segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mediunidade, álcool, café , tabaco e carne


Gostaria saber da vossa opinião em relacção aos hábitos sociais de um médium. Afinal, deve alguém que está a educar sua mediunidade, evitar tabaco, café, carnes vermelhas, como alguns dizem,devido às toxinas, ou é um "mito"? Por outro lado, outros dizem que,por exemplo, se gostas de beber café, e se o não fizeres, pertubará o teu equilibrio, então não evites, pois afectará o teu trabalho. Abraço, João Paulo

Olá, João Paulo

Vou responder baseado na minha experiência pessoal e nas minhas opiniões (o post vai etiquetado como 'opinião').

As religiões tradicionais, as religiões propriamente ditas, estabeleceram dogmas de alimentação e de comportamento. No Espiritismo toda a prática da fé é interior.

Mas vamos a exemplos: os muçulmanos não comem carne de porco, porque o profeta Maomé assim o determinou, por razões de saúde. O consumo de carne de porco era exagerado, e para manter o povo saudável, Maomé apelou ao dogma, declarando o porco como impuro. Só assim lograria êxito, aliás.

Entre os Judeus, a proibição do porco teve outros motivos. Os Judeus dividiam as criaturas em puras e impuras consoante os seus hábitos se enquadrassem ou não na divisão que lhes parecia lógica. Lineu ainda não tinha nascido (risos) e taxonomia, há 3500 anos, não era o que é hoje. O porco não era herbívoro nem carnívoro, logo, na visão Judaica Antiga, era impuro. O mesmo acontecia por exemplo com o marisco, que por andar em terra e no mar também não cabia na categoria dos animais marinhos nem na dos terrestres... antes pelo contrário.

Esta proibição nem era exclusiva dos alimentos. Coser dois panos diferentes na mesma peça de roupa também era proibido, pelas mesmas razões.

Já nos nossos dias, religiões como os Mórmons ou as Testemunhas de Jeová proíbem o consumo de tabaco, café e álcool, a audição de determinados tipos de música, o uso de tatuagens e piercings, com base nas suas interpretações bíblicas - ainda bem que nenhuma religião cristã hoje em dia segue os preceitos Moisaicos do apedrejamento de mulheres adúlteras, homossexuais, filhos desobedientes ou adivinhos. Assim como a escravatura, admitida em tempos do Antigo Testamento, hoje já não teria grande aceitação entre os cristãos das mais de 35 mil religiões que lutam entre si como 'verdadeiras' representantes de Deus na Terra.

Para o Espiritismo vale então o bom-senso. O que se aplica à Humanidade em geral, deve aplicar-se ao espírita. O tabaco, que se saiba, não traz benefícios nenhuns à saúde. Então, melhor será que qualquer espírita, seja médium ou não, trate de reduzir, e se possível abolir o tabaco dos seus hábitos. Médium fumador ou bebedor de bebida alcoólica, pode haver, mas melhor será pois que reduza quanto possa, e que se abstenha pelo menos no dia da reunião mediúnica.

Sobre o café, tanto quanto se sabe, existem alguns benefícios, desde que o consumo seja moderado.

Sobre drogas ilegais, parece-me que todo o espírita deve tratar de recorrer a ajuda médica para deixar esse consumo. Mediunidade e consumo de drogas ilegais ou consumo imoderado de álcool, definitivamente, não!

Sobre as carnes vermelhas, devo dizer que tem havido contributos excelentes dos leitores deste blogue. Se bem que não haja nada no Espiritismo que expressa e claramente abone contra o consumo de carne, as pessoas que não a consomem parecem gozar de tanta ou mais saúde que os carnívoros. Conheço médiuns competentíssimos que consomem carnes vermelhas. Tanto quanto sei, Chico Xavier consumia, Divaldo, Raúl Teixeira e muitos outros também o fazem.

É uma questão que deve ficar ao critério de cada um. O Espiritismo defende o livre-arbítrio, e enquanto a Humanidade estiver num estado evolutivo em que sacrificar animais para a alimentação seja razoável, assim vale para os espíritas, médiuns ou não.

Na minha experiência pessoal, e sensibilizado pelas inúmeras e pertinentes intervenções de leitores queridos deste blogue, resolvi ir progressivamente eliminando o consumo de animais da minha alimentação. As minhas faculdades mediúnicas são menos que modestas, mas ainda assim produzo muito mais e melhor desde que tomei essa decisão. Tive outros bónus, tais como o desaparecimento das dores de estômago de que padecia desde os 14 anos de idade e emagreci, desde Junho, 30 quilos.

Espero continuar com a minha resolução, que me trouxe mais leveza e bem-estar. E sobretudo a consciência mais tranquila, depois de ver este vídeo (ATENÇÃO: desaconselhável a pessoas sensíveis).

Não sou mais evoluído do que quem come carnes vermelhas ou brancas, mas considero que esta resolução se deveu a uma pequena evolução pessoal. Porque se quero e posso evitar o sacrifício e o sofrimento de animais sencientes, acho que o devo fazer.

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