EQUITUMANS - Há 32.000 anos – trezentos e vinte séculos atrás –, uma frota de naves extraplanetárias pousou na Terra, e dela desembarcaram homens e mulheres, duas ou três vezes maiores do que o tamanho médio do Homem atual. Sua missão era a de preparar o planeta para futuras civilizações. Para isso, mudaram a topografia e a fauna, trouxeram técnicas de aproveitamento dos metais, além de outras coisas essenciais para aquele período e os que se seguiram. Chamavam-se Equitumans, e seu domínio do planeta durou 2.000 anos. Depois disso, o núcleo central desses missionários foi destruído por uma estranha catástrofe, e a região em que viviam se transformou no que hoje se chama Lago Titicaca. Em nosso livro “2.000 – Conjunção de Dois Planos”, os Equitumans são descritos com mais detalhes.
TUMUCHYS - Depois disso – de 30 a 25 mil anos – existiram outros missionários, que se chamaram Tumuchys. Esses eram predominantemente cientistas, que estabeleceram avançada tecnologia, cujo principal objetivo era a captação de energias planetárias e extraplanetárias. Foram esses cientistas que construíram as pirâmides, ainda existentes em várias partes da Terra, incluindo as do Egito. Esses e outros monumentos megalíticos foram construídos de acordo com um planejamento para todo o planeta. Posteriormente, esses gigantescos edifícios foram utilizados pelos povos que vieram depois, com outras finalidades. E os métodos científicos se transformaram em tabus e religiões. Mas, a energia armazenada até hoje se conserva, preenchendo os propósitos a que foi destinada.
JAGUARES - Depois dos Tumuchys – entre 25 e 15 mil anos atrás – vieram os Jaguares. Estes foram os manipuladores das forças sociais que estabeleceram as bases dos povos e nações. Mais numerosos que os Equitumans e os Tumuchys, eles deixaram suas marcas em todos os povos, e é por isso que a figura desse felino aparece em tantos monumentos antigos. Aos poucos, esses espíritos foram deixando para trás essas identificações, e foram nascendo em meio aos povos e nações que eles haviam ajudado a criar.
A partir daí, podemos entrar na História e identificar, razoavelmente, as civilizações que se seguiram até nossa época. Nomes como chineses, caldeus, assírios, persas, hititas, fenícios, dórios, incas, astecas, gregos, etc. já nos são familiares pela História. Nessas raças e povos, através de milhares de anos, esses experimentados espíritos acabavam, sempre, ocupando posições de mando e se destacavam como reis, nobres, ditadores, cientistas, artistas e políticos.
Nessa movimentação gigantesca, no tempo e no espaço, podemos traçar as origens mais próximas dos espíritos que, hoje, fazem parte da missão chamada Vale do Amanhecer, a partir dos hititas, depois os jônios e os dórios. Mais tarde, vamos encontrá-los em Esparta, Atenas, Egito e Roma. Principalmente em Esparta e na Macedônia, teve início o percurso que se poderia chamar a “Era Moderna” dos Jaguares. A partir dessa origem, os destinos dos Jaguares foram convergindo para a Era de Peixes, para o nascimento de Jesus. Aqueles que eram da falange do Jaguar, que no século XVI tomou o nome de Seta Branca, fizeram seu juramento e iniciaram sua nova fase, agora sob a bandeira de Jesus e sua Lei do Perdão. Jesus inaugurou a fase de redenção kármica do Sistema Crístico, chamada Escola do Caminho, e, desde então, esse grupo de Jaguares passou a agir de acordo com ela. Assim, no decorrer desses quase vinte séculos, os ciclos civilizatórios têm sido orientados no sentido da redenção, do ressarcimento e do retorno dos espíritos para sua origem, a caminho de Deus.
A partir dessa ideia, as guerras, as catástrofes e os desenganos passaram a ter um sentido, uma razão de ser, servindo como escola e liça de treinamento para os espíritos, individualmente. Com Jesus nasceu a abertura para a individualidade, onde, antes, só havia caminho para a personalidade. Na Escola do Caminho, o artista é mais importante que o personagem que ele representa.
Isso explica porque a visão do mundo só é válida em termos do indivíduo, e não de acordo com padrões condicionadores. As encarnações são como papéis, em peças previamente escritas e ensaiadas. Cada artista tem seu papel e seu desempenho: pode melhorar ou piorar a cena. A peça torna-se boa ou má, de acordo com o conjunto do desempenho. E, como no teatro, também o público tem o seu papel, pois não se concebe representação sem público. Cada peça tem sua mensagem, e o artista é considerado bom ou não, de acordo com sua capacidade de contribuir para que ela seja perfeita. Assim, dentre as muitas peças apresentadas no palco da vida, nesses 2.000 anos, surgiu a estória da escravidão e o nascimento da didática dos “Pretos Velhos”.
Os Jaguares da falange que hoje compõem o movimento do Vale do Amanhecer, são espíritos evoluídos, que já ocuparam personalidades importantes entre os Equitumans, Tumuchys e Jaguares. Na sua maioria, foram líderes nas ciências, nas artes, nas guerras e na direção dos povos e nações. Isso os tornara orgulhosos e soberbos, e, como consequência, eles haviam se endividado muito. Surgida a Era de Jesus, teriam que passar pelo crivo da Humildade, da Tolerância e do Amor, como, aliás, todos os espíritos que iriam compor a humanidade desses dois milênios. Mas, para eles, habituados às lideranças, seu papel teria que ser de destaque.
E assim aconteceu... Portugal dominava os mares, nos séculos XV e XVI. Seus navios singravam as águas dos continentes, e iam deixando colônias onde acostavam. Dessas colônias, em países considerados exóticos pelos europeus, iam para a Europa as mercadorias especiais, as “especiarias”. Com essas mercadorias vieram, também, os escravos. Os europeus estavam habituados, desde tempos remotos, com a ideia da escravidão de prisioneiros de guerra ou devedores de dinheiro. A ideia do escravo pela simples escravização existia, nessa época, mais na África e no Oriente. Com a vinda dos primeiros escravos negros importados, nasceu sua comercialização, que se tornou importante na Era dos Descobrimentos. No decorrer dos anos, a escravidão se tornou uma instituição, um hábito normal de vida, aceito, inclusive, pelas religiões. Assim era quando o Brasil foi descoberto. Pouco depois do descobrimento, já começaram a vir os primeiros escravos para a lavoura de cana de açúcar. Esse comércio durou até 1888.
Para a História, a escravidão ficou registrada como apenas um episódio, às vezes chamado de “mancha negra da História do Brasil” ou como resultante dos fatos econômicos da época. Para o plano espiritual, a escravidão foi, na realidade, o movimento redentor, a grande prova dos espíritos missionários, dos endividados, dos orgulhosos, pois tinha o mais profundo sentido iniciático: a morte, a eliminação da personalidade, com isso obrigando a emersão da individualidade.
Como no teatro, em que, às vezes, o artista sobrepõe-se ao personagem, certo número de escravos lançou as bases da etapa final da Escola do Caminho, criando raízes na religiosidade brasileira.
Dentre esses escravos estavam um sem número de Jaguares que, por sua vez, haviam sido Equitumans e Tumuchys. Dois velhos líderes se destacaram, dois espíritos excelsos que, na qualidade de missionários, se submeteram à difícil prova, duas individualidades que representaram os personagens Pai Zé Pedro e Pai João. Nos 372 anos que durou a escravidão no Brasil, eles foram escravos em duas encarnações.
A escravidão tinha o mais profundo sentido iniciático: a morte, a eliminação da PERSONALIDADE e o consequente nascimento, ainda na Terra, da INDIVIDUALIDADE. A pessoa humana perdia sua identidade ao ser escravizada, ou já nascia sem ela, se nascesse filha de escravo. A consequência doutrinária desse fato é de grande importância: não podendo impor as exigências do corpo e da alma, o escravo era praticamente obrigado a ceder às exigências de seu espírito. Daí nascerem as práticas mediúnicas entre os escravos no Brasil.
Numa primeira encarnação, Pai Zé Pedro e Pai João eram escravos vindos da África. Como bons missionários, foram os primeiros a sentir na carne os rigores da dolorosa experiência encarnatória. Ao envelhecer e serem considerados pelos seus senhores como inúteis, ele, aproveitando a nostalgia natural dos seus companheiros de escravidão, criaram a prática dos “encantos”. Esses tradicionais espíritos de grandes chefes, agora reduzidos às figuras de míseros escravos, tinham, também, pertencido a civilizações em que praticamente não se utilizara a escrita no cotidiano. As ordens eram transmitidas e recebidas pelo som, pelo comando da voz, pelas senhas secretas, pela magia vibratória. Suas memórias estavam treinadas, nesses milhares de anos, pela gravação dos fatos narrados, cantados, expressos pelo som. Quando o som não se tornava possível, a comunicação era pelo gesto, pela mímica. E assim os escravos se comunicavam, davam vazão aos anseios de seus espíritos, pelo gesto, pela dança, pelos cânticos e pelos gemidos... O instrumento mais simples e mais prático foi o ATABAQUE. Pai João sentava-se em um toco e tocava seu atabaque. Seu som cadenciado ia formando os MANTRAS, que se espalhavam misteriosamente nas florestas e nas almas dos homens. E assim, lentamente, através do enredo dramático, num palco privilegiado adrede preparado, chamado Brasil, foram nascendo os chamados cultos afro-brasileiros.
Como espíritos veteranos deste planeta e integrantes da missão do Cristo Jesus, Pai João e Pai Zé Pedro eram possuidores da necessária bagagem mediúnica e iniciática que lhes facilitava a tarefa. Embora pertencentes a fazendas distantes uma da outra, eles se transportavam e conversavam entre si. Pai João, mais habituado que Pai Zé Pedro aos reinados e comandos, era o executivo. Pai Zé Pedro, mais místico, executava a Magia. E foram acontecendo coisas extraordinárias nas relações dos escravos com seus senhores.
A História do Brasil está cheia de lances emocionantes que envolveram não só os escravos como, também, os brancos. É preciso lembrar que nem todos os espíritos a serem redimidos haviam nascido como escravos. Todos, porém, tinham uma parte no enredo, todos participavam, de uma forma ou de outra, do gigantesco drama kármico. Enquanto isso, as práticas de Magia, os cultos misteriosos e mediúnicos, iam se desenvolvendo entre os escravos, em muitos aspectos envolvendo, também, os brancos senhores. Sob a orientação dos Mentores e a execução de espíritos missionários encarnados, surgiram as práticas religiosas miscigenadoras.
Mais tarde, Pai João e Pai Zé Pedro voltaram em novas encarnações, ainda como escravos, mas, desta vez, nascidos na Índia. A partir desse retorno as práticas foram evoluindo, agora com o lastro místico da Índia e do Tibete. Nasceu a mediunidade iniciática e, com ela, a passagem de espíritos sofredores, a redenção mediúnica.
Os cultos foram se misturando e fazendo parte de uma sociedade brasileira ainda incipiente. Na Europa, nascia o Espiritismo de Kardec e as práticas se misturavam com o catolicismo oficial. Essa é a razão da dificuldade na separação das raízes dos cultos no Brasil. Os historiadores nunca vão encontrar uma linha pura e com sua origem determinada. Mas, no mundo espiritual, os planos prosseguiram com naturalidade, objetivamente. Enquanto os conflitos sociais agitavam a superfície dos males da alma e do corpo, o espírito prosseguia tranquilo nas suas tarefas de reajustes.
Nesse período surgiu o episódio das Princesas de Mãe Yara. Havia sete espíritos de mulheres que haviam participado ativamente de muitas encarnações dos Jaguares. Numa dessas encarnações, elas haviam morado na mesma cidade de Pompéia.
Essa cidade do império romano tinha sido um balneário, cidade recreio dos ricos romanos e, no período de decadência, se transformado em uma cidade cheia de vícios.
Um dia, houve uma erupção de um vulcão, o Vesúvio, e Pompéia ficou coberta de cinzas. As sete moças morreram nessa tragédia e seus espíritos permaneceram no recolhimento e na revolta. Depois disso, elas encarnaram várias vezes, até atingir a evolução. Mas, elas conservavam, ainda, os resíduos de seus compromissos, assumidos na vida leviana que haviam tido anteriormente. Com isso, elas foram incluídas no plano redentor da escravidão. Seis delas nasceram como filhas de escravos e uma numa família de colonizadores portugueses. Embora não se conhecessem, pois viviam em fazendas diferentes, elas tinham um traço em comum: não se adaptavam, não aceitavam a sua condição de crioulas escravas. A sétima moça, aquela que havia nascido como branca, também era inconformada com a vida daquele Brasil Colônia e, sempre que podia, procurava a senzala, para conviver com as escravas.
Uma a uma, as crioulas foram fugindo de suas senzalas e, orientadas pelo plano espiritual, foram se encontrando numa determinada região. Nesse lugar havia uma cachoeira que escondia um ponto da floresta de difícil acesso, e lá elas estabeleceram seu lar.
Pai João e Pai Zé Pedro, com o conhecimento da missão reservada para aqueles espíritos missionários, encobriam, com suas astúcias de velhos escravos, a escalada das crioulas. A branca e loura sinhazinha, estimulada pelos velhos laços espirituais, também buscou a companhia das crioulas.
Certo dia, ela apareceu num barco e trouxe consigo uma enorme bagagem de objetos e alimentos. E, assim, a falange ficou completa. A região da cachoeira das crioulas passou a ser um local de encontro de escravos e escravas, que buscavam o lenitivo para sua vida de dores e sofrimentos. Os pretos velhos montavam guarda e usavam todo seu conhecimento da Magia para que os planos tivessem prosseguimento. Os atabaques percutiam nas noites de lua cheia e os escravos dançavam e cantavam.
Aos poucos, a energia extra-etérica foi se juntando com a força mediúnica e as bases da futura religiosidade foram se firmando. A Magia dos pretos velhos produzia os fenômenos de contato entre os planos. Usando seus conhecimentos das ervas e das resinas, os velhos escravos materializavam espíritos e faziam profecias dos acontecimentos. A cachoeira das crioulas passou a ser um ponto de irradiação de forças espirituais.
Tanto os espíritos encarnados como os desencarnados iam se impregnando da Doutrina e formando falanges de futuros trabalhadores na seara do Cristo.
Enquanto na parte litorânea do Brasil Colônia surgia uma religiosidade nova, calcada nas tradições dos Pretos Velhos e dos Caboclos, no interior e no oeste brasileiro, ainda não penetrados pelos brancos, havia acontecimentos semelhantes, mas de uma ordem diferente. Ali, as tribos nômades, em guerras permanentes, percorriam as florestas repletas de energias deixadas pelas antigas civilizações desta parte do mundo, das vanguardas dos Tumuchys e dos Jaguares de milhares de anos anteriores.
Usinas de forças cósmicas e extra-etéricas, desativadas e cobertas pela vegetação bravia, eram e são veneradas pelos índios como lugares sagrados. Bem para o oeste, nas fronteiras então inexistentes com a América hispânica, nos contrafortes dos Andes, havia um poderoso cacique, cujo exército era composto por cerca de 800 guerreiros. Nesse tempo, enquanto os portugueses, franceses e holandeses disputavam a conquista do litoral leste da América do Sul, os espanhóis penetravam ao sul e ao norte, em direção ao centro-oeste. Munidos de armas de fogo e de cavalos, sedentos de ouro e pedras preciosas, esses guerreiros desembarcados foram conquistando os territórios andinos e derrotando os Incas desprevenidos. Numa dessas batalhas desiguais, uma tribo Inca, sentindo-se ameaçada de extermínio, pediu ajuda ao poderoso cacique da floresta. Este, com seus 800 guerreiros, atendeu ao apelo e foi enfrentar os espanhóis. Poucos da tribo o sabiam, mas o grande cacique, como Pai João e Pai Zé Pedro, era o espírito reencarnado de um grande mestre planetário, que já havia sido um Jaguar, um espartano, um faraó e, já na Idade Média europeia, o espírito que se chamou Francisco, canonizado pela Igreja Católica como São Francisco de Assis.
Sua missão, no comando da tribo de guerreiros, era a de levar aqueles velhos espartanos à evolução. Enquanto esses sofriam as agruras do índio nômade, outros passavam pelo crivo doloroso da escravidão negra. Mas, tanto num lado como no noutro, havia muitos dos espíritos dos velhos Equitumans, dos Tumuchys e dos Jaguares, que haviam prestado seu juramento ao Mestre Jesus dois mil anos antes.
O grande cacique enfrentou os espanhóis com muita diplomacia, evitou o derramamento de sangue, sem deixar de salvar aquela tribo Inca e, por esse feito, acrescentado à sua atuação humanitária, ganhou o nome de Cacique Seta Branca. E, assim, os episódios de verdadeiro heroísmo espiritual foram sucedendo de um lado e de outro.
Do Brasil Colônia ao Brasil Império, no litoral escravocrata e no oeste selvagem, o Sistema Crístico foi sendo implantado, com rotulagem diferente, mas igual no seu cerne, preparando o advento do próximo milênio. É preciso se ter em conta esses fatos e muitos outros, impossíveis de serem relatados aqui, para se entender o fenômeno “Vale do Amanhecer”.
A partir da Segunda metade do Século XIX, os velhos Equitumans e Espartanos começaram a se reunir no Brasil ainda imperial, mas já independente. O local escolhido foi um ponto do território brasileiro, no sul da Bahia, composto de duas enormes fazendas e um arraial, chamado Angical. Para lá convergiam escravos recém libertos, políticos exilados da Corte, aventureiros e pessoas em busca de riqueza fácil, longe dos olhos administrativos da Corte. O ponto focal desse encontro era uma velha casa de fazenda, chefiada por uma ex-escrava chamada Matildes, conhecida por nós como o “Congá de Mãe Tildes”. Essa foi a última encarnação da maioria dos espíritos, antes da atual, que compõe a falange dos Jaguares de Pai Seta Branca.
Essa falange é composta por cerca de 30.000 espíritos, identificados através dos milênios com as mesmas tendências e, atualmente, absolutamente integrados no Sistema Crístico. Alguns desses espíritos já se redimiram na Lei Kármica, e estão no comando da missão, junto ao Pai Seta Branca, o responsável por ela. Outros estão encarnados, ainda na fase de redenção kármica, e cumprem sua missão no Vale do Amanhecer. Outros ainda estão para chegar, aguardando sua vez nos planos etéricos.
Mário Sassi (in memorian)
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