras edificadoras do Dr. Bezerra de Menezes nos inspirem.

Conselhos Sublimes
“Esclarecer para conquistar a sabedoria e devotar-se ao bem do próximo para alcançar a divindade do amor. Eis a lei, que impera igualmente, no campo mediúnico, sem cuja observação, o colaborador da Nova Revelação não atravessa os pórticos das rudimentares noções de vida eterna.
Espíritos algum construirá a escada de ascensão sem atender às determinações do auxílio mútuo.
Nesse terreno, portanto, há muito que fazer nos círculos da Doutrina Cristã rediviva, porque não basta ser médium para honrar-se alguém com as bênçãos da luz, tanto quanto não vale possuir uma charrua perfeita, sem a sua aplicação no esforço da sementeira.
A tarefa pede fortaleza no serviço com ternura no sentimento.
Sem um raciocínio amadurecido para superar a desaprovação provisória da ignorância e da incompreensão e sem as fibras harmoniosas do carinho fraterno, para socorrê-las, com espírito de solidariedade real, é quase impraticável a jornada para a frente.”

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