utor: Anwar Tapias Lakatt
Fonte: Site “Católico Defiende tu Fe” (
http://www.catolicodefiendetufe.org)
Tradução: Carlos Martins Nabeto
Quando vemos hoje os não-católicos atacarem tanto as imagens sagradas, a seguinte pergunta pode ser feita: será que aqueles que nos atacam têm tanta certeza de que, no início, os autênticos cristãos nunca tiveram imagens? Costuma-se pensar que [os católicos] conhecem tão pouco da História Cristã, que certamente não estudaram que os cristãos primitivos nunca tiveram imagens.
Alguém pode também se atrever a dizer: “E ainda que tivessem, não as adoravam como vocês, católicos, fazem”. Podemos ver um exemplo disto nesta página protestante, que afirma que o problema não é mais o fato de se [poder ou não] criar imagens:
“Deus foi muito claro e específico ao nos proibir de usar estátuas e imagens nas práticas religiosas. Deus não proíbe que façamos uma estátua de um herói nacional para colocá-la na principal rua da cidade. Não é este tipo de estátuas que Deus rejeita, mas Ele expressamente proíbe que estátuas sejam usadas no contexto religioso do culto e da intercessão diante do Deus Altíssimo”.[1]
O que está destacado é o mais interessante. Segundo eles mesmos O Papa não é o Anticristo”, assim garante um Pastor evangélico interpretam Êxodo 20,3, é Deus que proíbe fazer imagens:
“Pois bem: em relação às imagens, embora ninguém goste de saber que foi enganado, é necessário comentar que nós, mexicanos, fomos enganados pelos supostos ‘guias espirituais’ do país. Porque? Bem, porque Deus claramente proíbe em Sua palavra a criação de imagens”.[2]
Mas quando questionados sobre outros tipos de imagens, eles agora se tornam “mais flexíveis”, afirmando que isso não inclui monumentos, pinturas e obras de arte. Assim, passaram a introduzir “esclarecimentos” nas suas argumentações, [esclarecimentos estes] que não se encontram no texto bíblico.
“Um esclarecimento: Devemos ressaltar que esse mandamento não proíbe arte, pintura ou escultura. Proíbe sim o uso de imagens ou objetos religiosos no culto a Deus. É por isso que diz: ‘Não te curvarás diante delas, nem as honrarás’. O mandamento refere-se a qualquer semelhança de coisas que há no céu, na terra ou nas águas sob a terra (…) que são usadas para cultuar a Deus”.[3]
Quando lemos Êxodo 20,4-5, encontramos várias proibições:
“Não farás para ti imagem ou escultura de alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam” (Êxodo 20,4-5).
Enxergamos então três proibições:
Fabricar;
Prostrar;
Prestar culto.
Faz sentido esse argumento protestante forçado? Esse esclarecimento que eles fazem hoje, para permitir monumentos, obras de arte etc., é inferido do texto? Se fosse realmente como eles dizem agora, o texto PERMITIRIA fazer imagens, porém PROIBIRIA prostração e culto – o que dá origem ao [novo] entendimento [protestante] de que Deus permitiu que elas fossem feitas desde que não seja para uso no culto.
Porém, quando passamos para a tradução grega [da Septuaginta], percebemos o seguinte:
“oupoihseiv seautw eidwlon oude pantov omoiwma osa en tw ouranwanw kai osa en th gh katw kai osa en toiv udasin upokatw thv ghv”.[4]
A palavra “kai” é uma conjunção que significa “e”; é um conector entre sentenças que indica aqui que elas não podem ser fabricadas E não se pode prostrar diante delas E não podem ser adoradas. Portanto, Israel não podia fabricar imagens, nem prostrar diante daquelas que já existiam, e nem prestar-lhes culto.
Então, por que o texto também proíbe sua FABRICAÇÃO?
Para um católico, isso não cria nenhum problema, já que o texto original da palavra traduzida por “imagem” é “pesel”, que significa “ídolo”; não emprega “tselem”, que é a palavra usada para “imagem representativa”[5]. Portanto, nós católicos não temos nenhum problema, pois as nossas imagens são representativas e JAMAIS são adoradas. Mas soa diferente para os não-católicos que querem nos culpar: portanto, sendo literal ao extremo como convém, da mesma forma como eles costumam a fazer, o texto de Êxodo 20,4-5 proíbe QUALQUER imagem; o texto não faz nenhuma distinção sobre sua fabricação, dependendo do uso. Tudo ocorre por eles não entenderem que o texto hebraico se refere a “ídolos” e não a “imagens”!
Percebemos que os não-católicos fazem certas exegeses sem analisar a língua hebraica na qual a passagem foi escrita. Ora, até mesmo uma criança de 5 anos pode fazer exegese bíblica!
E fica ainda mais interessante quando eles garantem que os primeiros cristãos, no início, não tinham imagens:
“As Escrituras, claramente, são contrárias ao uso de ídolos e imagens no culto da igreja. A igreja primitiva, a verdadeira igreja, nunca as empregou. Mas quando a ‘apostasia’ chegou e o paganismo e o cristianismo foram misturados, foi feito uso livre e pleno dos velhos ídolos pagãos que a ‘Igreja [Católica]’ herdou”.[6]
Nos deparamos aqui com um caso de total ignorância histórica em relação às imagens. O veneno consiste em misturar maliciosamente a palavra “imagem” e a palavra “ídolo” na mesma frase. A Igreja primitiva, é claro, possuía imagens: isto fazia parte da sua vida cristã; mas, para isso, devemos falar sobre as “catacumbas”.
As catacumbas são antigos cemitérios subterrâneos usados durante algum tempo pelas comunidades cristãs e hebraicas, sobretudo em Roma. As catacumbas cristãs, que são mais numerosas, tiveram seu início no século II e se estendeu até a primeira metade do século V.
Originalmente, eram apenas locais de sepultamento. Os cristãos se reuniam aí para celebrar os ritos funerários e os aniversários dos mártires e falecidos.
Durante as perseguições, serviram excepcionalmente como locais de refúgio momentâneo para a celebração da Eucaristia.
Após o término das perseguições, as catacumbas tornaram-se – especialmente na época do Papa São Dâmaso I (366-384) – verdadeiros santuários para os mártires e centros de devoção e peregrinação de todas as partes do Império Romano[7].
É importante observar que as catacumbas começaram no século II, muito antes da suposta “mistura pagã” que os protestantes pregam, como aquela citação que apresentamos anteriormente. Mas por que os cristãos tiveram que se esconder nas catacumbas?
Desde o princípio, os cristãos foram perseguidos. Inicialmente por judeus – entre estes Paulo, como ele mesmo narra:
“Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judeia estão em Jesus Cristo; porquanto também padecestes de vossos próprios concidadãos o mesmo que os judeus lhes fizeram a eles, os quais também mataram o Senhor Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido; e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens, e nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim” (1Tessalonicenses 2,14-16).
O próprio São Pedro dirá aos cristãos na época das perseguições romanas:
“Amados: não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse” (
1Pedro 4,12).
Com efeito, os cristãos começaram a se refugiar e a se reunir para poder celebrar os Sacramentos nesses lugares. Esses lugares recolhem a Tradição cristã dos dois primeiros séculos sobre o culto das imagens.
Hoje, a tecnologia do “Google Maps”[8] permite que você visite as catacumbas. Cada uma delas pode ser vista com os seus próprios olhos. Este belo presente nos mostra que os cristãos tinham sim imagens nas suas catacumbas!
Desta forma, podemos ver como as imagens eram de fato usadas pelos primeiros cristãos, contrariando o que os não-católicos falsamente ensinam. Saiba assim, caro irmão católico, que as imagens representativas existem na Igreja há milhares de anos!
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NOTAS
[1]
http://www.reydelosreyes.org/artCultoImagenes.htm[2]
http://www.spurgeon.com.mx/segmand.html[3] Idem.
[4]
http://www.studylight.org/isb/bible.cgi?query=ex+20:4-5§ion=0&it=kjv&oq=Gen%252015:2&ot=lxx&nt=tr&new=1&nb=ge&ng=15&ncc=15[5] Para saber mais, veja “¿Las citas de la supuesta idolatría” (em espanhol), em
http://www.catolicosfirmesensufe.org/las-citas-de-la-supuesta-idolatra[6]
http://www.casadeoracioncr.com/tratado/515[7]
http://www.primeroscristianos.com/catacumbas/catacumbas_1.html[8] P.ex., as Catacumbas de Santa Priscila, em
https://www.google.com/maps/@41.9293053,12.5090837,2a,75y,109.84h,90t/data=!3m6!1e1!3m4!1ssfiLnF1scbgAAAQJOCH0Sw!2e0!7i13312!8i6656 [N.doT.].