terça-feira, 12 de março de 2013


PERMITAM-SE BRILHAR

11/03/2013 08:35

A mensagem de hoje, compartilhada por Gregório, lembra-me a Parábola dos Talentos. Na qual, Jesus conta-nos que um homem, antes de partir, distribuiu talentos aos seus servidores, entregando-os a cada um, segundo a sua capacidade.
Ao seu retorno, servidores mostraram-lhe que haviam utilizado e dobrado seus talentos. Porém, um, por medo, escondeu o que ganhou, temendo de perdê-lo, simplesmente mantendo-o, inexpressível.
Permitam-se brilhar! Não tenham medo! Não se escondam! Utilizem de todos os instrumentos que recebem. E cresçam. Brilhem!
Boa Reflexão!
Andréa


PERMITAM-SE BRILHAR


Falaremos hoje sobre o crescer. Não é um assunto novo para nós. Já o discutimos algumas vezes. Porém, confesso que ainda preciso voltar a ele muitas vezes.
Crescer não é fácil. Doí. Traz desespero e sofrimento quando o encaramos como uma grande tragédia inesperada, mas marcada para acontecer a qualquer dia, quando, finalmente, formos pequenos o bastante para nos entregarmos a ela.
Pequenos?! Que paradoxo! Crescer torna-nos grandes, porém, antes, precisamos ser pequenos. Precisamos? Prefiro chamar inexperientes, ignorantes, simplórios. Melhor, necessitados do conhecer.
Talvez pensem que eu esteja diminuindo-nos, tornando-nos pequenos. Na verdade, é um processo. E ele precisa acontecer. Quando? Pergunta coletiva. Resposta individual, pois somente cada um de nós pode responder. Há seu tempo, cada espírito vê-se pequeno e busca o crescer.
Quando menino queria me torna adulto. Grande o suficiente para enxergar a todos os outros adultos, nos olhos, e poder, assim, escolher o que fazer. Mas não era o bastante.
Deseja também ser forte o suficiente para impor minhas escolhas. Mesmo gostando ou não, teriam os outros, de me engolirem. Nada e nem ninguém me impediria de ser ou fazer o que eu queria.
Enorme engano! Havia um grande impedimento! Naquele período, desconhecido de mim! Existia uma força maior, que deseja permanecer num lugar conhecido e menos assustador. Que não se entregaria ao processo facilmente. Seria resistente por medo de falecer, de se extinguir.
Esta força presente em cada um de nós, impedi-nos, muitas vezes, de seguir o curso natural da vida. De deixarmos de ser pequeninos para sermos grandes.
Grandes o suficiente para passar pela porta, rumo ao novo desafio de crescer mais e mais. Algo em nós teme o desabrochar da vida. A consciência do que realmente somos e do que estamos designados a ser.
Isso porque nos achamos grandes o suficiente para escolher. Escolhas vêm da nossa capacidade de amadurecer, de se responsabilizar por aquilo que realmente queremos ser e fazer de nós mesmos e das nossas vidas.
Não vêm da nossa altura, da nossa autossuficiência, da nossa arrogância de sabermos o que estamos fazendo. Mas da nossa escuta interior. Vêm da profundeza de nós mesmos. Lugar desconhecido que somente encontraremos, quando nos acharmos necessitados do conhecer.
Quem tudo sabe, nada sabe, pois não a nada mais para saber. Quem se encontra neste lugar não se deixou ser pequenino querendo crescer. Deixou-se grande demais para perceber o quanto é necessário crescer.
Crescer é uma necessidade do espírito. Uma necessidade gravada divinamente em nós. Para lembrarmos que fazemos parte de algo muito maior que nós. E que trazemos Dele a luz divina, que nos encaminha para o Todo, o Uno.
A energia que nos envolve, a todos nós, seres criados de uma mesma fonte, se diferencia para depois, convergir, levando-nos de volta ao Todo que nos criou.
Exercício. Talvez, incompreensível para muitos de nós. Por quê? Perguntamos insistentemente. Não tenho respostas, mas novas perguntas.
Pensemos. A terra geradora de vida dá a semente tudo que precisa para desabrochar e sobreviver, até que um dia, depois de cumprido seu fazer, deixa a vida, reintegrando-se a terá que a gerou.
O que acham? Parece ilógico o que foi dito?
É que nos sentimos grandes demais. Diferentes de uma simples semente. Pergunto-nos: o que somos no princípio da vida biológica? Uma simples semente, um óvulo que unido a um espermatozoide, desabrocha e cresce.
Até onde queremos crescer? Queremos somente torna-nos adultos? Afirmo-lhes que é muito pouco para nós.
Uma vez aqui, a andar, encontrei uma bela jovem que me intrigou desde a primeira olhada. Parecia exuberantemente viva, desfrutando de toda a sua luminosidade, porém, não há vi como um anjo, a vi viva, encarnada.
Segui-a. Observei-a de longe. Cada um de seus passos, durante todo o dia. Porém, nada encontrei de especial que a tornasse tão exuberante aos meus olhos.
Há poucos metros da última parada. Exausto e decepcionado por ainda não ter descoberto seu segredo, fui surpreendido pelo seu chamado. Convidou-me a conversar.
Envergonhado, fingindo não entender o convite, aceitei-o. Olhou-me nos olhos. Sorriu ingenuamente e relatou-me sua história.
Quando menina sonhava ser bela e brilhante como uma estrela. Ao deitar, olhava o céu pela janela e pediu ao Pai para, um dia, ser daquela magnitude. Ao crescer um pouquinho, percebi que tinha luz própria e que podia torná-la mais intensa e bela a cada ato meu. Assim como poderia ofuscá-la ou escurecê-la, pelo mesmo caminho.
Então, passei a observar cada passo, cada atitude, cada sentimento, cada ação e sua influência sobre a minha pequena chama. E ao fim de cada dia, refletia o que a deixava mais forte e brilhante, ou o que a reduzia a quase um filete, deixando-me praticamente na escuridão.
Decidi, assim, ao invés de olhar o céu pela janela, olhar dentro de mim. Depois, voltava ao Pai e pedia sabedoria para tomar as decisões corretas e adequadas frente a minha tão amada chama.
Já não deseja ser igual à estrela que despontava lá fora, tão distante. Deseja ser, cada vez mais, aquela chama que encontrava tão perto de mim. E desejava cuidá-la, torná-la cada vez mais brilhante. E nela foquei.
A minha chama foi crescendo e eu cresci junto com ela. Quando me dei conta já estava aqui, ao lado de tantas estrelas, tão brilhante quanto elas. E assim pude relacionar-me bem com cada uma delas.
Ela ficou a me olhar. Acho que esperava uma pergunta, mas ela não veio. Então, despediu-se e partiu. Não antes de solfejar, próximo ao meu ouvido: Permita-se sempre brilhar.
Afogado em meus pensamentos, deixei-me levar até onde acharia respostas para entender a tudo aquilo que havia ouvido. Embarquei, sem volta e passei fora dois dias.
Ao retornar, encontrei-a passeando no belo jardim. Aproximei-me, sem autorização e despejei, sem nem ao menos piscar, toda a minha indignação.
- Como pode assim chegar e derramar tamanho cabedal. Achava que eu estava preparado para tamanha revelação? Digo-lhe que não. Deixou-me adoecido de tanto pensar. Doeu-me até as entranhas. E agora, o que me diz? Olhe veja como estou.
Sorrindo, pegou-me pela mão e levou-me a fonte de água mais próxima. E pediu, gentilmente, que eu me curvasse e olhasse para mim mesmo. Eu o fiz. Quase cai dentro d’agua. Fui amparado por ela.
Chorei! Chorei muito! Deixei-me confortar por aquela a quem acusei de me ferir. Aos poucos, fui me acalmando e em troca de todo ocorrido agradeci. Ela percebeu-me bem e partiu.
Lá fiquei contemplando-me. Após dois dias, mergulhado em mim mesmo, ressurgi diferente. Mais puro, belo e brilhante. Então, diante dos fatos constatei: havia crescido um pouco mais.
Convido-os a refletir. Deixo-os com o presente recebido: Permitam-se brilhar.
Abraço afetuoso,

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