Quando,
em 1959, na UESB, Tia Neiva fez seu juramento e se preparou para sua missão,
queixou-se ao Pai Seta Branca de seu pouco preparo. Então, Pai Seta Branca
designou o velho monge tibetano Humarran para ser o mestre de Tia Neiva, e
ela teria que se transportar todos os dias, durante cinco anos, para os
Himalaias, a fim de realizar seu curso. Durante esse tempo, ela teria que se
abster de qualquer remédio.
Isso fez com que ela, ao finalizar suas aulas, estivesse
debilitada, o que a levou a uma tuberculose que afetou seus pulmões para o
resto de seus dias.
Humarram vivia com outros poucos monges em um mosteiro
escondido nas montanhas do Tibete, onde a dominação chinesa ainda não
alcançara. Durante cinco anos Humarran preparou aquele espírito espartano,
ligando-o às suas origens e dando-lhe condições de estruturar a Doutrina do
Amanhecer e formar o sonho de Tia Neiva - o Doutrinador.
Após o término do curso, Humarran continuou sua assistência à
Doutrina, não só através de desdobramentos, quando, juntamente com Tia Neiva,
percorria os planos espirituais, como, também, por incorporações em médiuns
no Vale, preparando os Jaguares para a fase iniciática e científica da
Doutrina.
Nas cartas e mensagens de Tia Neiva são inúmeras as lições
transmitidas por Humarran, o Guardião das Chaves do Desenvolvimento da
Doutrina do Amanhecer.
Hoje, já nos elevados planos espirituais, projeta sua força e
sua sabedoria em busca do aperfeiçoamento da mentalidade e conscientização
dos Jaguares.
§ “Até aquele momento eu era alguém de difícil entendimento para
com os outros e para comigo mesma. Talvez a dor provocada pelo drástico
desenlace da minha vida...
Meus tumultos nunca cessavam, sempre me sentia como um rio que
transborda do seu leito e sai extravasando, empurrando a margem, derrubando
as paisagens, projetando desavenças, dúvidas, e afirmando também o ESPÍRITO
DA VERDADE.
Porém, derrubando por terra, levando a dor pela visão
transtornada...
Tudo que estava escrito, tudo que saía de mim tinha esse
tumulto errado.
A minha insegurança ou a minha falta de amor me faziam
perigosa, indesejada, pelas constantes revelações trágicas que faziam sofrer
a mim e aos outros.
Essa tristeza revelava melancolia... essa coisa esquisita que
vinha se comprimindo dentro de minha mente atormentada. Dizia, também, que já
era tempo de mudar o caminho!
Resolvi, então, partir para o meu objetivo, sentir realmente o
CANTO que do CÉU me chegava aos ouvidos. Obedeci meu Pai Seta Branca, rumei
aos montes do Tibete, onde ouvi o primeiro CANTO UNIVERSAL, do velho
incansável Humarram, mestre querido, que no seu aposento em Lhasa, me deu o
que jamais pensei receber, me ensinou a VIAGEM para estar com ele, me ensinou
o SENTIDO COMUM DA VIDA FORA DA MATÉRIA, em suma, tirou a cegueira que me
fazia amaldiçoar a vida obscura e dolorosa...” (Tia Neiva, 1-1-60)
§ ”Ó, Jesus! Alguma coisa parecia estar me impulsionando para que
sentisse o desejo de assumir um lugar diferente daquele que ocupava. Era um
novo rumo para a minha jornada.
Estava cansada... Como?... Teria, então, mais e mais – todo
aquele acervo era pouco!
Eu, o burrinho, estava leve. Seria isso então?
Até aquele momento eu era alguém de difícil entendimento para
com os outros e para comigo mesma.
Cansada, dormi debaixo de um pequizeiro.
Me transportei até o Tibete e, como sempre, fui ter com
Humarram – Estava frente a ele, não tinha dúvidas.
- Oh, meu querido Mestre!... Não sei se devo te chamar
assim...
- Sim, minha pequena Natacha. Porém, antes, deves entregar
teus olhos a Deus!
Levei os olhos para uma pequena janela onde se via a luz do
sol de uma tarde, e disse:
- Jesus, arranque os meus olhos se tudo for mentira... – e
continuei com meus mestre: - Tens uma vida simples e dolorosa. Se fosse eu,
não suportaria!...
- E como! Dolorosa, porém embebida de lágrimas santificantes,
do dever, da vida em luta, de renúncia sublime! Natacha, no mais íntimo do
ser humano, que é o PLEXO, existem ENERGIAS LATENTES, forças poderosas que
não são exploradas senão excepcionalmente. Com a intervenção destas forças
podem ser curadas as doenças do corpo e do caráter, digo, doenças físicas e
morais.
- Que movimento misterioso, que me surpreende!...
- Tudo deve ser silenciosamente, pelos movimentos psíquicos de
cada faculdade mediúnica. Esta, uma vez desenvolvida, nos permite modificar
nossa natureza, vencer todos os obstáculos, dominar a matéria e até vencer a
morte, Natacha!
- Me chame Neiva! – disse eu – Gosto do meu nome...
- O princípio superior de todos os missionários é o trabalho.
Sua ação será comparada a um imã. Terás que viver atraindo novos recursos
vitais. Terás, também, o segredo da evolução, das transformações de vidas
cujo princípio não está na matéria mas, sim, na própria vontade. Esta ação se
estende tanto no mundo etérico como no físico – matéria! Tudo, filha, pode
ser realizado no domínio psíquico, pelo amor, na ação da vontade, na Lei do
Auxílio, princípio superior de todas as coisas. A potência da vontade de quem
busca, honestamente, servir aos seus irmãos, não tem limites. E quando
dormimos, cansados, pensando com amor servir alguém, nós nos transportamos e
saímos pelos planos espirituais, em seu socorro. A Natureza inteira produz
fenômenos, metamorfoses. Quando conheceres a extensão deste fenômeno, seus
recursos dentro de ti mesma, deixarás o mundo deslumbrado...
- Meus caminhos! Minha liberdade!... – disse eu quase
chorando.
- Neiva, o que chamas de liberdade, se existe em ti a mais
poderosa fonte de energia, que pode arrebentar as mais fortes cadeias dos
domínios psíquicos?
Segurou meus braços e uma sensação de força se introduziu em
todos os meus movimentos. Senti-me forte e preparada para o combate. Com a
cabeça um pouco dolorida, voltei novamente à luta na busca pela
sobrevivência. Despertei com alguém que dizia:
- Neiva, tem aí um colega querendo te ver. Diz se chamar
Guido.
- Ó, meu Deus! – Gemi, e tudo que saía de minha cabeça, do meu
cérebro, tinha um tumulto diferente, de pensamentos desiguais.” (Tia Neiva,
junho/1960)
MINHAS PALESTRAS COM HUMARRAM - “Neiva, começou Humahan,
precisas distinguir entre o verdadeiro e o falso.
Deves aprender a ser verdadeira em tudo, em pensamentos,
palavras e ações.
Por mais sábia que sejas um dia, ainda terás muito que
aprender. Todo conhecimento é útil e dia virá em que possuirás muito amor e
sabedoria, tudo manifestado em ti.
Entre o bem e o mal, o ocultismo não admite transigência.
Custe o que custar, é preciso fazer o Bem e evitar o Mal.
Teu corpo astral-mental se apressará em se imaginar
orgulhosamente separado do físico.”
Eu o ouvia como se estivesse distante dele. Ele me observava,
e continuou:
- Neiva, gostas de pensar muito em ti mesma. Seta Branca está
sempre vigilante, sob pena de vires a falir. Mesmo quando houveres te
desviado das coisas mundanas, ainda precisarás meditar, fazendo conjecturas
acerca de ti mesma. Jesus nos adverte: ANTES DE CULPAR O TEU VIZINHO, POR QUE
NÃO SER SEVERO CONTIGO MESMO? A tua vidência é algo sem limite, é sublime, e
tens tudo para fazer o bem e o mal. Se fizeres o mal, te destruirás; se
fizeres o bem, crescerás como a rama selvagem. Não te esqueças, também, que,
acima de tudo, estás aqui para aprender a guardar segredo, mesmo fazendo
mistério das revelações. Esforça-te por averiguar o que vale a pena ser dito
e lembra-te que não se deve julgar uma coisa pelo seu tamanho, pois, numa
causa pequena, muitas vezes, há maiores sentidos. Não deves acolher um
pensamento somente porque existe nas Escrituras durante séculos. Deves fazer
distinção entre o que é útil ou inútil. Alimentar os pobres é boa ação, porém
alimentar as almas é ainda mais nobre e útil do que alimentar os corpos. Quem
quer que seja rico pode alimentar o corpo, porém, somente os que possuem o
conhecimento espiritual de Deus podem alimentar as almas. Quem tem
conhecimento tem o dever de ensinar aos outros.
A tua responsabilidade, Neiva, será a maior do mundo. Nunca
poderás dizer tudo e não poderás, também, te calar.”
E tendo dito tudo isso, começou a contar este exemplo:
“Eu era muito jovem quando me enclausurei neste mosteiro.
Porém, antes de entrar aqui, tive grandes experiências e vi muitas coisas.
Houve um tempo em que a Índia era o ponto principal para as revelações.
Vinham de longe muitos curiosos e romeiros, magos e videntes. Viviam à
espreita das oportunidades para suas alucinações. Certa ocasião veio da
Inglaterra um famoso lorde. Ele vinha para saber o destino do seu filho
recém-nascido. Ele foi atendido por um mestre que estava de saída, com seus
companheiros já o aguardando numa célebre porteira, de onde cada um partiria
na sua própria direção. Apesar da pressa demonstrada pelo mestre, o fidalgo
insistiu e o mestre lhe contou, sem amor, o que via no destino da criança:
Disse que a criança teria um mau destino e deu todo o roteiro de sua vida: em
tal tempo lhe aconteceria isto, em tal tempo isto será assim, etc. O fidalgo
saiu dali louco, pois seu filho que, até então, era a sua alegria, passou a
ser a sua própria sentença. A partir de então, o fidalgo nada mais fez senão
sofrer a espera dos acontecimentos durante toda a sua vida. Porém, nada
aconteceu! O jovem foi feliz, casou-se e viveu normalmente. O pai, porém,
viveu sempre amargurado à espera dos maus acontecimentos.
Não é preciso te dizer, Neiva, que as vibrações do fidalgo
destruíram a vida do apressado mestre. Ninguém teve intenção de magoar ninguém,
porém o pecado das palavras impensadas de um mestre ou clarividente é algo
muito sério. Veja sempre em tua frente um fidalgo, um homem que sofreu as
conseqüências de seu orgulho, porém nunca faças como o impulsivo mestre,
nunca participes com alguém. Serás, antes de tudo, como uma psicanalista. É
bem melhor que as pessoas saiam de perto de ti te desacreditando do que
desacreditando nelas mesmo. Volte para o teu corpo, filha, e vá enfrentar as
feras, como dizes, porém saiba que todos são melhores do que tu. Elas não têm
ideal como tu. Elas sofrem com o teu incontrolável temperamento.”
- Me julgam como se eu fosse uma qualquer, porque sou
motorista! – me queixei.
- Agora, para ti tudo é bom no caminho da evolução! –
respondeu ele.
Dizendo isso ele se “fechou” e eu me senti já na minha casa.
(Tia Neiva, UESB, 5 de maio de 1960)
§ “Partindo desta compreensão das origens criadoras nas
atividades racionais e tão intimamente unidas, vidas conscientes, que sabem
discernir que o negativo de hoje será o mal de amanhã, cada consciência vive
e envolve os seus próprios pensamentos.
Através dos séculos do tempo, nada escapa à lei do progresso –
as religiões acima de tudo!
Vibramos, emitimos, seguimos com a mente ou somos atraídos, o
que não é muito bom. Sim, a vibração que nos atrai, mesmo de bons
sentimentos, nos incomoda. A vibração desejada é quando nos sentimos
irradiar.
Pelas irradiações sabemos, conhecemos porque estamos sendo
vibrados, levando em consideração as imperfeições dos nossos desejos,
aspirações...
Não te esqueças de que os fenômenos magnéticos duram ainda
depois da morte – assim é o peso!
Preserva tua mente do orgulho, pois o orgulho provém somente
da ignorância, do Homem que não tem conhecimento e pensa ser grande, ter
feito esta ou aquela grande coisa.
Se teu pensamento for aquilo que deve, pouca dificuldade
encontrarás na ação. No entanto, lembra-te de que, para serdes útil á
Humanidade, teu pensamento deve se traduzir em ação!
Nas alterações, separamos de maneira rigorosa os transtornos da
percepção. Alterações observadas no terreno das representações e, inclusive,
as alucinações, porque nestas representações ou alucinações as alterações se
manifestam sutis, tornando-se perigosas.
Resta-nos, agora, resumir e reunir, para concluir, resumindo a
história da Ciência, para harmonizar os grandes princípios da MAGIA
INICIÁTICA, conservada e transmitida através de todas as idades.
Conhecendo bem as leis e as forças da Cabala, às vezes nos
admiramos tanto porque certos homens, que tiveram a graça de ser
inteligentes, preferiram, no entanto, viver com suas almas presas nos
estreitos limites do corpo humano, resistindo até mesmo aos esforços dos
poderes superiores. O medo do ridículo provocado pelo orgulho...
Não sabe o Homem que seria mais inteligente se aprofundar para
criar!...” (Tia Neiva, Humarram, outubro /62)
§ “Eu e meu Mestre HUMARRAM vivemos a vida e, inconscientemente
nos preparamos para outra! Onde e como? Nos perguntamos, sem resposta.
Porque tentar resposta, se é o desejo e eu procurarei
conservar longe do meu pensamento todas as falsidades, sabendo que tu és
aquela verdade que acende a luz da razão no meu Espírito.
Oh, Mestre! Não sei como tu cantas, oh, meu Mestre, mas
ouço-te sempre em silencioso deslumbramento.
Mestre, a minha e a tua vida caminham lentamente como o
crepúsculo se distanciando do sol.
Muitas vezes pensamos ser irmãos em Deus, uma figura simples e
hieroglífica, papel recortado em forma de gente.
A dor, a alegria, tudo se confunde! Embora a dor não seja tão
viva, avisto, de longe, os passos queridos, oferta da vida.
Peço indulgência, que no fim, em Capela, onde estiver, longe
das visões, o teu rosto e o meu coração, haja descanso deste labor sem fim,
no oceano sem praia, sem verão, sem grinalda, que me serve nesta prisão
luxuosa, que se afasta da poeira saudável desta Terra e que me empurra para
uma Nova Era.” (Tia Neiva, 9.6.78)
|
SALVE DEUS! FAÇAM O FAVOR DE SEREM FELIZES. COMAM E BEBAM; A MESA ESTÁ POSTA! SALVE DEUS
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Humarram
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