sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tristeza não é doença psiquiátrica, Tranquilizantes para quê?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que a depressão será  a doença mais comum do mundo daqui a 20 anos. Atualmente, 121 milhões de pessoas sofrem da doença. Porém, para o médico Miguel Chalub, há um certo exagero nesses números. Ele defende que tanto os pacientes quanto os médicos estão confundindo tristeza com depressão.

    Chalub, psiquiatra e uma das maiores autoridades brasileiras em depressão, afirma que, atualmente, qualquer tristeza é tratada como doença psiquiátrica. Os pacientes preferem recorrer aos remédios a encarar o sofrimento.”(1) Muitos médicos se rendem aos laboratórios farmacêuticos e indicam antidepressivos sem necessidade, exceto os psiquiatras que são os que menos receitam antidepressivos, porque estão mais preparados para reconhecer as diferenças entre a “tristeza normal" e a patológica, segundo Chalub.

    Muitos profissionais se deixam levar pelo lobby da indústria farmacêutica. Não se pode mais ficar entediado, aborrecido, chateado, porque isso é imediatamente transformado em depressão, afirma Chalub.  É a medicalização de uma condição humana, a tristeza. É transformar um sentimento normal, que todos nós devemos ter, dependendo das situações, numa entidade patológica. Há situações em que, se não ficarmos tristes, é um problema – como quando se “perde” um ente querido. Mas o homem não aceita mais sentir coisas que são humanas, como a tristeza, explica Miguel.

    Para Chalub o que diferencia a "tristeza normal"da patológica é a intensidade. A tristeza patológica é muito mais intensa. A normal é um estado de espírito. Além disso, a patológica é longa. É o aperto no peito, dificuldade de se movimentar, a pessoa só quer ficar deitada, dificuldade de cuidar de si próprio, da higiene corporal. Na "tristeza normal", pode acontecer isso por um ou dois dias, mas, depois, passa. Na patológica, fica nas entranhas, informa Chalub.

    Quem mais receita antidepressivos não são os psiquiatras, são os demais médicos. Os psiquiatras têm uma formação para perceber que primeiro é preciso ajudar a pessoa a entender o que está se passando com ela e depois, se for uma depressão, medicar. Agora, os não psiquiatras, não querem ouvir. O paciente diz: “Estou triste.” O médico responde: “Pois não”, e receita o ansiolítico.  Eis o problema!

     Muitos aflitos costumam recorrer aos tranquilizantes e se debatem aflitivamente para que a aflição não os alcance a vida cotidiana. É comum nos extasiarmos ante a beleza das estrelas do firmamento, em pedidos ao Criador, a fim de que a angústia não nos  abata e nem nos alcance a caminhada,  ou, ainda  para que os sofrimentos  desviem  para outros rumos. Contudo, a realidade das provas e expiações ante os estatutos de Deus chega  inexorável.

    Ante os ventos impetuosos dos açoites emocionais, nos sentimos vencidos e solitários. Mas, em realidade, o que parece infelicidade ou derrota pode significar intercessão providencial de Deus, sem necessidade, portanto, do uso de tranquilizantes para aliviar a dor.  Em muitos momentos da existência, quando choramos lágrimas de angústias, os Benfeitores se rejubilam de “lá”, da mesma forma em que os pomicultores de “cá” descansam, serenos, após o labor do campo bem podado. A vida é assim!

    Essas lágrimas asfixiantes, muitas vezes representam para nós alegrias nas dimensões superiores da vida espiritual.  Evidentemente nossos protetores do além não folgam porque estejamos em padecimentos atrozes, mas eles sabem exatamente que tal situação sinaliza possibilidades renovadoras no buril do nosso crescimento espiritual.

     Considerando a imagem figurada do campo, recordemos que para toda área de cultivo deve haver o tempo de arroteamento, limpeza e de ceifa necessários. Quando nos encontramos em estado de profunda tristeza, resultante de deslizes que cometemos impensadamente, ante a Lei de Ação e Reação, é natural que soframos os ressaibos amargosos da angústia que amontoamos sobre o coração e o cérebro; todavia, quando os grandes obstáculos e dores na luta diária nos surpreenderem o espírito, em situações que independem de nossa responsabilidade direta, nesta hora a angústia íntima que nos chega nos projeta para escalas superiores de evolução, se suportada com coragem e determinação, alegrando nossos amigos espirituais que se esmeram por nos amparar 24 horas por dia, pois ele veem o nosso esforço em superar com bom ânimo estes momentos angustiantes.












Circula pela Internet mensagem atribuída a Frei Beto. Pois bem! "se non e vero, e bene trovato" na essência é possível que sacerdote tenha dito: "as escrituras registram que Jesus passou a vida fazendo o bem , o mesmo se aplica a Francisco de Paula Cândido Xavier, o mais famoso kardecista brasileiro e um dos autores mais lido do País”. Segundo o frei “nos meios católicos contavam-se horrores a respeito do médium de Uberaba. Espíritas e protestantes eram "queimados" na fogueira dos preconceitos até que o papa João XXIII, nos anos 60, abriu as portas da Igreja Católica ao ecumenismo.” Arremata magistralmente o Frei: “Chico Xavier é cristão na fé e na prática. Famoso, fugiu da ribalta. Poderoso, nunca enriqueceu. Objeto de peregrinações a Uberaba, jamais posou de guru. Quem dera que nós, católicos, em vez de nos inquietar com os mortos que escrevem pela mão de Chico, seguíssemos, com os vivos, seu exemplo de bondade e amor".
Como  se vê os comentários são atribuídas a um respeitável religioso não-espírita. E,  quanto a nós, os espíritas!,  como reconhecemos os valores morais de Chico Xavier?
Realizando eventos (congressos)em sua homenagem, excluindo dos “banquetes pomposos” os espíritas pobres com fome de conhecimento? Como está o atual projeto espirita brasileiro? Cremos que deva ser repensado as diretrizes das práticas doutrinárias no Brasil. Para esse escopo consideramos importante trazer para o tema as advertência de Chico Xavier publicado no livro Estudos no Tempo.(1)
Observaremos a seguir que as palavras do Chico são atuais e ecoarão em nossa consciência doutrinária, convidando-nos a um urgente balanço geral, em torno do Movimento Espírita, cujo objetivo deve ser a de reviver o Cristianismo primitivo em sua simplicidade, e que tem na máxima, "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei", a sua expressão maior.(2) E não precisamos fazer um esforço “sobrenatural” para identificar, nas hostes espíritas, um indesejável ranço elitista. Por essa razão Chico alertou "é preciso fugir da tendência à "elitização" no seio do movimento espírita. É necessário que os dirigentes espíritas, principalmente os ligados aos órgãos unificadores, compreendam e sintam que o Espiritismo veio para o povo e com ele dialogar. É indispensável que estudemos a Doutrina Espírita junto às massas, que amemos a todos os companheiros, mas, sobretudo, aos espíritas mais humildes, social e intelectualmente falando, e deles nos aproximarmos com real espírito de compreensão e fraternidade."(3)
Muitas lideranças doutrinárias complicam conteúdos que deveriam ser simples. Coincidentemente, o Cristianismo, durante os três primeiros séculos, era, absurdamente, diferente do Cristianismo oficializado pelo Estado Romano, no Século V. A chama brilhante, nascida na Galiléia, aos poucos, foi esmaecendo, até culminar nas densas brumas medievais. O que se observa, no Movimento Espírita atual, é a reedição da desfiguração do projeto inicial, de 1857. Os comprometidos com o princípio unificacionista brasileiro precisam manter cautela para não perderem o foco do Projeto Espírita Codificado por Allan Kardec, engendrando motivos à separatividade entre os adeptos do Espíritismo. Recordemos que a alma do Cristianismo puro estava estuante nas cidades de Nazaré, Jericó, Cafarnaum, Betsaida, dentre outras, e era diferente daquele Cristianismo das querelas e intrigas de Jerusalém.
Insistimos no tema, lembrando que a ausência de simplicidade observada principalmente nos "centrões espiritas", é lamentável, e, se não formos vigilantes, segundo Chico Xavier, "daqui a pouco estaremos em nossas casas espíritas, apenas, falando e explicando o Evangelho de Cristo às pessoas laureadas por títulos acadêmicos ou intelectuais e confrades de posição social mais elevada. Mais do que justo é que evitemos isso (repetiu várias vezes) a "elitização" no Espiritismo, isto é, a formação do "espírito de cúpula", com evocação de infalibilidade, em nossas organizações."(4)
Chico repreende-nos fraternalmente” quando comenta:  "é indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos mensageiros divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios."(5)
Na capital do País há grandes centros onde Kardec é um ilustre desconhecido. São centros que apresentam promessas ilusórias para supostas curas de todos os tipos de “males” físicos e espirituais com as mais estranhas terminologias. Além do que permanecem crescendo em quantidade de frequentadores distantes do conselho sábio de Chico Xavier: "o diálogo entre grupos reduzidos de estudiosos sinceros, apresenta alto índice de rendimento para os companheiros que efetivamente se interessam pela divulgação dos princípios Kardequianos."(6)
Para os que estão comprometidos no projeto "unificacionista", evocamos o médium mineiro, que admoestou com energia: "deveríamos refletir em unificação, em termos de família humana, evitando os excessos de consagração das elites culturais na Doutrina Espírita, embora necessitemos sustentá-las e cultivá-las com respeitosa atenção, mas nunca em detrimento dos nossos irmãos em Humanidade, que reclamem amparo, socorro, esclarecimento e rumo. E acrescenta: "Não consigo entender o Espiritismo sem Jesus e sem Allan Kardec para todos, com todos e ao alcance de todos, a fim de que os nossos princípios alcancem os fins a que se propõem."(7)
Em verdade o Espiritismo sonhado por Kardec era o mesmo Espiritismo que Chico Xavier exemplificou por mais de setenta anos, ou seja, o Espiritismo do Centro Espírita simples, muitas vezes iluminado à luz de lampião; da visita aos necessitados, da distribuição do pão, da “sopa fraterna”, da água fluidificada, do Evangelho no Lar. Sim! O grande desafio da Terceira Revelação deve ser o crescimento, sem perder a simplicidade que a caracteriza como REVELAÇÃO. O evangelho é a frondosa árvore fornecedora dos frutos do amor. Urge entronizar a força da mensagem de Jesus, sem receio dos phd’s espíritas , os kardequiologos de vigília, sem temor das críticas dos espíritas de “gabinete”, dos aventureiros ideológicos que pretendem assumir ou assenhorear as rédeas do Movimento Espírita no Brasil.
O Espiritismo desejável é aquele das origens, o que nos faz lembrar Jesus, ou seja, o Espiritismo Consolador prometido, o Espiritismo em sua feição pura e simples, o Espiritismo do povo (que hoje não pode pagar taxas e ingressar nos Congressos doutrinários), o Espiritismo dos velhos, o Espiritismo das crianças, o Espiritismo da natureza, o Espiritismo “debaixo do abacateiro”. Obrigado, Frei Beto!
 

Jorge Hessen
http://jorgehessen.net










Lamentamos por alguns espíritas que não fazem mal, mas também não praticam nenhum bem, e que por invigilância precipitam no ridículo, obstando a difusão do Espiritismo de que se dizem adeptos. Divulgam teorias estranhas, que perturbam a boa marcha doutrinária, sedimentam a dúvida em uns e o separatismo em outros. São espíritas que agem com frieza e sarcasmo, estampando no semblante variadas aparências enganadoras. Por imaturidade e descompromisso moral, idolatram “mentores” (divindades) que passam a evocar com seus esgares, e lhes brindam com rituais, sacrifícios, oferendas de todos os tipos; ofertam-lhes promessas vãs, entregam a alma(?), desejosos de obter vantagens para cuja conquista nada realizaram.

Aspiram sempre à revogação dos Estatutos Divinos para suas conveniências. Creem, cegamente, que seus “mentores” se encarregam de tudo, e prosseguem, esses títeres das obsessões, abrindo espaços n'alma para a instalação dos processos perturbadores que oxigenam o fanatismo. Sofrem profundos entraves intelectuais, quando se trata de assuntos doutrinários, mostram-se drasticamente emocionais. Não simpatizam com as propostas racionais, o que os impõem à anuência fácil de esdrúxulas fantasias, sem senso de ridículo, dependentes que se acham da fantasia mística e do pensamento concreto, com dificuldade para elaborar abstrações inteligentes.

A princípio, tais confrades dissimulam estar compreendendo os fundamentos, os conceitos e as conseqüências morais do projeto kardeciano, até o instante em que passamos a observar-lhes o comportamento em relação à Doutrina Espírita. Aguilhoam-se a “guias poderosos”, passando a venerá-los e prestar-lhes culto irracional, deixando a eles (os “tais guias poderosos”) a tarefa de equacionar questões e interferir em assuntos nos quais a fobia fá-los indiferentes e omissos, impedindo-os de atuar de maneira coerente. É comum esses irmãos adotarem rituais, cantorias estranhas, enxertias tóxicas que aleijam o corpo doutrinário codificado por Allan Kardec. São aqueles que definitivamente não são da jurisdição espírita, que fomentam questiúnculas e antagonismos que ensombram a marcha do Movimento Espírita. 

Em verdade perturbamos a marcha do Espiritismo quando não lutamos pela reforma íntima. “Quando não trabalhamos nas  obras assistenciais. Quando não estudamos Kardec. Quando exigimos privilégios. Quando fugimos dos carentes para não lhes ofertar alguns serviços. Quando especulamos com a Doutrina em matéria política [partidária]. Quando sacrificamos a família aos trabalhos da fé. Quando nos afligimos  pela conquista de aplausos. Quando nos julgamos indispensáveis. Quando abdicamos do raciocínio, deixando-nos manobrar por movimentos ou criaturas que tentam sutilmente ensombrar a área do esclarecimento espírita com preconceitos e ilusões.”(1)

O que aqui expomos é  a identificação de aterrador espírito de descomprometimento, de falta de zelo para com o Espiritismo. Como pode isso ocorrer, quando sabemos que o Espiritismo nos apresenta um conjunto de princípios intrinsecamente impressionantes e vigorosos, capazes de dar sentido à vida, explicando a excelsitude do Criador diante da Sua criação, a exigir-nos mente aberta (embora atenta e cautelosa), amor à verdade e espírito de liberdade, para que consigamos penetrar e aprofundar os seus ensinamentos?

Os confrades descomprometidos com a fidelidade doutrinária permitem que vigorem os achismos, os guiismos e os personalismos nas hostes espíritas, tão-somente para não ter que enfrentar as vaidades e o orgulho humanos, para não ter que se submeter ao “sim, sim, não, não”, consoante ao que ensinou o Cristo, para não se perturbar frente a ignorância ou perante outros descomprometidos.

Para quem se empenha pela pulcritude doutrinária vale o sacrifício, sem contender com o mal, jamais. Porém, consciente quanto às atitudes a tomar no momento devido, quando falar e quando calar, sempre visando o aprimoramento, a iluminação, a ascensão, fugirá de errar por mero comodismo, omissão, e confirmará Jesus onde esteja, por meio dos roteiros de amor e luz que o Espiritismo aponta.

Enquanto os dias de bom senso e de fidelidade a Kardec e a Jesus não chegam, cabe aos espíritas moralizados, conscientes e convictos, aqueles que sabem o porquê da própria crença, os que conseguem dimensionar as próprias necessidades e adotar ou manter posição íntegra, sem medo de pôr as coisas nos seus devidos lugares, vivenciar os conteúdos da extraordinária Doutrina, ainda que isso lhes custem agressões e ataques, indiferença e zombarias, sempre advindos de confrades moralmente apequenados em seus estágios de  ilusão.





Nos últimos anos, a neurociência sofreu uma explosão no campo da pesquisa. A cada dia, surgem novas técnicas, como mapeamentos cerebrais, que podem fotografar instantaneamente o fluxo sanguíneo do órgão. "Todas as inovações ajudaram a revelar a organização do cérebro em detalhes."(1) Nosso cérebro representa, apenas, 2% do peso total do corpo, mas possui, segundo pesquisas atuais, aproximadamente, 100 bilhões de neurônios [células nervosas cerebrais], sendo que, em algumas de suas partes, para realizar suas funções, aglomera até 5 milhões de neurônios de uma só vez e é capaz de produzir cerca de 1.000 trilhões de conexões.

Como os neurônios estão em atividade permanente, o consumo de energia é  grande, motivo pelo qual o cérebro consome 20% do oxigênio diário, necessário para o corpo físico. Sabe-se, hoje, que o cérebro contém 78% de água, 10% de gordura, 8% de proteína, 1% de carboidrato, 1% de sal e 2% de outros componentes. No cérebro temos, no córtex, “os centros da visão, da audição, do tato, do olfato, do gosto, da palavra falada e escrita, da memória e de múltiplos automatismos em conexão com os mecanismos da mente, configurando os poderes da memória profunda, do discernimento, da análise, da reflexão, do entendimento e dos multiformes valores morais de que o ser se enriquece no trabalho da própria sublimação."(2)

Os neurocientistas não têm mais medo de falar, publicamente, sobre consciência e como o cérebro produz a mente. Segundo pesquisadores, a experiência espiritual das pessoas pode ser explicada pela "ausência" de atividade em uma das regiões do cérebro, mas, especialmente no lóbulo parietal direito, onde se processa as preferências e gostos pessoais, e onde se "reconhecem as habilidades e os interesses amorosos da pessoa, portanto, responsáveis pela afirmação da identidade individual, segundo Brick Johnstone, da Universidade de Missouri-EUA."(3)

     Cameron Mott, 9 anos de idade , após ser submetida a complexa cirurgia do cérebro, teve alta um mês após a internação no hospital da Universidade Johns Hopkins. A menina teve quase 50% do cérebro removido por ordem médica(4). As únicas sequelas foram uma “pequena debilidade” nos movimentos e a perda da visão periférica. A sua recuperação surpreendeu médicos e familiares e contrariou a literatura médica. Atualmente a menina já consegue correr e brincar e faz planos para o futuro - quer ser bailarina!

Mott era portadora de síndrome de Rasmussen, doença que vinha corroendo o lado direito de seu cérebro há seis anos, causando convulsões violentas. Na opinião médica, só poderiam ser evitadas sequelas mais agudas pela remoção da metade do cérebro da paciente. Segundo os cirurgiões, a recuperação de Cameron ilustra uma situação raríssima em que o cérebro promove uma "reconfiguração". Tal como ocorreu com Michele Mack, de 37 anos. Nascida com metade do cérebro, Michelle fala normalmente. O lado direito de seu cérebro se “reconfigurou” para assumir as funções típicas do lado esquerdo. Porém em seu caso as sequelas foram mais acentuadas: Mack tem dificuldades na compreensão de conceitos abstratos e se perde facilmente em lugares com os quais não tem familiaridade. Embora nossa experiência no mundo nos condicione de muitas maneiras, o cérebro, sem dúvida, possui uma capacidade espantosa de se reconfigurar de acordo com a informação que recebe de fora.

Atualmente é consenso que a função cerebral mais básica é manter o restante do corpo físico vivo. Os processos envolvidos nessa tarefa, entretanto, são extremamente complexos.  O cérebro apresenta 38 tipos de enzimas  (neurotransmissores) tais como: dopamina, serotonina, endorfina, noradrenalina etc., além de tantas outras funções vitais. O cérebro humano constitui-se num verdadeiro arcabouço complexo de inúmeras reações de várias naturezas bioquímicas, eletroquímicas e magnéticas. E por ser tão complexo e tão importante, muitos materialistas do passado defendiam a tese de que os pensamentos vinham do cérebro. Se indagarmos a um materialista o que é mente, ele irá responder certamente que a mente é responsável pelos pensamentos. Mas será só isso? Vamos raciocinar como nos sugere o bom senso espírita. Se os pensamentos vêm da mente, logo a mente pensa! Se a mente pensa, logo a mente é pensante. Se é pensante, logo ela raciocina, ou seja, é inteligente. Ora, “a inteligência é um atributo do Espírito.”(5)

    Embora tentem explicar (só pelos fenômenos físicos), pela prática dos neurologistas, toda a classe de fenômenos intelectuais e até "espirituais", através das ações combinadas do sistema nervoso; e, em que pese a Ciência ter atingido certezas irrefutáveis, como, por exemplo, a de que uma lesão orgânica faz cessar a manifestação que lhe corresponde, e que a destruição de uma rede nervosa faz desaparecer uma faculdade, ela, porém, está infinitamente limitada para explicar os fenômenos do espírito. Em razão de semelhante situação, não podemos afastar a verdade da influência de ordem espiritual e invisível no cérebro.

O cérebro é o meio que expressa a inteligência no mundo material. Por isso, a maioria dos estudiosos da mente humana faz da inteligência um atributo do cérebro. Há uma diferenciação significativa entre a pesquisa acadêmica com viés, nitidamente mecanicista, e a ciência espírita, pois, enquanto a ciência humana faz do cérebro o excretor da inteligência, a ciência espírita faz do cérebro um instrumento do espírito, que é o ser inteligente individualizado. O cérebro assemelha-se a complicado laboratório "onde o espírito, prodigioso alquimista, efetua inimagináveis associações atômicas e moleculares, necessárias às exteriorizações inteligentes."(6)

Nervos, zona motora e lobos frontais, no corpo carnal, traduzindo impulsividade, experiência e noções superiores da alma, constituem campos de fixação da mente encarnada ou desencarnada. "Para que nossa mente prossiga na direção do alto, é indispensável se equilibre, valendo-se das conquistas passadas, para orientar os serviços presentes, e amparando-se, ao mesmo tempo, na esperança que flui, cristalina e bela, da fonte superior de idealismo elevado; através dessa fonte, ela pode captar, do plano divino, as energias restauradoras, assim construindo o futuro santificante."(7)

“Os órgãos são os instrumentos da manifestação das faculdades da alma, manifestação que se acha subordinada ao desenvolvimento e ao grau de perfeição dos órgãos, como a excelência de um trabalho o está à da ferramenta própria à sua execução.”(8) “Encarnado, traz o Espírito certas predisposições e, se se admitir que a cada uma corresponda no cérebro um órgão, o desenvolvimento desses órgãos será efeito e não causa. Se nos órgãos estivesse o princípio das faculdades, o homem seria máquina sem livre-arbítrio e sem a responsabilidade de seus atos”.(9) Percebe-se pelas instruções dos espíritos que a causa dos impulsos cerebrais que levam o indivíduo a realizar um ato ou pensamento reside no espírito. O perispírito, em interação com o cérebro e o sistema nervoso, é responsável pela “ponte” entre o princípio inteligente do universo, essência da vida, e a sua manifestação no mundo material, o corpo físico.

O Codificador busca dos Espíritos a justificação da relação entre os órgãos cerebrais e as faculdades morais e intelectuais (do Espírito), e deles recebe esta magnífica explicação: "Não confundais o efeito com a causa. O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades, e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos".(10) 

Quando forem descobertas tecnologias muito mais sofisticadas, que nos possibilitem um exame aprofundado da estrutura funcional do perispírito, a medicina transformar-se-á radicalmente. Os hospitais, possuindo instrumentos de altíssima resolução, muito além daqueles que existem hoje, os diagnósticos serão, inequivocamente, precisos, o que possibilitará a cura real das doenças. Os profissionais da saúde trabalharão muito mais de forma preventiva, evitando, assim, por exemplo, as intervenções cirúrgicas alargadas, invasivas, realizadas, abusivamente, nos dias de hoje. Os médicos terão oportunidade de conhecer, com detalhes, a estrutura transdimensional do corpo perispiritual, compreendendo melhor o modo como se imbricam as complexas estruturas do psicossoma, nas chamadas sinergias, para melhor auxiliar na terapia e manutenção da saúde mento-física-espiritual de seus pacientes.





A convicção religiosa é importante, mas, se elegemos a Doutrina Espírita, como base de prática mediúnica, por exemplo, “não podemos negar-lhe fidelidade.”(1) Por isso é importante  preservar a fidedignidade a Kardec nas funções educativas da mediunidade. Cremos que “só a Doutrina Espírita permite-nos o livre exame, com o sentimento livre de compressões dogmáticas, para que a fé contemple a razão, face a face”.(2)

    Considerando outros credos religiosos , sabemos que, se as religiões "preparam" as almas para punições e recompensas no além-túmulo, só os conceitos espíritas elucidam que todos colheremos conforme a plantação que tenhamos lançado à vida, sem qualquer privilégio na Justiça Maior.  A Doutrina dos Espíritos, codificada pelo mestre de Lyon,  nos oferece a chave precisa para a verdadeira interpretação do Evangelho e da mediunidade, por representar em si mesmo a liberdade e o entendimento.

    Estranhamente conhecemos confrades que afirmam ser o Espiritismo obrigado a misturar-se com todas as fantasias aventureiras de outros credos e com todos os exotismos religiosos, sob pena de fugir aos impositivos da fraternidade que veicula. Isso é falácia! É mister acautelar-nos sobre esse sedutor ecletismo, “buscando dignificar a Doutrina que nos consola e liberta, vigiando-lhe a pureza e a simplicidade para que não colaboremos, sub-repticiamente, nos vícios da ignorância e nos crimes do pensamento.”(3)

    O legado da tolerância cristã não nos exime da necessária advertência verbal ante às enxertias conceituais e práticas anômalas que alguns confrades intentam impor nas hostes kardecianas. Não obstante repelir as atitudes extremas,  não podemos prescindir da vigilância exigida pela beleza dos postulados espíritas  e não hesitemos, quando a situação se impõe, no alerta sobre a fidelidade que devemos a Kardec e a Jesus.

    Importa não esquecermos que nas mínimas concessões descaracterizamos o projeto da Espiritualidade. É óbvio que o esforço pela fidelidade doutrinária sem vivê-la é consolidar focos de confusão, impondo normas para os outros, despreocupados da própria vigília. Desta forma, para evitarmos determinadas práticas perfeitamente dispensáveis em nome do Espiritismo, entendamos que prática de fidelidade aos preceitos espíritas é processo de aprendizagem com responsabilidade nas bases da dignidade cristã, sem quaisquer resquícios de fanatismo, tendente a impossibilitar discussão sadia em torno de questões polêmicas. Não esqueçamos, entretanto,  que médium espírita-cristão deve ser o nosso caráter, ainda mesmo nos sintamos em reajuste, depois da queda. Médium espírita-cristão deve ser a nossa conduta, ainda mesmo que estejamos em duras experiências. Médium espírita-cristão deve ser a  marca  do nosso ser, ainda mesmo respiremos em aflitivos combates conosco mesmo.

    Assumir compromissos, em qualquer área de ação dos arraiais espíritas, constitui possibilidade de engrandecimento espiritual, se compreendermos o caráter divino do Consolador Prometido. Lamentavelmente, contudo, no movimento espírita ainda existe enorme percentagem de confrades  desinformados,  relativamente à grandeza da Doutrina Espírita. Grande número de médiuns procura prazeres envenenados ante os apelos sedutores da vida terrena nesse particular. Os que se identificam, contudo, na perseguição à ilusão arrasadora vivem ainda distantes das legítimas noções de responsabilidade e devem ser colocados à margem de qualquer apreciação. Até porque os conceitos doutrinários não falam aos espíritos (infantilizados), embriões da espiritualidade, mas às inteligências e corações que já se mostram suscetíveis de receber-lhes a lição.

    Os médiuns, admitidos nos grupos espíritas, precisam compreender a complexidade e excelsitude do trabalho que lhes assiste. É compreensível que se interessem pelo mundo, pelos acontecimentos do dia a dia, todavia, é imprescindível não perder de vista que o compromisso no lar e junto ao centro espírita que frequenta é de grave responsabilidade, onde se deve atender aos desígnios divinos, no tocante aos serviços mais importantes que lhes foram conferidos.

    Receber encargos na mediunidade é alcançar nobres títulos de confiança. Por isso, educar e exercitar os atributos psíquicos e aperfeiçoá-los não é serviço do menor esforço. Muitos  médiuns vivem desviados, através de vários modos, seja nos comportamentos místicos ou na demasia de exigência fenomênica. Todavia, à luz do Ensinamento do Cristo, caminharão todos no rumo da era do espírito, compreendendo que, se para ser médium  são necessários profundos exercícios de disciplinas, à frente dessas qualidades deve brilhar o necessário esforço do equilíbrio.

    “Doutrina Espírita quer dizer Doutrina do Cristo. E a Doutrina do Cristo é a doutrina do aperfeiçoamento moral em todos os mundos. Guardemo-la, pois, na existência, como sendo a nossa responsabilidade mais alta, porque dia virá em que seremos naturalmente convidados a prestar-lhe contas.”(4) 





O que é solidariedade? Para os egoístas a palavra reverbera perturbadora. Incomoda porque o seu verdadeiro significado impõe mobilização de recursos em favor do próximo. Fundamenta-se em valores que não conseguimos quantificar. Mas, o que é ser solidário? É sentir a necessidade íntima de partilhar, é querer ir mais além, é perceber que a alegria de dar é indiscutivelmente superior à de receber; é estender a mão ao próximo sem olhar sua raça, condição gênero, conta bancária. A internalização do sentimento solidário torna-nos efetivamente pessoas melhores.  A solidarização é o “sentimento de identificação com os problemas de outrem, o que leva as pessoas a se ajudarem mutuamente”(1). É uma maneira de assistência moral e espiritual que se concede a alguém, seja por simpatia, piedade ou senso de justiça. No sentido de laço de união fraternal que une as pessoas, pelo fato de serem semelhantes, chamamos de solidariedade humana. É compromisso pelo qual nos sentimos em obrigação umas em relação às outras, ou seja, é a interdependência e a reciprocidade.

Infelizmente vivemos num ambiente social de quimeras postergadas, de sonhos frustrados, de mentes cansadas, numa sociedade de nódoas morais, de “mentes vazias” e atoladas nas futilidades hodiernas, isoladas no cipoal do “ego” enregelado. Vivemos completamente mergulhados na vida egocêntrica, que nos remete irreversivelmente à solidão. O Espírito Emmanuel ressalta que “a técnica avançou da produção econômica em todos os setores, selecionando o algodão e o trigo por intensificar-lhes as colheitas, mas, para os olhos que contemplam a paisagem mundial, jamais se verificou entre os encarnados tamanha escassez de pão e vestuário. Aprimoraram-se as teorias sociais de solidariedade e nunca houve tanta discórdia”(2).

Os males que afligem a Humanidade são resultantes exclusivamente do egoísmo (ausência de solidariedade). A eterna preocupação com o próprio bem-estar é a grande fonte geradora de desatinos e paixões desajustantes. A máxima "Fora da Caridade não há Salvação"(3) é a bandeira da Doutrina Espírita na luta contra o egoísmo. A solidariedade é a caridade em ação, a caridade consciente, responsável, atuante, empreendedora.  Os preceitos espíritas contribuem para o progresso social, deteriora o materialismo, faz com que os homens compreendam onde está seu verdadeiro interesse. O Espiritismo destrói os preconceitos “de seitas, de castas e de raças, ensina aos homens a grande solidariedade que deve uni-los como irmãos”(4). Destarte, segundo os Benfeitores espirituais, “quando o homem praticar a lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade”(5).

A recomendação do Cristo “que vos ameis uns aos outros como eu vos amei”(6) assegura-nos o regime da verdadeira solidariedade e garante a confiança e o entendimento recíproco entre os homens. A solidariedade na vida social é como o ar para o avião.

O avião, apesar de toda tecnologia, se não tiver ar ele não voa. A prática desse sentimento vivifica e fecunda os germens que nele existem, em estado latente, nos corações humanos. A Terra, local de provação e de exílio, será pacificada por esse fogo sagrado e verá exercido na sua superfície a caridade, a humildade, a paciência, o devotamento, a abnegação, a resignação e o sacrifício, virtudes todas filhas do amor e da solidariedade.

É imprescindível darmo-nos, através do suor da colaboração e do esforço espontâneo na solidariedade, para atender, substancialmente, as nossas obrigações primárias, à frente do Cristo(7).

Ante as responsabilidades resultantes da consciência doutrinária, que nos impõe a superar a temática de vulgaridade e imediatismo ante o comportamento humano, em larga maioria, a máxima da solidariedade apresenta-se como roteiro abençoado de uma ação espírita consciente, capaz de esclarecer e edificar os corações, com a força irresistível do exemplo.





Kardec  comenta  na edição de dezembro da Revista Espírita de 1863, sobre as etapas do projeto Espírita na Terra.(1) Cita a primeira etapa como o da curiosidade (mesas girantes), a etapa seguinte o filosófico (com a publicação de O Livro dos Espíritos), a terceira etapa Kardec nominou de “período da luta”. Aqui evocamos o Cristo que disse: "Felizes os que sofrem perseguição por amor à justiça, porque deles é o reino dos céus.”(2) Para alguns estudiosos esse período iniciou em 09 de outubro de 1861, com o Auto-de-fé de Barcelona. Protagonizado por Antonio Palau y Termens,  Bispo de Barcelona à época. Sob a ótica de  Palau,  os 300 volumes a saber: O livro dos espíritos, O livro dos médiuns, O que é o Espiritismo, Revue Spirite, Revue Spiritualiste, dirigida por Piérart, Fragmento de sonata, de Mozart (médium B.-Dorgeval), Carta de um católico sobre o Espiritismo (pelo dr. Grand, vice-cônsul de França), História de Joana d´Arc (médium Ermance Dufaux), A realidade dos espíritos demonstrada pela escrita direta (do Barão de Guldenstubbé) enviados por Kardec a Maurice Lachâtre, escritor e editor francês,  eram contrários à moral e à fé católica, razão pela qual  os volumes foram incinerados em praça pública. 
 O período de luta permaneceu. A 16 de junho de 1875 , Ministério Público francês moveu processo contra Pierre-Gaëtan Leymarie - na qualidade de sucessor de Kardec na gerência da "Sociedade para a continuação das obras espíritas de Allan Kardec" (antiga "Sociedade Anônima do Espiritismo") e da "Revue Spirite" (Leymarie ficou um ano preso e é considerado o primeiro mátir do Espiritismo). Na “Pátria do Evangelho” , durante o Governo Vargas (1941- 1945) foram expedidas portarias do Chefe de Polícia perseguindo às Sociedades Espíritas, inclusive com fichamento dos dirigentes espíritas. A Federação Espírita Brasileira teve suas portas fechadas (o Presidente da FEB – Antonio Wantuil de Freitas – foi interrogado no Ministério da Justiça por um General, um Almirante e o próprio Ministro). Em 1944 a viúva do escritor Humberto de Campos promoveu em Juízo uma ação declaratória contra a FEB e Francisco Cândido Xavier (perdeu em todas as instâncias). 
Segundo Kardec a etapa das lutas determinará uma nova fase do Espiritismo e levará ao quarto período, que será o período religioso. “No Brasil, especialmente, sem prejuízo dos demais aspectos da Doutrina, é inegável a inclinação da imensa maioria dos adeptos pelas consolações que ela proporciona, dando à Fé uma nova dimensão, conciliando-a com a Razão.” (3) É o Cristianismo, como expressão atualizada da Mensagem Eterna do Mestre, revivida no Consolador. Depois virá a quinta, etapa intermediária, conseqüência natural do precedente, e que mais tarde receberá sua denominação característica. O sexto e último período será o da regeneração social, que abrirá a era do espírito. Para o mestre lionês, nessa época, todos os obstáculos à nova ordem de coisas determinadas por Deus para a transformação da Terra terão desaparecido. A geração que surgir estará imbuída de idéias novas, estará em toda sua força e preparará o caminho da que há de inaugurar o triunfo definitivo da união, da paz e da fraternidade entre os homens, confundidos numa mesma crença, pela prática da lei evangélica.  
Mas, Francisco Thiensen, ex-presidente da FEB afirma que o Codificador  apressou-se, por conta própria, em fixar o tempo para cada um dos períodos. Na verdade, estamos agora vivendo o período religioso do Espiritismo, máxima no Brasil, onde, faz mais de cem anos, "os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos", o têm apresentado qual ele é, na sua mensagem cristã e renovadora do espírito humano. Talvez já se avizinhe o período intermediário, que será, como esclarece o Codificador, "conseqüência natural do precedente", e, a nosso ver, deverá levar o homem a um novo passo no conhecimento de si mesmo e do chamado mundo invisível, a evidenciar para materialistas e negativistas empedernidos o princípio fundamental em torno do qual gira o nosso destino: Deus e a imortalidade da alma.”(4) 
Tenhamos bom ânimo! “Que importam as emboscadas que nos  armem pelo caminho! Somente lobos caem em armadilhas para lobos, porquanto o pastor saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladoras. Marchemos, pois, avante, sem desânimos! Diante de nós os grandes batalhões dos incrédulos se dissiparão, como a bruma da manhã aos primeiros raios do Sol nascente.”(5) O Mundo vive um  crucial  momento  de transição. de sofrimentos e de inquietações, atingindo-nos a todos. Em compensação, nas fileiras  espíritas já existe a consciência de que soou a hora da grande arrancada para a Fraternidade, para a Compreensão. 
Ditosos seremos os que houvermos trabalhado no campo do Cristo, com desinteresse, sem mercantilismos doutrinários, sem elitismos  e sem outro móvel, senão a caridade! Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Mestre Jesus, possa se dar por satisfeito ao encontrar respeitada ao limite máximo  a obra do Amor entre os homens.









Vez por outra, discute-se no meio espírita a questão do pagamento de taxa de inscrição para participação em eventos doutrinários. É  tema delicado, que envolve muitas situações particulares e, às vezes, se choca frontalmente com opiniões até apaixonadas de alguns irmãos. Por isso, merece a atenção e a preocupação daqueles que se propõem ao trabalho espírita, mantendo as atividades sob a sua responsabilidade dentro dos parâmetros saudáveis que não são facilmente verbalizáveis numa lista de “permitido/proibido”, mas intuitivamente sentidos por aqueles que buscam agir com equilíbrio e bom-senso.

É imprescindível tenhamos cuidado constante, muita vigilância e apoio na oração, na busca de diretrizes do Alto, a fim de não levarmos o Movimento Espírita a incidir nos mesmos desvios sofridos pelo Movimento Cristão que, vagarosa e imperceptivelmente se tornou uma religião institucionalizada, hierarquizada, na qual o trato com valores monetários passou, da contribuição espontânea para assistência aos mais necessitados, à fixação de taxas disfarçadas sob vários nomes, encaminhadas para a manutenção do profissionalismo, construção de prédios e acumulação de riquezas.

Necessário se faz que nós, que abraçamos a Doutrina Espírita – e que temos a certeza inabalável da sua missão de reviver o Cristianismo na sua pureza, simplicidade e pujança originais – avaliemos as ações que estão na nossa esfera de decisão, com vistas aos reais objetivos do Espiritismo.

     Entre os extremos de dar tudo de graça – inclusive livros – e cobrar entrada ou taxa de inscrição para palestras, simpósios, seminários, há um meio-termo ideal, ditado pelo bom-senso.

Mesmo no tocante ao livro, devemos tomar cuidado para que não se estabeleça uma comercialização exacerbada, em detrimento da qualidade das obras, como, lamentavelmente, já se vê. O produto da venda do livro espírita deve objetivar o ressarcimento dos custos, ou a manutenção de atividade social.  Infelizmente, não é o que se constata em muitos casos, diante do alto preço de obras – algumas de qualidade duvidosa, sob o aspecto doutrinário – que têm sido lançadas no mercado ultimamente, muitas das quais vendidas em livrarias ou centros espíritas, cujos dirigentes, muitas vezes, tentados  pela obtenção de recursos para melhoria de instalações para ou trabalho assistencial, deixam de examiná-las criteriosamente. Não estamos defendendo, com isso, o estabelecimento de um “index”. Só nos move a lembrança de que uma instituição espírita ao divulgar uma obra está – para a maioria das pessoas – dando-lhe aval doutrinário.

O ideal seria que as editoras fossem sociedades civis, dirigidas por conselhos não-remunerados, como acontece nos centros e outras entidades espíritas. Conforme as conveniências, os livros poderiam ser confeccionados em empresas especializadas e as entidades espíritas promoveriam a sua venda a preços capazes de apenas manter as editoras funcionando. Somente os profissionais dessas sociedades seriam assalariados para a prestação de serviços específicos, como existem em muitas entidades espíritas.

Quanto ao pagamento de taxa de inscrição, há pessoas que argumentam não terem as casas espíritas fundos suficientes para cobrir despesas com viagem de expositores, aluguel de auditório, material de trabalho. Daí, argumentam, a necessidade da cobrança de taxa de inscrição.

Será  que não há outros meios de se resolver o problema? Sempre chamamos a atenção de companheiros de ideal, dirigentes de casas espíritas, para o fato de necessitarmos de colaboradores financeiros, a fim conseguir recursos para o pagamento de despesas, como água, luz, telefone, material de limpeza, conservação do imóvel, etc. Há grupos espíritas que têm excesso de escrúpulos no sentido de pedir ao público em geral, levando o ônus financeiro a alguns poucos. Neste particular, lembramos Emmanuel, que aconselhou: “As obras espíritas devem ser mantidas com o pouco de muitos e não o muito de poucos.”

Concordamos que determinados eventos demandam grande movimentação financeira, entretanto cremos que há outros meios, que não sejam o de pura cobrança de taxa de inscrição ou ingresso. São procedimentos mais trabalhosos, mas parece-nos serem mais féis à maneira espírita de agir.

Por exemplo: planeja-se um seminário para algumas centenas de pessoas. Sabemos que há custos: material para estudo, pastas, e, às vezes, aluguel de auditório, serviço de som, etc. Nesse caso, por que não fazer um levantamento prévio dos custos e solicitar a contribuição sigilosa e espontânea daquele que se inscreve, alertando que, se todos pudessem pagar, o custo “per capita” seria tal, mas como nem todos dispõem de recursos, pede-se um pouco mais daqueles que podem doar.

Não se estaria assim evitando uma seleção de participantes com base no poder monetário?  Como ficaria a situação de uma família que, integrada no movimento espírita, não tivesse recursos para pagamento da taxa?

Alguém, num juízo apressado, poderá dizer que não dará certo, vez que as pessoas não estão preparadas para uma contribuição espontânea. Nesse caso, achamos que seria necessário inicialmente um longo trabalho educativo dessa comunidade, a fim de sensibilizá-la para o exercício da fraternidade cristã, o que significaria uma boa base para o posterior aproveitamento de seminários mais teóricos.

Se medidas como essas não derem certo, é porque aquela comunidade espírita ainda não está suficientemente madura para empreendimentos mais amplos. Carece-lhe base. Nesse caso, seria preferível a não-realização do evento. O prejuízo para a divulgação da Doutrina Espírita seria menor. Lembremo-nos de que Paulo divulgava o Cristianismo trabalhando em teares alugados, hospedando-se em casa de irmãos, falando diante de pequenos grupos. A divulgação do Cristianismo foi feita num trabalho de “contaminação” quase que de pessoa para pessoa. Não devemos perder isso de vista. Não desejemos trabalhos de “massificação” no Espiritismo. Divulgação doutrinária e evangelização é outra coisa. Lembremo-nos de que, durante mais de um século, o Espiritismo divulgou-se sem cobrança de inscrições e de ingressos e sem essa comercialização desvairada de livros... E divulgou-se muito, de maneira segura. E quando nos assalte a dúvida, é só olharmos para os imensos patrimônios que os nossos predecessores nos deixaram e imaginarmos como eles conseguiram isso tudo. 




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