PAI JOÃO DE ARUANDA
Sou
preto. Negro como a noite sem estrelas.
Sou
velho. Velho como as vidas de meus irmãos.
Mas
se sou ainda negro, é porque trago em mim as marcas do tempo, as marcas do
Cristo.
Essas
marcas são as estrelas de minha alma, de minha vida.
Sou
negro. Mas a brancura do linho se estampa na simplicidade do meu olhar, que
tenta ver apenas o lado bonito da vida.
Sou
velho, sim. Mas é na experiência da vida que se adquire a verdadeira
sabedoria,
aquela que vem do Alto. Sou velho. Velho no falar; velho na mensagem, velho
nas tentativas de acertar.
A
minha força, eu a construí na vida, na dor, no sofrimento.
Não
no sofrimento como alguns entendem, mas naquele decorrente das lutas, das
dificuldades do caminho, da força empreendida na subida.
A
força da vida se estrutura nas vivências. É à medida que construímos nossa
experiência que essa força se apodera de nós, nos envolve e nós então nos
saturamos dela.
É a
força e a coragem de ser você mesmo, do não se acovardar diante das lutas, de
continuar tentando.
Sou
forte. Mas quando me deixo encher de pretensões, então eu descubro que sou
fraco.
Quando
aprendo a sair de mim mesmo e ir em direção ao próximo, aí
eu
sei que me fortaleço.
Sou
andarilho.
Eu
sou preto, sou velho, sou humano.
Mas
sou humano sim.
Sou
como você, sou Espírito. Sou errante, aprendiz de mim mesmo.
Na
estrada da vida, aprendi que até hoje, e possivelmente para sempre, serei
apenas o aprendiz da vida.
Pelas
estradas da vida eu corro, eu ando.
Tudo
isso para aprender que, como você, eu sou um cidadão do universo, viajor do
mundo.
Sou
um semeador da paz.
Sou
preto, sou velho, sou Espírito.
Na
fazenda do Lajedo tem quatro campo quadrado.
Cada
canto tem um nêgo, capinando seu roçado.
Senhô,
senhô deixa nêgo trabalhar.
Sabedoria
de Preto Velho
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SALVE DEUS! FAÇAM O FAVOR DE SEREM FELIZES. COMAM E BEBAM; A MESA ESTÁ POSTA! SALVE DEUS
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Sabedoria de Preto Velho
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