O templo tem vida própria, nos seus fluxos de energias e forças. Como um ritmo de pulsos, ou de tons, ou de toques.
Quem está sempre por ali, trabalhando (movendo as engrenagens e sendo movido por elas), está no ritmo. Nem sente se o conjunto está girando mais rápido ou mais devagar, pulando ou planando, pois é o seu próprio ritmo também. Chama-se sintonia harmônico-mediúnica.
Quem fica um tempo sem freqüentar, sai do ritmo. Quando aparece e entra, fica mal encaixado, assim, sem jeito. Como alguém dançando polca, ou valsa, para a esquerda, em um salão no qual os demais estão dançando para a direita. Esbarra em um, tropeça em outro, se aborrece, não entende, acha que está tudo errado, que mexeram no que não deviam, mudaram o que antes era de outro jeito...
Não raro, o inconstante enfim aparecido se encontra, entre os bancos e colunas, com um ou outro que esteja no mesmo padrão de desencaixe e se põem a criticar e reclamar. Ai geram força esparsa, que alimenta e fortalece os sofredores que trouxeram nas auras carregadinhas, carregadinhas.
Desse desacostume pode resultar a desistência e a evasão em definitivo do corpo mediúnico, para tristeza dos mentores e festejo dos cobradores. Tendo um pouco de paciência e insistência, porém, tudo acaba se ajeitando, pega-se o ritmo e - quem diria - caminha-se e trabalha-se muito bem nos diversos setores.
O compromisso é de uma escalada e de um retiro por mês, no mínimo. A lei dos Adjuntos tem maiores exigências, convém não esquecer.
O Primeiro Mestre Jaguar, por outro lado, no último curso que ministrou para instrutores de Centúria, frisou bem que o mestre que coloca o uniforme todo o dia enlouquece. É força demais e o plexo não agüenta.
Às vezes escuto mestres dizendo que vão se aposentar para se tornarem “empregados de Pai Seta Branca”. Têm outros que tiram férias para fazerem Escaladas de segunda a segunda e ficarem prisioneiros repetidamente. Alguns refugam empregos que exijam freqüência regular e constante, acomodando-se com parcos ganhos, mas dispondo de tempo livre para participarem dos abatás e alabás constantemente.
Enquanto isso, a família fica por conta própria, ou quase. Sem pai, nem chefe, nem marido, nem conselheiro, nem provedor, nem solucionador dos problemas, no momento em que eles surgem e reclamam atenção. Moram mal, estudam mal, não têm lazer decente, mas o mestrão não para de colecionar broches no colete.
Um dia, tal fanático descobre que o companheiro ou companheira se foi (física e/ou emotivamente), os filhos estão sendo reprovados na escola, quando não se encheram de vícios, a saúde vai mal e não pode pagar um plano de saúde nem tem aposentadoria certa ou, meramente, suficiente. Ai a culpa é de Deus, ou do Pai Seta Branca, ou do adjunto, ou do Presidente do Templo. Em achando que a culpa pela desbarrancada na vida pessoal é dele mesmo (a ficha caiu), pode até se suicidar ou, pior ainda, enfiar-se mais ainda no templo e pobres de nós aturando ou chato amargurado desses...
O equilíbrio na Terra é um indicativo do equilíbrio espiritual. A condução da missão e do carma de forma controlada e produtiva demonstra a evolução alcançada pelo encarnado e a sua real condição íntima. A harmonia familiar/social e profissional/financeira se insere na máxima “as leis físicas que vos chamam a razão são as mesmas que vos conduzem a Deus” (Pai Seta Branca).
Largue disso de tanta televisão e conversa fiada, tamanha preguiça e indolência. Também fuja do excesso de ocupação em uma atividade, enquanto o resto do seu mundo desmorona por falta de manutenção. Ocupe o seu tempo com o cuidado e a objetividade de quem sabe que não é deste mundo, mas precisa muito dele por enquanto.
Trabalhe mediunicamente, trabalhe materialmente; assista à Centúria novamente, faça uma pós-graduação. Cuide da família, jogue bola com seus filhos, ajude-os nos deveres, leve a esposa ao cinema, não deixe para trocar a telha quebrada ou a lâmpada queimada quando não tiver uma escala para cumprir. Mas não perca as suas escalas, nem deixe de pesquisar, refletir, ensinar e praticar esta maravilhosa doutrina que nossa Mãe Clarividente nos trouxe dos mundos luminosos, nesta linha-corrente do Amanhecer.
Não encarnamos para vivermos como espíritos. Não somos como os outros encarnados, pois somos sacerdotes. Nem lá, nem cá. Somos jaguares.
- Salve Deus!
Adj. trino Otalevo
Informativo do Vale do amanhecer 84
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