Antigamente chamados
profetas, algumas vezes confundidos com o próprio Deus, periodicamente nascem
na Terra pessoas muito acima da média em moral e espiritualidade. Tomados
como referência pelos seus contemporâneos, muitas vezes perseguidos pelas
estruturas religiosas e políticas estabelecidas, ninguém fica indiferente a Moisés, a Jesus de Nazaré, a Muhammad, ao príncipe
Siddharta Gautama depois conhecido como o Supremo Buda, ao Guru Nanak, e a tantos
outros.
Poucos
destes líderes espirituais se assumiram como fundadores de religiões,
sobretudo se entendidas como sistemas hierarquizados, como uma espécie de
Embaixadas de Deus na Terra. Durante a peregrinação terrena ocuparam-se em fazer avançar a
Humanidade moral e espiritualmente, sem estabelecerem fronteiras de cor de
pele, nacionalidade ou religião. Os profetas pregam valores universais: a
paz, a tolerância, a obediência às Leis Divinas, o amor ao próximo, a vida
futura, etc..
Os
seus seguidores mais entusiastas, esses sim, costumam escrever-lhes os
ensinamentos, e, nos piores casos, combater os profitentes de outras crenças. As duas correntes
religiosas que mais adeptos colhem no nosso planeta - Cristãos e Maometanos
- têm protagonizado ao longo dos séculos tristes episódios de
intolerância e perseguição, na tentativa de conquista de uma hegemonia
que não estava nos planos de Jesus ou de Muhammad.
É impossível
imaginar-se Jesus de Nazaré a emprestar a sua chancela às matanças que
católicos e protestantes levaram a cabo durante séculos. Como é impossível imaginar Muhammad a aprovar episódios
como este recente, da menina Rimsha
Masih, paquistanesa de 13 anos, portadora de síndrome de
Down, cujos pais frequentam uma Igreja Protestante, e que está presa sob a
acusação de ter queimado páginas do Corão.
Persiste nas religiões
dogmáticas a confusão entre o que nos escritos sagrados diz respeito à
época em que foram escritos e é da lei civil dessa época, e o que está de
acordo com as Leis Divinas e é por isso de todas as épocas. É certo que
encontramos em textos considerados sagrados passagens que nos parecem hoje da
mais pura barbárie. Preceitos que ordenam a
lapidação de mulheres adúlteras, homossexuais ou filhos desobedientes, por
exemplo, não podem ter origem divina.
O
entendimento estreito das coisas leva a que os adeptos mais radicais
contraponham que não se pode aceitar apenas parte dos escritos sagrados - quaisquer que estes
sejam. No entanto, que saibamos, está para vir o entusiasta tão radical que
aplique todos os preceitos milenares a si mesmo e à sua família.
´
Já quando se trata de
estranhos, e sobretudo de gente de outras religiões, o crivo tende a
apertar-se. O jornal Público
dá conta dos desenvolvimentos do caso de Rimsha, mas também relata
este outro, verdadeiramente arrepiante:
(...) «Rimsha não é
caso único: desde 2009, Asia Bibi, uma católica paquistanesa, foi presa
depois de também acusada de blasfémia. A mulher terá bebido água de um poço
enquanto trabalhava no campo, sendo acusada por outras mulheres de conspurcar
a água que lhes pertencia. Asia reagiu, invocando a sua fé cristã, o que lhe
valeu a acusação de blasfémia e a condenação à morte. A sua história está
contada no livro Blasfémia (ed. Alêtheia), um depoimento recolhido pela
jornalista francesa Anne-Isabel Tollet publicado há meses em Portugal. »
(...)
Seja em que país for,
seja em que religião for, seja em que circunstância for, era bom que os
zelosos aplicadores da lei religiosa se perguntassem sempre sobre se Deus
aprova as suas decisões. Não cremos que Deus
aprove qualquer tipo de coação, qualquer tipo de violência cometida em seu
nome.
Nota: Aguardamos a
anunciada campanha da AVAAZ em defesa de Rimsha.
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SALVE DEUS! FAÇAM O FAVOR DE SEREM FELIZES. COMAM E BEBAM; A MESA ESTÁ POSTA! SALVE DEUS
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Em nome de Deus, NÃO!
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