quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pensamento?

Moura Rêgo

         O pensamento, este veículo tão utilizado por todos - não há, entre nós, aquele que se detenha sem pensar mais de minuto - ainda assim, não sei porque é tão mal interpretado...

        Outro dia, numa das várias listas espíritas que assino, li de um confrade frase de efeito: "O pensamento, do homem a essência, trás em si o diferencial entre Deus e o homem - o Erro-."

        Aquela frase bombástica ecoou-me nas telas mentais e ao cabo de uns momentos me obrigava a refletir sobre seu sentido e verdade. Acabando por sugerir-me avaliação bem diferente da do confrade missivista.

        É o homem, espírito encarnado, em sua essência, não pensamento, mas partícula divina. Isso quem nos ensina é a Doutrina. Como não há ser com diversas essências, aquela primeira assertiva da frase balouçava-se a ponto de cair por terra.

        E mesmo que ao primeiro escutar houvesse soado bem, continuei nas elucubrações.

        Se o pensamento não é a essência do homem, o que é ele afinal? Fragmento de vivências, parcela de preocupação, Experiência de vida passada?

        Afinal, o que entendemos por pensamento?

        Simplificando conjeturei: Se o pensamento não é matéria, há de sê-lo espírito, sim, não um Espírito, mas produto de obra do Espírito. Ali, ruía a tese da primeira metade da frase do confrade da lista.

        Entendi que o Pensamento é produto de ato do Espírito, encarnado ou não, logo, não é Essência, e sim produto desta. O Espírito, usando dos atributos do raciocínio e da inteligência, urde suas conjeturas em forma de pensamento, que após seu estudo, avaliado com razão inequívoca, em alguns casos, remete ao demodulador - perispírito - , para que chegue ao ser encarnado, ou mesmo, parte deste, de forma menos equilibrada, devido as agruras que os grilhões da carne lhe impõe, o mesmo por sua condição diante das apreensões intelecto-morais que haja de haver haurido, em suas múltiplas vivências. A explicação se me fazia clara. A matéria, pode e influencia na ação do espírito, isso é sabido de todo espírita estudioso. É assim como um instrumento cuja desregulagem, atrapalha, inibe, ou frustra o trabalho deste aparelho.

       Assim como  atrapalha, ou impede a ação, pode também a matéria, em virtude de ser melhor trabalhada, ajudar no facilitar da mesma ação do mesmo aparelho. Logo, até o pensamento pode sofrer ação inbidora ou constritora por parte da matéria, como se vê. Podendo ser mais ou menos claro e preciso, em virtude da maior ou menor dificuldade à ação que se lhe imponha a matéria.

       Quando o Espírito, em grau mais apurado de evolução, produz o perispírito que há de utilizar no mundo em que encarnará, suas aquisições intelecto-morais, lhe farão possibilitado de pinçar dos elementos constitutivos de tal mundo, as melhores parcelas encontradas no Fluido Cósmico Universal, para essa constituição, tornando assim mais ou menos denso o perispírito a ser utilizado neste mundo. 

       Dessa maneira, se mais sutil o for, e quanto mais sutil o for, além de indicar aos outros sua posição ante a hierarquia espiritual, há de proporcionar àquele espírito melhor pensar, com vistas à clareza, abrangência e verdade do pensamento emitido.

         Destarte, conforme sejam as provas que haja ele, Espírito, pedido a serem aditadas à sua nova romagem, estará ele, melhor ou pior servido, em razão da constituição de seu perispírito, não só para com os pensamentos mas para com todos os atos que por obra destes venha a efetuar em seu reencarne.

         Novamente se comprovava que a assertiva do confrade de lista espírita estava eivada de vício de entendimento.

         Esclarecido isso, restava-me entender o restante da frase: "(...) diferencial entre Deus e o homem - o Erro -."

         Mas o diferencial entre Deus e o homem não é o Erro, este ocorrerá ao espírito encarnado, em maior ou menor proporção, em razão  de suas aquisições intelecto-morais, logo, mesmo partículas divinas, na verdade distamos anos luz da Essência Divina, fator ainda imponderável ao espírito que reencarna em mundos de provas e expiações. Mesmo Espíritos do mais alto galardão, que houveram ascendido com mérito e gáudio, à esta condição, encontrar-se-ão distantes de perscrutar  os desígnios de Mais Alto.

          Assim, o fulcro do diferencial entre Deus e o Homem, não seria tão simplesmente o Erro, e sim a suprema Justiça e Bondade do Criador.

           De novo demonstrava-se a impropriedade da afirmação do confrade missivista, sugerindo-me, então essa equação: O pensamento está para o erro assim como o homem está para a Perfeição.

           Logo, a maior ou menor proximidade entre o pensamento e o  erro diz de frente ao estado evolutivo / provas as quais o Espírito tenha de passar, nesse ou naquele mundo.

           Em razão de sua maior perfeição, o espírito encarnado errará menos.

           Diferentemente será se em caso contrário.

           Contudo, não se pode elencar o Erro como diferencial absoluto entre Deus e o homem. No frigir dos ovos, obrando em conformidade para com as leis Natural e de Causa e Efeito, o Erro é apenas detalhe menor. Muitas vezes apenado com menor gravame, se existe no faltoso, a Vontade na reconstrução dos patamares corretos.

           A diferença essencial entre Deus e o homem está  em ser o homem criatura e Deus o Incriado, ou seja, o Criador.

           Ainda hoje, neste mundo e nos mundos de regeneração, muitos homens apenas reagirão, enquanto Deus desde o tempo dos Tempos vem por AGIR.

Muita paz,

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